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'Pororocas parawaras': Milton Cunha celebra a riqueza e diversidade paraense na Sapucaí

No carnaval de 2025, a Grande Rio fará um "mergulho" nas águas amazônicas, levando ao público a história do curimbó e do Tambor de Mina

Juliana Maia
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No Carnaval 2025, a Grande Rio fará um mergulho na cultura do Pará em um encontro das Princesas Turcas Ajuremadas com as Encantarias da Amazônia. O carnavalesco Milton Cunha comemora a homenagem da escola com o enredo "Pororocas parawaras" e acredita que o estado é infindável nas possibilidades de carnavalização. Em entrevista ao Grupo Liberal, o paraense explica que a chance de vitória é grande e conta que trará os carnavalescos para conhecer a modernidade dos artistas jovens de Belém na "Festa da Chiquita".

A religiosidade marcante do Pará já foi retratada na Sapucaí, com o Círio de Nazaré, por meio da Unidos do Viradouro e a Imperatriz Leopoldinense. Com o enredo deste ano, ainda que considere as águas de Nazaré, a Grande Rio viaja pela riqueza da espiritualidade paraense em uma jornada mística com os tambores negros, indígenas, as encantarias, e terreiros de Tambor de Mina. 

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Saudando as “Quatro Contas” da sua vida, Dona Onete homenageia as protetoras Mariana, Jarina e Herondina - as Belas Turcas - e a Cabocla Jurema, a personificação da floresta. Milton acredita que a presença da artista paraense como a voz que ecoará na Grande Rio traz a possibilidade de entrar em um "espelho invertido" no mundo dos encantados.

"Na pesquisa, eles [os carnavalescos] me contam que, ao encontrar Dona Onete, têm o estalo do recorte, que é quando ela revela as Quatro Contas e fala dos encantados, das águas. Essa voz que conta, que é Onete, é a voz do fundo das águas, que vem dos nossos igarapés. Vamos escutar relatos vindo de uma paraense, do cabloclo, dos carimbózeiros, os caruanas. Isso é um lugar de fala maravilhoso, porque acorda o mundo para a força de quem conhece o dia a dia do Pará", celebra.

Milton diz que adora o ângulo de visão que a escola de Caxias, na Baixada Fluminense, vai apresentar na Sapucaí. Com o batuque da negritude, a Grande Rio vai ecoar na avenida, em um retorno à celebração dos encantados, trazidos no enredo "Pará – O Mundo Místico Dos Caruanas Nas Águas do Patu-anu”, apresentado em 1998.

"Sempre que você junta tambores de samba com os da floresta, de mina, isso dá um resultado lírico-poético muito forte e vai aprofundar para o público. Quando o assunto vai para a Sapucaí, ele alcança o povo, vira conversa em botequim, fora a televisão que leva para milhões de pessoas, é mais uma oportunidade da riqueza paraense estrelar o desfile das escolas de samba. Eu estou achando que vai ser um 'escândalo", conta o carnavalesco.

Para o paraense, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, carnavalescos responsáveis pela escolha do enredo, são brilhantes e trazem um recorte bastante original e novo. Depois de vencer em 2022 com "Fala, Majeté! Sete chaves de Exu", a Vermelho, Verde e Branco de Caxias apresenta, pela primeira vez, o curimbó como o parente do tambor de mina e do carnaval carioca.

"Eu acho que, quando a Europa, a academia das Américas do Norte, se acordarem para esse discurso paraense de que o diferente é o encantado, isso vai ser gigante. As princesas turcas que se perderam nas águas do Marajó, é tudo tão fantástico, tenho me impressionado com o raciocínio que a floresta, o paraense, caboclo, ribeirinho, têm sobre as diferentes possibilidades de vida. Quão moderno e poderoso é isso", reforça.

Potencial da Chiquita

De acordo com o carnavalesco, a Festa da Chiquita pode vir como enredo na Sapucaí, porque é rica e entra na modernidade paraense. Na visão de Milton, o evento LGBTQIA+ faz parte do imaginário do povo, sendo uma celebração à democracia, inclusão, a liberdade e a diversidade. Este ano, quando vier prestigiar a festa, ele trará os carnavalescos do Rio de Janeiro para fazerem uma imersão na manifestação cultural celebrada na semana do Círio de Nazaré

"O Viado de Ouro [prêmio da Chiquita] é uma acepção moderna do encantamento do povo paraense para deixar as pessoas serem quem elas quiserem ser, quem nasceram para ser. Essa força democrática e inclusiva coloca a Chiquita na 'ponta de lança' do debate nacional e internacional do mundo moderno. Agora que está todo mundo voltado para a floresta, o Pará com a Cop-30, nós estamos vivendo tempos em que, tanto o açaizeiro, os peixes, os cheiros, assim como a chiquita são vertentes que surgem com força e também recebem visibilidade nacional."

Festival Aceita

Animado e impressionado com a escolha da Grande Rio, Milton está há dois meses fazendo o cenário do festival "Aceita", realizado nos dias 23, 24 e 25 de agosto deste ano. Uma de suas inspirações para o evento será a Festa da Chiquita, idealizada na década de 1970 pelo sociólogo carioca, Luís Bandeira, em celebração à diversidade paraense.

O evento terá mais de 30 artistas LGBTQIA+ nacionais e internacionais e será realizado no Espaço Marine Club, em Belém. Como proposta, o festival quer aliar o debate sobre direitos humanos e diversidade e a relevância da região amazônica para a sobrevivência da humanidade em um mundo diverso e democrático.

(*Estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)

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