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Paraense selecionada no The Voice Brasil luta contra depressão e achou que fosse desmaiar no palco

Thaline Karajá é indígena de Alter do Chão e vocalista do grupo 'Suraras', de carimbó.

Enize Vidigal

Thaline Karajá, a indígena de 26 anos de Alter do Chão, distrito de Santarém, que foi selecionada no The Voice Brasil, revela os bastidores do programa que foi ao ar na noite da última quinta-feira, 29: “Tive pressão alta, 14x10, e batimentos a 115 (acelerados). Não contei pra ninguém. Fiquei com medo de não me deixarem cantar. Rezei. Minha mãe (Maria Renilsa) falou para ter fé”. Thaline conta que está atravessando depressão pós-parto e Síndrome do Pânico. Ela é mãe há quatro meses.

Thaline encantou os jurados e o público de casa sem transparecer que passava mal. Ela cantou “Banzeiro”, música de Dona Onete que foi gravada por Daniela Mercury, e Carlinhos Brown virou a cadeira aprovando a paraense para entrar no time dele no reality, nesta 9a temporada. Ela participou da última noite da audição às cegas.

Thaline é vocalista do Suraras, grupo de carimbó formado por mulheres indígenas de várias etnias, criado em 2018. “Estou emocionada de ter representado a música paraense na TV Globo. Levei a música da Dona Onete, que é mulher empoderada e símbolo de resistência dos povos da floresta. Quero muito continuar cantando carimbó”, declara em entrevista exclusiva a O Liberal.

Ela estava com os aparelhos de monitoramento com os quais mediu os sinais vitais antes de subir ao palco do programa. “Eu estava muito nervosa. Antes, pedi muito a Deus para eu poder ficar de pé no palco. (Durante a apresentação) Parecia que eu estava flutuando, só via a voz sair, foi surreal. O tempo passou como se fosse em câmera lenta, foi louco. Tive um auxílio espirital”, descreve. “Quando voltei para o hotel tomei o remédio para pressão e fiquei bem, mas os batimentos levaram dois dias para normalizarem”.

Thaline é fã de Carlinhos Brown, de quem acompanha a carreira desde a infância: “Durante a gravidez eu sonhava muito com ele”, afirma. “Ele é negro e tem origem indígena, na Bahia. Cantava de cocar e era chamado de cacique. Eu me identifico com ele”.

Autoestima e regionalismo

“Eu comecei cantando sozinha em eventos indígenas, em português e Nheengatu (língua derivada do tupi-guarani). Eu sofria porque não tinha ninguém pra me acompanhar (instrumentistas). Eu cantava à capela para parentes, nas aldeias”, recorda.

Recém-casada com o turista finlandês Jukka, que conheceu em Alter do Chão, ela estava passando uma temporada no país do marido, ainda em 2019, quando foi chamada para a seleção presencial no programa, mas veio a pandemia e, logo após o nascimento de Conorí, ela foi ao Rio de Janeiro.

“Eu já tive muita vergonha de aparecer, me achava feia e achava a minha voz feia. Não tinha coragem de me inscrever (no The Voice). O medo me travava. Agora, me aceito como sou. Me inscrevi quando estava na Europa e enviei vídeos (exigência da inscrição) cantando ‘Pauapixuna’ (Paulo André e Ruy Barata), ‘Curió do Bico Doce’ (Gonzaga Blantez) e ‘Filha da Encantaria’, minha composição”, recorda. “Quero continuar levando a cultura amazônica para o The Voice”, afirma.

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