Impostos e tarifas deixam mercado de celulares incerto, avaliam vendedores

Lojas elaboram estratégias para manter lucro e atrair consumidores

Maycon Marte
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O mercado de celulares enfrenta momentos de instabilidade, segundo vendedores, devido ao aumento de impostos brasileiros e a guerra comercial dos Estado Unidos, com tarifas sobre produtos brasileiros e de outros países. Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apontam um recuo médio de 2,95% no cálculo da inflação registrada sobre aparelhos eletrônicos em julho deste ano, no Pará. Apesar do número mais recente, empresários do setor relatam dificuldades nos lucros, com um aumento superior a 100% em alguns aparelhos, por isso, em alguns casos desistem de empreender. Na capital, lojas traçam estratégias para driblar preços, atrair os consumidores e preservar margem de lucro.

Para representantes desse segmento, a alta cobrança de impostos sobre os aparelhos é um dos principais obstáculos para que esse ainda seja um mercado atrativo. O empreendedor paraense Caleb Silva, que trabalha principalmente com smartphones e demais eletrônicos americanos, explica que a mudança aconteceu nos últimos dois anos, na gestão do atual presidente Luís Inácio Lula da Silva. Segundo ele, houve um aumento expressivo de impostos sobre produtos importados, entre outras taxas que tornaram a mercadoria muito cara, o que prejudicou os lucros.

Esse cenário influenciou a sua saída gradual deste mercado. Agora, o empreendedor restringiu as vendas atuais apenas ao estoque remanescente e não pretende continuar a investir no segmento. No entanto, reforça que a decisão foi facilitada por ele não depender exclusivamente da venda de eletrônicos.

Empreendedor inaugura loja

Em um movimento oposto, o gestor de processos e empreendedor Tiago Viana, inaugurou uma loja focada na venda eletrônicos há menos de dois meses em meio a turbulência do setor. Ele também tem como principal produto, aparelhos americanos e afirma que antes dos conflitos geopolíticos entre os países e a elevação de impostos, os celulares eram mais acessíveis.

“Por exemplo, o iPhone 15, mesmo com impostos e frete, podia ser comprado por cerca de R$1.800 a R$2.000, dependendo do modelo. Hoje, esse mesmo aparelho pode sair por R$3.000 a R$4.000, o que impacta diretamente na margem de lucro de quem revende”, explica Viana.

Os valores a que ele se refere são os da compra no processo de importação, antes da precificação final, com os adicionais de frete, impostos e a margem de lucro. Os preços atuais descritos pelo empreendedor representam um aumento de aproximadamente 122% quando comparados com a média anterior. O seu plano inicial era concentrar as importações dos EUA, mas, por todo o contexto descrito, preferiu diversificar o mercado.

A sua principal saída foi adquirir a mercadoria de estados das regiões Sul e Sudeste do país, que por fazerem fronteira com países como Paraguai e Argentina, conseguem oferecer preços mais atraentes. Mas, segundo ele, isso ainda não resolve o problema por completo, pois os “valores continuam elevados para o consumidor final, o que exige bastante estratégia na hora de precificar”.

Veja média de preço

Um dos modelos de celular mais procurados na sua loja custava em média R$ 1.300 em plataformas de compra internacional, já com o frete incluso, e passou para R$ 2.600 com os mesmos custos. No entanto, ele explica que o mesmo produto, quando comprado através de fornecedores que trazem de países vizinhos, custa em média R$ 2.200, com o adicional do frete. “Isso torna a operação mais viável, porque permite ao revendedor trabalhar com uma margem de lucro melhor e oferecer um preço mais competitivo”, reforça.

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Estratégia

Uma das lojas de varejo nacional adotou estratégias para driblar os preços mais altos do mercado e manter a venda dos aparelhos, que, segundo Daniela Silva, gerente de vendas em uma das unidades de Belém, representa boa parte das vendas. A venda dos com descontos mais competitivos no mercado, a facilitação de crédito e a possibilidade de incluir descontos com planos adicionais são algumas das principais medidas nesse cenário.

“Por ser multinacional, a gente acaba elaborando estratégias, como, por exemplo, a nossa quarta da telefonia que é o dia específico onde a gente lança alguns descontos também nos produtos, principalmente no iPhone que é o queridinho de toda essa moçada. Então, a gente tem essa estratégia relacionada às vendas, onde conseguimos agregar alguns descontos extras”, explica Silva.

Outra vantagem da varejista é quanto a abertura de negociação direta com os fornecedores dos aparelhos. Nesse caso, as principais marcas de celulares do país tendem a fornecer remessas inteiras de aparelhos, distribuídas em diferentes unidades por todo o país. Isso facilita para que os eletrônicos sejam adquiridos a preços menos para revenda e farante ofertas mais competitivas no valor final do produto em loja.

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