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1kg a R$ 180: castanha-do-pará encarece no Ver-o-Peso; estiagem e exportações agravam crise

Oferta da tradicional castanha amazônica despenca em 2025 no principal mercado popular de Belém; feirantes enfrentam preços triplicados, fábricas fechadas e temem escassez total até a COP 30.

Jéssica Nascimento

A castanha-do-pará, símbolo da bioeconomia amazônica e iguaria valorizada na culinária regional e internacional, está cara nas bancas do Complexo do Ver-o-Peso, em Belém. A combinação entre a estiagem severa de 2024, aumento das exportações e especulação de preços provocou uma alta histórica no valor do produto — que chegou a triplicar — e ameaça sua oferta até o fim do ano, segundo feirantes, quando a cidade receberá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30).

image  (Foto: Wagner Santana)

Estiagem e colheita fraca: o início da crise

Feirante há 14 anos, João Batista relata que o cenário atual é inédito. “A seca do ano passado prejudicou muito o desenvolvimento do fruto. A safra foi fraca, e isso encareceu demais a castanha”, explica. 

A consequência imediata foi o fechamento de diversas fábricas de beneficiamento, inclusive uma de grande porte com foco em exportação, que paralisou as atividades já em junho.

image (Foto: Wagner Santana)

“O normal é o preço baixar a partir de fevereiro, quando começa a safra. Mas neste ano, ao invés disso, subiu ainda mais”, lamenta João. 

Segundo ele, a castanha média, que costumava custar R$ 70 a R$ 80 o quilo, hoje chega a R$ 150. Já a de maior calibre ultrapassa os R$ 170 — um aumento de quase 90%.

image João Batista. (Foto: Wagner Santana)

Castanha de luxo: valores triplicados e queixas de feirantes

Alice Farias, que trabalha no Ver-o-Peso desde os 15 anos, reforça o impacto da alta de preços. “Antes a caixa de 20 kg custava R$ 1.100. Agora, estamos pagando até R$ 3 mil”, denuncia. 

image Alice Farias. (Foto: Wagner Santana)

Para ela, além da colheita fraca, há influência direta da COP 30, que será sediada em Belém em novembro.

“Achamos que por causa da COP 30 subiram o preço. Mandam muita castanha para fora, e aqui ficamos com o resto — e ainda caro”, critica.

Alice também destaca que, mesmo nos anos de safra ruim, nunca havia visto a caixa de castanha atingir esse valor. Em sua banca, os aumentos são visíveis: uma castanha vendida anteriormente por R$ 70 agora custa R$ 120; outra, que saía por R$ 80, está a R$ 160 o quilo.

image (Foto: Wagner Santana)

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Fábricas pressionam o mercado e feirantes amargam prejuízos

A crise de oferta também escancara o descompasso entre produção, beneficiamento e venda direta. As fábricas, espalhadas por bairros como Icoaraci, Outeiro e Jurunas, compram a castanha em maior quantidade, beneficiam e vendem a preços próprios, forçando os pequenos comerciantes a repassar aumentos aos consumidores. 

“Eles querem botar o valor que querem. A gente aumenta aqui e o cliente reclama, mas não tem como trabalhar de graça”, diz Alice.

João alerta ainda para o risco de escassez total até dezembro: “A safra já acabou. Daqui para frente, talvez nem tenhamos castanha para vender. Se chover bem, só em 2026 ela volta com força.”

image (Foto: Wagner Santana)

Olhar para o futuro: COP 30 e expectativa frustrada

A proximidade da COP 30, evento internacional sobre o clima, reacende as esperanças de venda, mas também traz apreensão. “A gente esperava uma procura maior, porque o pessoal faz doce, bolo, biscoito... Mas do jeito que está, pode não ter castanha até lá”, alerta João.

Alice compartilha da preocupação: “Cliente de São Paulo diz que a castanha aqui está quase o mesmo preço de lá. Como que eles vão comprar e levar daqui se tá igual?”









 

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