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Exportações de carne brasileira estão suspensas para a China

Faepa confia que comercializações podem ser retomadas em até três semanas

Fabrício Queiroz
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Após a confirmação do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), mais conhecido como “mal da vaca louca”, em um animal criado no município de Marabá, todas as exportações de produtos bovinos para a China foram suspensas a partir desta quinta-feira (23). De acordo com Guilherme Minssen, membro do conselho fiscal da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), esclarece que o autoembargo abrange a comercialização para aquele país em razão do acordo existente entre as duas nações.

Um dos efeitos já sentidos pelo mercado seria na cotação do boi gordo, cuja arroba chegou a ser cotada em R$ 300 no ano passado e agora custa em torno de R$ 230. Além disso, desde a divulgação da suspeita, grande parte dos frigoríficos já teria suspendido o abate devido a perspectiva de queda na demanda. Com isso, deve haver reflexos na balança comercial do estado. Somente no ano passado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informa que o Pará exportou o equivalente a US$ 630 milhões em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, além de US$ 129 milhões em animais vivos, excetuando pescados e crustáceos.

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A suspenção imediata e temporária das exportações segue os tramites de um protocolo internacional, que envolve também a realização de uma contraprova em um laboratório do Canadá para confirmar que trata-se de um caso atípico, isto é, que se manifesta espontaneamente na natureza e não tem relação com o consumo de proteína contaminada. Após essa averiguação, o embargo é encerrado e as negociações podem ser retomadas. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a comercialização para outros países não foi afetada.

“Estamos aguardando o resultado do laboratório oficial da OMSA para este tipo de teste. Até lá, as exportações de carne bovina ficam suspensas para a China, conforme o protocolo que foi assinado com esse país. Para os outros países segue normal e o mercado brasileiro da mesma forma, sem risco nenhum porque já foram tomados todos os cuidados sanitários”, afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.

Na avaliação de Minssen, tudo leva a crer que o animal adoecido manifestou um caso atípico. Alguns fatores que reforçam a crença seriam o fato de o boi ser envelhecido, com idade de 9 anos, e ser oriundo de uma pequena propriedade rural da região do sudeste paraense.

“O animal não era criado em regime de confinamento, era criado em pasto. Vale ressaltar que, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal, o Brasil é considerado um território de risco insignificante para a BSE; e dentro do Brasil o Pará tem um risco mais insignificante ainda porque não temos grandes confinamentos. Todos os casos atípicos ocorridos no país foram controlados e eliminados”, afirma o dirigente da Faepa, que destaca ainda que os produtores brasileiros cumprem legislação federal que proíbe que o gado seja alimentado com a chamada “cama de frango” ou com resíduos de outros animais.

“É proibido esse tipo de alimentação desde 2004, tanto é que o Brasil nunca registrou um caso típico de vaca louca. Sempre os casos que surgem são casos atípicos com essas questões voltadas a animais mais velhos”, complementa Bruno Lucchi.

As últimas ocorrências do mal da vaca louca no Brasil foram em 2021 e levaram a China a suspender a compra de carne bovina por 120 dias, porém Guilherme Minssen é otimista e diz acreditar que a suspensão pode durar menos dessa vez. “A nossa expectativa é que dure cerca de três semanas. Ao longo desse tempo foram criadas soluções mais rápidas para essa análise, além de quem em 2021 houve problema no envio das amostras. Isso não ocorreu agora. Estamos bem tranquilos a respeito do que foi feito pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará) e pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária). Isso mostra que temos rigidez e um sistema de fiscalização que funciona”, pontua.

Da mesma forma, Lucchi diz que a maior preocupação do setor do agro é relacionada ao tempo que o mercado levará para ser reaberto. Ele lembra que há dois anos atrás, a situação foi prolongada como uma estratégia comercial para forçar o barateamento do produto. Diante disso, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro se reuniu com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao e prestou informações sobre a apuração e as medidas adotadas até então.

Apesar dos efeitos para a pecuária, que mantém no estado o 3º maior rebanho do país, com 23,9 milhões de cabeças de gado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Minssen ressalta que os produtores rurais prosseguem com as atividades e não deve haver prejuízos para o consumidor brasileiro. “O trabalho continua normalmente e não há qualquer risco de desabastecimento”, enfatiza.

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