Theatro da Paz segue aberto ao público em 2024 com visitas que destacam as particularidades do local

A reportagem do Grupo Liberal fez uma visita guiada ao símbolo da Belle Époque de Belém

Gabriela Gutierrez
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Ícone da história de Belém, o Theatro da Paz, completa 146 anos em 2024, no próximo dia 15 de fevereiro. Um dos cartões postais da cidade, se destaca por sua arquitetura e detalhes peculiares que atraem visitantes há mais de um século. Em visita guiada ao local, a reportagem do Grupo Liberal entrevistou o diretor do Theatro, Edyr Augusto Proença, e funcionários do equipamento público para adentar em suas particularidades e conhecer os projetos para este ano.

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Edyr Augusto conta que depois da reforma no espaço, realizada em 2021, a procura pelo local cresceu significativamente. “Aos domingos, chegamos a atingir uma certa sobrecarga no Theatro. São muitas pessoas que vêm nos visitar, e isso é maravilhoso para nós. Em 2024, queremos encher esta casa de gente, especialmente os paraenses, pois esta é a casa do povo e dos artistas paraenses. Estamos de braços abertos, ansiosos para receber a visita de todos”, disse o diretor.

Ainda segundo Edyr, uma programação especial deve ser preparada para o dia 15 de fevereiro, aniversário do Theatro. “Celebrando tanto o aniversário do Theatro quanto do maestro Waldemar Henrique, o Foeyer será palco do lançamento do livro do maestro Jonas Arrais, e muito mais”, explicou o diretor.

Visita

Ao subir as escadarias do hall, o visitante se depara com um grande espelho, chamado de Espelho da Verdade, que veio de Paris. O objeto não fez parte do Theatro desde sua inauguração, 1878. Edyr Augusto conta que o item foi adaptado entre 1904 e 1905, durante o” processo de embelezamento”, no governo de Augusto Montenegro. Inicialmente, o espaço onde está o espelho era ocupado por uma porta, e foi fechada por problemas na acústica. “E o espelho é chamado de Espelho da Verdade por possuir um grau de distorção de imagem muito baixo e conter um ângulo de retração ótimo. Ele reflete sua imagem de forma totalmente fiel”, revela Edyr.

Durante o ‘tour’ pelo prédio histórico, Vinícius Gomes, assistente administrativo do Theatro, explica diariamente detalhes do prédio, como o mosaico de pedras portuguesas que há no hall de entrada. Segundo ele, o processo de colagem foi feito de forma curiosa. “O grude utilizado era produzido a partir do estômago de peixe, que ainda é comercializado até hoje. Essa mesma técnica era feita na Europa naquela época, mas com o grude da baleia e, aqui, foi adaptada”, afirma.

No mosaico predomina um tom de azul acinzentado, que representa os rios da região amazônica por serem rios de águas escuras e barrentas. No meio do salão, três mosaicos separados representam as ilhas que ficam no entorno de Belém; eles são iguais e carregam alguns elementos que contam sobre a história e ancestralidade do Pará: a cruz de malta, de origem portuguesa; o muiraquitã, amuleto indígena de sorte e proteção, e árvores, que representam a fauna brasileira.

Seguindo o passeio, nas escadas que dão acesso do primeiro ao segundo andar, os degraus são compostos por placas de bronze pintadas a ouro e formam uma espécie de ‘tapete’ vermelho, criado para que autoridades e outros membros das classes mais ricas passassem. “Esse detalhe não se estende até as laterais da escada, por onde pessoas dos demais estratos da sociedade eram permitidas de circular”, contou Vinícius, refletindo sobre como a divisão social da época está presente na arquitetura.

Na sala de espetáculos, há significados em cada detalhe também. O espaço originalmente possuía 1.100 lugares, e hoje comporta 900. Como destaque, a pintura em afresco do teto central, feita por Domenico de Angelis, apresenta elementos da mitologia greco-romana, ao retratar o Deus Apolo conduzindo a Deusa Afrodite e as musas das artes à Amazônia.

Os quatro andares simbolizam também as divisões entre as classes sociais, o que também pode ser notado pela decoração. No último andar, chamado de Paraíso, não há pinturas de flores no teto, segundo explica o guia, já que era onde ficavam pessoas das classes mais humildes. Vinícius também contou outra curiosidade da época: “Bem na lateral do palco nós temos os proscênios, que eram reservados para as pessoas que iriam se ‘promover’ na sociedade. Naquela época, no século 19, os barões colocavam as moças que estavam na idade de casar para que elas fossem cortejadas pelos rapazes nos dias ou nas noites de espetáculos”.

A fachada da construção que é vista hoje é diferente daquela exibida pela primeira vez ao público, em 1878. “Hoje nós temos seis colunas e o brasão de armas do estado no centro. A sacada passou por uma remodelação em 1904, durante o citado período de embelezamento. Inicialmente, eram sete colunas na frente. Mas, a sétima coluna estava deteriorada, cedendo e não conseguia mais sustentar a sacada. E, ainda, a sétima coluna ia contra ao estilo do teatro. Um número ímpar quebrava a regra do estilo neoclássico”, concluiu Vinícius Gomes.

Para os interessados, o Theatro da Paz está aberto para visitação de terça-feira a domingo, é possível fazer um tour guiado pelo prédio, das 9h às 12h. Os ingressos para visitação custam R$ 6 inteira e R$ 3, a meia. Às quartas-feiras, a entrada é gratuita.

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