Fãs entram em contagem regressiva para show de Gil em Belém

Cantor se despede dos fãs paraenses na turnê “Tempo Rei” no estádio Mangueirão em 9 de agosto

Eduardo Rocha

Difícil escolher só uma música preferida do universo sonoro do cantor e compositor baiano Gilberto Gil, 83 anos, com mais de seis décadas de história. Mas, para a professora de História, Beatriz Laredo, paraense que mora no bairro da Cremação, em Belém, a predileta dela é “Toda Menina Baiana”, por ser uma música prá cima, alto astral mesmo, com todo o suingue e criatividade desse artista.  E Bia já está no astral da canção para o show de Gil na turnê de despedida dos palcos intitulada “Tempo Rei” agendado para o dia 9 de agosto no Estádio Mangueirão, no Bengui. A partir de agora, dia 9, só um mês separa o (re)encontro com Gil em Belém. 

“Tem quase um ano que eu comprei o ingresso para o show, em 28 de agosto de 2024, e daí é só aguardar mesmo, com muita ansiedade”, diz Beatriz. A descoberta sonora de Gilberto Gil por Beatriz se deu de forma natural. “Desde pequena, em casa, a gente tem contato com a música, com a história, e é impossível falar de música sem falar do Gilberto Gil, importante artista da música brasileira. Além do vinil, tive contato com a arte dele na televisão, na rádio”, conta a fã. 

image Beatriz Laredo celebra a obra de Gilberto Gil e já está pronta para o show do artista em Belém (Foto: Tarso Sarraf / O Liberal)

Nesse processo de descoberta do cantor e autor de canções como “Tempo Rei”,  “Raça Humana” e “Expresso 222”, existe a contribuição decisiva do pai de Beatriz, o radialista José Laredo, mais conhecido na área radiofônica como o “Chefão do Rock”. “Por ter muitos vinis em casa, ele foi o grande apresentador desse universo musical para mim e para a minha família, que pôde dar essa oportunidade de eu conhecer o grande artista Gilberto Gil”, destaca Beatriz Laredo, com o disco “O Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)”, de Gil, onde figura, entre outras faixas, o hino “Se eu quiser falar com Deus”.

Como é de praxe para quem está atento a tudo, muita gente nas cidades brasileiras passou a ouvir as músicas de Gilberto Gil a partir do convívio com os próprios pais. No caso, ouvindo as canções desse cantor em vinis, fitas-cassete, CDs e em outros recursos eletrônicos. Além do fato de ser comum em uma festa se tocar música de Gil ou alguém pegar o violão em uma roda de amigos e mandar um samba ou um reggae desse compositor. 

Como Gilberto Gil é considerado um medalhão (referência para quem aprecia a música brasileira), o diálogo que ele travou e trava com artistas de diferentes gêneros rende sempre bons frutos, ou seja, o público de diferentes gerações pode, então, conhecer compositores e artistas em geral, a partir de discos e vídeos de Gil. Isso acontece, por exemplo, na conversa musical dele com João Gilberto, Bob Marley, Lupicínio Rodrigues, Chico Buarque de Hollanda, Milton Nascimento, João Donato e Cazuza, entre outros. Gil fez o Brasil inteiro cantar com versões como “Não Chores Mais” de “No Woman No Cry”, de Bob Marley, e “Só chamei porque te amo” de “I just called to say I love you”, de Stevie Wonder.

"Foram vários os elementos que ponderei para chegar na decisão da realização de uma última turnê. Houve reflexão sobre este mercado e também sobre a exigência física necessária para esses grandes shows. Quero continuar fazendo música em outro ritmo, mas, antes, teremos essa celebração bonita junto do público e da família. Transformai as velhas formas do viver", afirma Gilberto Gil. 

Todo mundo deve conhecer Gil 

Para Beatriz Laredo, “o Gil é um artista impecável, eu diria, por todo o processo musical dele, tem mais de 60 anos de produção, ele, além de intérprete, é um ótimo compositor”. “Ele é muito sensível à arte, não somente à arte, mas, também, às questões sociais, como a gente sabe de todo o histórico dele, e, por isso, a gente deve valorizar toda essa trajetória dele, de composição, o período que ele passou no exílio no exterior. Então, tudo isso, por eu ser historiadora, me chama a atenção; procurar saber por que ele teve que sair do Brasil, qual a importância, relevância musical que ele propôs naquela época, o Movimento da Tropicália junto com Caetano Veloso, a Maria Bethânia, Gal Costa. Tudo isso é muito envolvente”, diz.

A vida e a obra de Gil acabam funcionando com um portal para serem descobertas histórias do Brasil, “vozes do Brasil também”, como frisa Beatriz. “Porque ele é um artista negro, que estava ali naquele festival da Record em 1967, em que ele foi expulso, foi vaiado. Então, tudo isso já mostra a irreverência dele, a imponência nas canções, a forma de ele tocar guitarra e outros instrumentos musicais, e a gente sabe que o gênero musical dele não é só um. Vai pro samba, vai pro rock, vai pro reggae. Tudo é muito misturado e faz dele um grande artista que todo mundo deve conhecer”, enfatiza Beatriz, que não vacila em vestir uma blusa com toda a turma de artistas da Tropicália. 

Gil chegou a ser vaiado durante a apresentação dele no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record em 1967, quando interpretou "Domingo no Parque" com Os Mutantes. A ala mais conservadora da plateia ficou chocada com a performance do artista que inovou na mistura de bossa nova com guitarra elétrica e berimbau. No entanto, “Domingo no Parque” acabou conquistando o segundo lugar no festival, contando uma cena da vida operária brasileira.

Por isso, Beatriz Laredo, Gil é sempre inovador nas letras e na música. “É uma pena que esse show esteja sendo a despedida, porque se ele fizesse mais um milhão de shows, um milhão de vezes as pessoas lotariam os estádios, tudo, tudo, pra ver, cantar, se expressar. ‘Tempo Rei’ pra sempre”, pontua Bia.

E Beatriz não esconde de ninguém que não vê a hora de conferir a apresentação de Gilberto Gil no Mangueirão. “Vai ser meu primeiro show dele. A última vez que ele esteve aqui foi em 2010, na Feira do Livro, e eu ainda era muito criança e não tinha esse desejo. Mas já gostava, só não tinha idade para ir mesmo. Então, a minha grande expectativa é poder vê-lo, mesmo sendo uma despedida, ouvir ele tocar grandes sucessos, apresentar uma nova expressão, uma nova figura, que é ele mais velho, com mais maturidade e trazer esse abraço, ‘Aquele Abraço’, para o público”, diz a fã que deve se emocionar com as referências de Gil ao Pará e à Amazônia, no ano da COP 30 em Belém. Bia pretende ir ao show com roupas bem coloridas nos moldes da Tropicália, “sem muita maquiagem, porque eu sei que eu vou chorar”.

 

Serviço:

Show ‘Tempo Rei’, de Gilberto Gil

Data: 9 de agosto de 2025

Local: Estádio Mangueirão

Horário de Abertura da casa: 18h

Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais

Ingressos:

Arquibancada - Andar com Fé - R$ 90,00 (meia-entrada legal) | R$ 108,00 (entrada social) | R$ 126,00 (desconto Banco do Brasil) | R$ 180,00 (inteira)

Pista - Aquele Abraço - R$ 115,00 (meia-entrada legal) | R$ 138,00 (entrada social) | R$ 161,00 (desconto Banco do Brasil) | R$ 230,00 (inteira)

Cadeiras - A Paz - R$ 161,00 (desconto Banco do Brasil) | R$ 230,00 (inteira)

Pista Premium Banco do Brasil - R$ 190,00 (meia-entrada legal) | R$ 228,00 (entrada social) | R$ 266,00 (desconto Banco do Brasil) | R$ 380,00 (inteira)

Pacote VIP Esotérico - R$ 690,00 (meia-entrada legal) | R$ 728,00 (entrada social) | R$ 766,00 (desconto Banco do Brasil) | R$ 880,00 (inteira)

Início das vendas: 

Pré-venda clientes Banco do Brasil: 19 de agosto, 10h, até o dia 22 de agosto, às 10h

Venda geral: 22 de agosto, 12h (on-line e na bilheteria oficial) 

Vendas online em: eventim.com.br/giltemporei

Bilheteria oficial: Link Store - Shopping Boulevard - Av. Visc. de Souza Franco, 776 - Belém - PA - 66053-000. Localizado no Piso 2

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