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Obra do músico e compositor paraense Albery Albuquerque vira patrimônio cultural imaterial do Pará

Reconhecimento valoriza trajetória rica em pesquisa de sons da flora e fauna da Amazônia, em valorização de ecossistemas da região

Eduardo Rocha
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Em contraste com a necessidade cada vez mais evidente de as pessoas conviverem em harmonia com as matas, rios, animais e povos da Floresta Amazônica, existe um lugar onde isso é possível: na música do músico e compositor paraense Albery Albuquerque, cuja obra acaba de ser elevada a patrimônio cultural imaterial do estado do Pará. A edição do Diário Oficial do Estado do Pará trouxe nesta terça-feira (19), a Lei nº 10.772, de 18 de novembro de 2024, sancionada pelo governador Helder Barbalho, que "declara e reconhece como patrimônio cultural de natureza imaterial do estado do Pará as obras musicais do artista Albery Albuquerque".

A lei entrou em vigor a partir dessa publicação no Diário Oficial. O projeto de lei com esse teor, aprovado na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), foi de autoria do deputado estadual Carlos Bordalo.

"A motivação está fundamentada na valorização da cultura como elemento central da identidade, do fortalecimento e da soberania popular. Albery Albuquerque, além de músico, é um pesquisador cuja obra reflete a riqueza cultural da Amazônia e contribui para preservar e disseminar nossas tradições. Reconhecer sua obra como patrimônio é, portanto, uma estratégia do mandato para reafirmar o compromisso com a valorização da cultura amazônida em suas mais diversas formas", destaca o deputado Carlos Bordalo.

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Música no sangue e Amazônia no coração

Aos 68 anos, Albery Albuquerque tem um trabalho singular de pesquisa e produção relacionado aos sons e realidades amazônicas. A família toda dele sempre foi de músicos e compositores. Quando tinha cinco anos, ganhou um cavaquinho, mas somente aos 12 anos começou a tocar violão e aos 14, a compor.

"Um dia, eu tinha feito uma música e estava tendo um sarau em casa, e fui apresentá-la. Mas no meio da música, eles começaram a conversar e eu fiquei meio chateado. Toquei a música e depois fui para a cozinha. Comecei a tocar para mim mesmo e não percebi que tinha outro ser que infelizmente estava em uma gaiola, porque naquela época o Ibama não proibia, era um pássaro cigarra parda do bico amarelo e ela começou a fazer aqueles trinados, eu tocava e ela respondia e eu, então, comecei a me ambientar com a música da natureza com essa idade", relembra o compositor.

Ele ressalta que a pesquisa sobre sons e realidades da Amazônia começou há muito tempo antes mesmo do uso de computadores. O filho de Albery, Thiago Albuquerque, também músico e compositor, ingressou nesse estudo. Albery conta que respeita o padrão sonoro dos animais nas composições. Ele agradece ao poeta João de Jesus Paes Loureiro pelo apoio à pesquisa, no tempo em que esteve à frente do Instituto de Artes do Pará (IAP), e ao deputado Carlos Bordalo pelo projeto de lei. 

Albery explica que a pesquisa e obra relacionadas à Amazônia foram motivadas pelas lições da cigarra parda amarela cujos ele tentava fazer o padrão sonoro dela e pela derrubada de uma árvore castanheira com tucanos perto da casa dele. "A Amazônia é um espaço extraordinário de vida, de lendas, de mistérios, é guardiã da vida, de sabedoria. A melhor universidade de todas as universidades é a natureza, que deve ser preservada", enfatiza.a

'Albery Project'

Carlos Canhão Brito Júnior atua na produção do disco novo de Albery. O disco deve sair no começo de 2025, com o título de "Albery Project", com músicas instrumentais, mas duas canções cantadas por Albery - "Verde Maravilha", em homenagem ao cantor e compositor Rafael Lima, e "Sol a Sol", composta quando Albery era do lendário grupo Sol do Meio-Dia, dos anos 1970.

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