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Reprises trazem de volta à TV o jeito Manoel Carlos de contar histórias

Maneco, atualmente com 87 anos, está recluso e, por ora, aposentado dos folhetins diários

Agência Estado
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O universo de Maneco, como o autor Manoel Carlos é chamado, está na TV em dose dupla, no Canal Viva, com Mulheres Apaixonadas (2003) e na TV Globo, com a reprise de Laços de Família (2000) no Vale a Pena Ver de Novo.

Valmir Moratelli, autor do livro O que as Telenovelas Exibem Enquanto o Mundo se Transforma e professor de roteiro, explica como são as Helenas de Maneco, que nasceram na década de 1980, na novela Baila Comigo, quando coube a Lilian Lemmertz dar vida à primeira dessas protagonistas, inspiradas no romance Helena, de Machado de Assis, e em Helena de Troia, da mitologia grega.

"É uma construção que se aproxima da realidade. Elas atravessam um pouco para a vilania, mas voltam. Trazem a dicotomia entre o bem e o mal. Outros autores não fazem isso", diz. "O Maneco carrega até o fim da história a questão de que todo mundo pode errar na vida e nem por isso vai ser um eterno mau-caráter."

Entre as atrizes que interpretaram as Helenas em outras novelas, estão Maitê Proença (Felicidade), Regina Duarte (História de Amor, Por Amor, Páginas da Vida), Taís Araújo (Viver a Vida), Júlia Lemmertz (Em Família).

"É libertador ser uma Helena. É muito chato você fazer uma mocinha que só existe no papel. Quem se identifica com uma pessoa que não carrega todas as dúvidas da alma feminina? Se ela for restrita a dogmas de moral, não liberta as pessoas. Os grandes personagens são aqueles que provocam alívio. São heroínas imperfeitas", afirma Christiane Torloni, a Helena de Mulheres Apaixonadas.

image Hilda (Maria Padilha), Helena (Christiane Torloni) e Heloísa (Giulia Gam) protagonizaram Mulheres Apaixonadas (Renato Rocha Miranda/ TV Globo)

Torloni foi filha da primeira Helena, em Baila Comigo. "Lilian era uma grande atriz, entrava em cena para o tudo ou nada. Então, você entender que chegou a um tamanho (como atriz) em que pode assumir esse papel, que já tem essa carga para a dramaturgia dele, é maravilhoso."

A Helena de Laços de Família coube a Vera Fischer - que disse não ser possível atender à solicitação de entrevista. Na trama, ela disputava o amor de Edu (o então estreante Reynaldo Gianecchini) com a filha Camila (Carolina Dieckmann).

A cena em que Camila raspa os cabelos (de verdade) em função da leucemia entrou para a história das telenovelas brasileiras e aumentou o número de doações de medula naquele ano. "Eu fico muito feliz que essa cena, com essa importância para minha vida e carreira, tenha sido, de fato, tão relevante para tanta gente", diz Carolina.

Além da virgindade, outros temas polêmicos aparecem nas tramas de Manoel Carlos em bem-sucedidos merchandising sociais, em que a exposição deles ou de ações educativas os colocam em debate.

Em Laços de Família e Mulheres Apaixonadas, aparecem alcoolismo, prostituição, homossexualidade, violência contra a mulher. Em uma cena, Maneco reproduziu um tiroteio em uma rua do Leblon, que culminou com a morte de Fernanda (Vanessa Gerbelli), vítima de bala perdida, baseada em um acontecimento real.

Maneco, atualmente com 87 anos, está recluso e, por ora, aposentado dos folhetins diários. Não dá mais entrevistas. Se estivesse na ativa, é provável que incluísse na trama algum diálogo sobre a pandemia. Quem sabe alguma preleção sobre o tema com o Dr. Moretti, personagem tão presente quanto as Helenas; ou uma crise no Nick Bar, onde o Téo de Mulheres Apaixonadas tocava sax, por restrições no funcionamento.

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