Os Donos do Jogo apresenta as regras da máfia carioca em briga pelo trono de cúpula
Série mergulha nas disputas pelo controle do jogo do bicho no Rio de Janeiro, com foco na força estratégica e ambiciosa das mulheres
A série Os Donos do Jogo estreia na Netflix nesta quarta-feira, 29, com oito episódios. A obra narra a disputa de poder entre a nova geração do jogo dentro da própria família e de membros da cúpula. A produção nacional mergulha nos crimes e intrigas da contravenção carioca, mas, dessa vez, o poder da mulher é apresentado como tema.
A história se desenvolve entre as famílias Fernandez, Guerra, Moraes e Saad, membros da cúpula. Cada uma comanda determinadas regiões do jogo do bicho no Rio de Janeiro.
Suzana Guerra (Giullia Buscacio), Mirna (Mel Maia) e Leila (Juliana Paes) usam os homens e a inteligência para fazer parte da cúpula. Em meio a guerras por território, segredos e alianças, o trio envolve as pessoas em uma trama com reviravoltas violentas.
No elenco, ainda estão Chico Díaz, André Lamoglia e Xamã.
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“Essa é minha primeira personagem adulta e estou virando adulta agora. Minha carreira era de personagens jovens e pré-adolescentes, que contam histórias diferentes do que é o jogo do bicho e a vida adulta. Então, ter a minha personagem adulta abordando esse tema acho que é um voto de confiança do Heitor Dhalia (diretor). É uma virada de chave na minha carreira e estou muito feliz em mostrar também essa nova fase”, pontua Mel Maia.
Em Os Donos do Jogo, Juliana interpreta Leila, esposa do poderoso contraventor Galego Fernandez, vivido por Chico Díaz. Na trama, ela vive em meio a um segredo e movimenta as peças de acordo com os seus próprios desejos. A relação familiar e de afeto segue em destaque no drama.
Essa não é a primeira vez que Juliana entra no mundo criminoso com uma personagem. Em 2017, ela interpretou Bibi Perigosa em A Força do Querer, na Globo. A personagem era inspirada em Fabiana Escobar, ex-esposa de um grande traficante e conhecida como a Baronesa do Pó.
“Quando a gente fala de inaugurar um novo gênero, e a gente tem falado muito sobre isso, que é a máfia brasileira, assim como todas as máfias, elas acabam tratando de relações familiares. No caso da Leila, fazendo um paralelo com a Bibi, ela era colérica, pura emoção. A Leila é o contrário: ela é razão, estrategista, joga um jogo de xadrez. A Leila sabe que, para se tornar a rainha, não tem possibilidade de sentar na cúpula, mas sabe que é isso que quer. Então, ela tem muito poder, é dona dos seus desejos, sabe muito bem quais são seus objetivos; ela quer uma fatia desse bolo, um xeque-mate. Mas ela sabe que, se não pode sentar na cúpula, precisa de pessoas para fazer isso por ela, de figuras masculinas. Por ser um universo muito machista e patriarcal, ela precisa ser enxadrista, estrategista, e faz isso muito bem. Usa as armas dela, às vezes a sensualidade, mas muita inteligência e perspicácia”, explica Juliana.
Ao lado da poderosa e objetiva Leila está o seu parceiro, cuja parceria não se sabe o quanto é forte. O marido, Galego Fernandez, é o capo da velha guarda, acostumado a mandar e desmandar. Quando a esposa sai de sua sombra e a disputa fica mais forte dentro de casa, ele entende que trair pode ser pior que matar. Com senso de humor aflorado, Galego vive no paralelo da violência e da vingança.
“Galego responde ao contexto histórico do que lhe é oferecido. Há uma realidade e um contexto nos quais a sensação de sobrevivência se impõe. Acho que ele é fruto disso tudo, do meio. É um personagem que qualquer intérprete agradeceria pelos componentes de poder, ambição, manutenção disso. Há uma relação de família também, de convívio com outros poderosos. Ele é o chefe da cúpula; com ele, há outros tão poderosos quanto, nas suas devidas regiões. A construção dele é um prato cheio para qualquer intérprete, porque tem muitas camadas oferecidas — questões humanas, sociais, políticas, econômicas — e de como percorrer, administrar e harmonizar com os interesses dos outros chefes do jogo do bicho”, explica Chico Díaz.
O ator pontua que todas as características citadas fazem um paralelo com a “mão forte” e a violência que rondam a rotina de Galego, já que sua família é a que está no jogo do bicho há mais tempo.
A trama se desenrola também com a disputa de poder dentro da família Guerra. O debilitado Jorge Guerra (Roberto Pirillo), que comandou por anos os negócios, dá lugar a Búfalo (Xamã), com o apoio de sua esposa, Suzana, que entende que precisa de um homem para alcançar seus objetivos. Porém, sua irmã, Mirna, também quer o poder.
“Acho que a Mirna e a Suzana têm duas maneiras de lidar com essa ocupação de espaço. A Suzana resolveu jogar o jogo e, se ela precisa de um companheiro para poder estar nesse tabuleiro e jogar, ela vai fazer isso para poder fazer parte desse game”, pontua Giullia Buscacio.
“Acho que todo o esquema do jogo do bicho não iria andar se não fossem as mentes brilhantes das mulheres. A Mirna quer mostrar esse empoderamento; ela quer chegar lá sem precisar de um homem, mas, no fundo, sabe que isso é quase impossível. Ela quer ver até onde consegue ir. Acho isso muito corajoso”, acrescenta Mel Maia.
O ex-lutador de MMA Búfalo é destemido, porém altamente manipulado pela esposa. Sem que ele perceba, ela movimenta as ideias do marido.
“O Búfalo é mais passional, ele não pensa muito em estratégias, ele escala muito rápido. Sendo um ex-lutador que acabou indo parar na máfia carioca, ele traz muito do que pensa, que é com os punhos. Ele não tem um plano. O Búfalo é tipo um cachorro correndo atrás de uma bolinha”, explica Xamã.
Brigando diretamente com Búfalo está o Profeta (André Lamoglia), que é o novo aspirante ao trono da contravenção carioca e aliado de Mirna. Ele está determinado a garantir seu lugar no topo.
“O Profeta é mais racional. Mas, assim como o Búfalo, ele usa da luxúria para conseguir as coisas. Todos eles são vilões, mas têm algo parecido, que é a ambição de ocupar o lugar no trono”, acrescenta o ator.
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