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Autoembargo sobre carne bovina causa prejuízo de mais de 2,6 bilhões de reais para o Brasil

Perdas com suspensão temporária das exportações devem ser recuperadas rapidamente, segundo Aliança Paraense pela Carne

Fabrício Queiroz
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A suspensão temporária das exportações de produtos bovinos para a China deve levar a perdas de US$ 500 milhões (mais de 2,6 bilhões de reais) para a balança comercial brasileira. A estimativa foi divulgada por Francisco Victer, presidente da Aliança Paraense pela Carne, em entrevista ao Grupo Liberal e tem como base em cálculos da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), considerando que a interrupção dure até um mês.

“Nós imaginamos, como tem sido veiculado, que pode-se chegar a uma perda de [US$] 500 milhões com essa interrupção. Ela é repartida uma parte pelo produtor, outra parte pela indústria e no conjunto com as demais industrias devido a oferta que se gera no mercado interno”, esclarece Victer.

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Assim como outros representantes do setor produtivo que se pronunciaram publicamente desde a confirmação de que um animal do estado testou positivo para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecido como mal da vaca louca, ele acredita que o resultado da contraprova realizada no Canadá deve ser divulgada em meados de março. Com isso, ainda que haja um impacto econômico no momento, ele tende a ser recuperado após o retorno das negociações.

“Com uma suspensão em um período menor, essa carne ficará estocada. Quando a China restabelecer a importação, essa carne será despachada. Então, aquilo se perde agora vai se recuperar lá na frente porque a China não compra e imediatamente coloca para o mercado consumidor. O que vai acontecer é esse descompasso nos estoques. Vai aumentar o estoque aqui e diminuir o estoque de lá. Quando voltar, se reequilibra os nossos estoques”, explica.

Segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o Brasil exportou 2,34 milhões de toneladas de carne e obteve uma receita de US$ 13,09 bilhões em 2022. Desse total, 60,9% teve como destino a China. Apesar da grande participação desse mercado para o país, Francisco Victer diz que não há relação direta e imediata entre a interrupção das exportações para a China e o abastecimento para o consumidor brasileiro.

As razões para isso são diversas e incluem o fato de que o chamado Boi China é um animal com cerca de 30 meses, abatido de maneira diferenciada e embalado em condições determinadas por protocolos bilaterais. Além disso, as indústrias que atendem a esse mercado representam apenas uma parcela do total de empreendimentos. No Brasil, seriam cerca de 16 industrias em um universo de 400. Já no Pará, das 20 industrias com inspeção federal, somente três exportam para esse destino.

“O Brasil, e muito mais o Pará, exporta o excedente da produção. Não se tira parte da carne do brasileiro para exportar para a China. Atende-se ao mercado interno, de acordo com a demanda e a oferta; o que se produz a mais é exportado”, acrescenta Victer, ressaltando que, diante dessa realidade, não se espera que haja variações significativas no preço da carne ao consumidor final.

Já o economista Genardo Oliveira discorda e considera que pode haver aumento em outros segmentos. “Temos que considerar um efeito escalável para o segmento de criação de outras carnes vermelhas, como é o caso da carne suína que provavelmente irá aumentar e tomará esta parcela exportada como substituta da carne bovina super ofertada internamente”, pontua ele, que destaca ainda os pecuaristas devem perceber elevações nos seus custos de produção, bem como na dinâmica do setor.

“Os insumos, certificações, licenças e custos que seguem os protocolos para a exportação são caros. A cadeia econômica circular do agronegócio afeta internamente outros setores interligados. Isso gera crise no segmentos dependentes dos pecuaristas, pois os setores da carne vermelha em geral na venda/compra de espécies estagna temporariamente, levando junto a redução de compras de matrizes genéticas no cenário nacional”, analisa.

Por sua vez, Francisco Victer reforça que no momento o principal temor está relacionado ao aumento dos custos e um eventual impacto sobre os preços da arroba do boi. “Estamos na fase da maior oferta e baixo preço. Essa é uma grande preocupação porque além do ciclo mostrar que nós temos ofertas, escalas alongadas e um preço menor, essa ocorrência empurra o preço do boi para baixo, o que prejudica o produtor porque os custos não se reduzem na mesma proporção”, diz.

Ainda que o caso de mal da vaca louca alerte o mercado, o presidente da Aliança Paraense pela Carne frisa a importância dos sinais positivos emitidos pelo setor produtivo e pelos governos na averiguação da suspeita. “O que fica de positivo é que temos um ótimo serviço de defesa agropecuária, agimos de maneira correta e vamos rapidamente vencer esse episódio e modernizar e aperfeiçoar os nossos protocolos para que um novo episódio como esse não represente o abalo que representou”, afirma Francisco Victer.

Exportações brasileiras de carne nos últimos três anos

  • 2022 -  2,34 milhões de toneladas (US$ 13,09 bilhões)
  • 2021 – 1,867 milhão de toneladas (US$ 9,236 bilhões)
  • 2020 – 2,016 milhões de toneladas (US$ 8,485 bilhões)

Participação da China nas exportações brasileiras de carne

  • 2022 – 60,9%
  • 2021 – 42,4%
  • 2020 -  47,6%
  • Fonte: Abrafrigo
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