Rose Maiorana entrevista o artista plástico Petchó Silveira no 'Lib Art'

As obras do artista retratam pessoas pretas e suas vivências. Para ele, é um instrumento de voz e denúncia social

Emanuele Corrêa
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As artes plásticas materializam o produto da imaginação ou da versão da realidade do artista. A empresária e artista plástica Rose Maiorana, entrevistou o também artista plástico Petchó Silveira, em mais um episódio do videocast “Lib Art”, que estará disponível a partir das 14h deste sábado (18), no Lib Play.

Em conversa no estúdio da redação Integrada de O Liberal, Rose perguntou ao artista como a sua carreira começou e o que o inspira. Petchó, por sua vez, relembrou que começou os estudos na Fundação Curro Velho, onde aprendeu as primeiras noções, em aulas formais, das artes plásticas. "Eu sou autodidata, mas fiz cursos na Fundação Curro Velho. Mas desde criança eu me interessei por arte", disse.

Petchó também relembrou um fato curioso da infância. O irmão do artista também desenhava e, uma vez, Petchó pegou emprestado o desenho e levou a escola, onde contou aos amigos que havia feito aquele desenho. Mas, devido ao incomodo da mentira de criança, resolveu começar a desenhar e se aprofundar no assunto.

No decorrer da carreira, Petchó explicou à Rose que suas vivências e realidades começaram a permear os seus trabalhos. Ele acredita que fez o processo inverso dos artistas, que começam pelas propostas figurativas e posteriormente partem para o abstrato, disse.

A arte de Petchó, destacou Rose, é baseada em uma leitura de pessoas pretas e o questionou sobre a motivação de retratá-las. “A questão de pintar as pessoas pretas, eu vi a necessidade dessa representatividade. Porque quando a gente olha no mercado de artes, existem poucos artistas negros que tem uma ascensão. Na época do renascimento os negros não conseguiam se ver nas obras de artes. Então, são sempre quadros com pessoas brancas. Eu vi a necessidade de representar o meu povo, de me ver e de representar”, relembrou o artista.

A artista plástica destacou na entrevista a beleza dos quadros de Petchó, tanto de técnica e cores, quanto de significados. O pintor reforçou que a sua arte ela também é um instrumento de denúncia social. “Meu trabalho ele tem uma estética bonita, mas também tem o aspecto de denúncia. É um grito! Fala de questões que passam despercebidas na sociedade: violência, racismo”, afirmou.

“Porque a pessoa preta que mora na periferia parece que tá andando sempre com alvo nas costas. Sempre vai ser discriminado, então, eu vejo meu trabalho como uma voz, que é a minha voz e a minha arma para eu denunciar essas questões”, finalizou.

Petchó destacou a relevância do videocast “Lib Art”, como ferramenta de reconhecimento aos artistas paraenses e espaço de visibilidade para a cena emergente. Rose, aproveitou a oportunidade e, compartilhou, que em breve pretende fazer uma galeria colaborativa que será mais um espaço para abranger os trabalhos de artistas locais. “Um espaço ainda pequeno, mas um espaço colaborativo para exposição”, declarou a empresária.

O artista comemorou a notícia que, na sua visão, soma-se a trabalhos como o Arte Pará, que desde a sua fundação fomenta a arte produzia na Amazônia. “Se não tiver apoio, a gente desanima. Então esses espaços como vocês dão, o Arte Pará e só o fato de estar aqui dando essa entrevista para você, é um incentivo imenso para o meu trabalho. Para que tenha visibilidade e maior uma aceitação”, finalizou.

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