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Obra de Paulo André Barata foi reconhecida patrimônio artístico e cultural do Estado

Na sessão, foi exaltado como o cantor e compositor paraense consolidou em suas canções a identidade amazônica

Amanda Martins

A obra musical do cantor e compositor paraense Paulo André Barata, que faleceu em 2023 aos 77 anos, foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural e Artístico Imaterial do Pará. A decisão, aprovada durante a Sessão Ordinária da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa), realizada na última terça-feira (24/06), com base no Projeto de Lei nº 558/2023, foi apresentado pelo deputado Iran Lima (MDB), e agora segue para sanção do governador Helder Barbalho.

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Segundo o parlamentar, o trabalho de Paulo André teve papel importante na consolidação da identidade amazônica, especialmente ao levar para o cenário nacional elementos da cultura e da realidade da região. 

“A música de Paulo André foi fundamental para a difusão nacional da cultura e da ideologia do homem amazônico, especialmente no Pará. Em suas composições, como a canção Paratininga (1980), ele trouxe à tona temas importantes, sobretudo a preservação da Amazônia”, afirmou Iran Lima durante a sessão.

Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o produtor musical e jornalista Tito Barata, irmão do compositor, celebrou a iniciativa e destacou o papel popular e duradoura da produção musical da família. 

“É com muita alegria que a nossa família recebe essa iniciativa com o Projeto de Lei aprovado por unanimidade”, afirmou Tito. 

Segundo ele, as canções de Paulo André e do pai, Ruy Barata, sempre foram parte do cotidiano paraense. “Essas músicas sempre estiveram na boca do povo, que afinal é o principal destinatário desse legado cultural”, disse o jornalista.

image As canções de Paulo André e Ruy Barata ficaram eternizadas na memória dos paraenses (Divulgação)

Titio também relembrou a importância histórica do pai e do irmão. Para ele, Paulo André e Ruy foram precursores da música popular produzida na Amazônia, unindo simplicidade e poesia nas letras de suas composições. 

“Falaram de ecologia, de gente e das belezas naturais da região quando ninguém ainda falava de cultura amazônica”, comentou. 

O jornalista ainda lembrou mencionou, que nesta quarta-feira (25),  Ruy Barata completaria 105 anos. “Ao lado da Fafá de Belém, desbravaram o caminho para as novas gerações de artistas”, acrescentou. 

image Composições de Paulo André e Ruy Barata foram imortalizadas na voz da cantora Fafá de Belém, como “Indauê Tupã” e “Este Rio é Minha Rua” (Foto: Arquivo pessoal da família)

Tito afirmou que preservar e ampliar o acesso à obra do irmão é uma missão contínua, sendo, inclusive, fundamental para ele.  O jornalista adiantou que há um projeto em desenvolvimento para recuperar os trabalhos anteriores e lançar composições inéditas, como um balé amazônico composto por Paulo André.

“Ele cultivou 60 anos de carreira ininterrupta como compositor. Divulgar esse material é importantíssimo para todas as gerações de amazônidas e brasileiros”, acrescentou. 

Repercussão

Na publicação feita nas redes sociais da Alepa, muitos paraenses celebraram a aprovação do Projeto de Lei. “Merecidíssimo. Amo suas composições”, escreveu uma internauta, resumindo o sentimento de grande parte do público.

A fotógrafa Walda Maques também comemorou a homenagem. Em sua mensagem, ela relembrou momentos vividos ao lado do compositor.

“Tive a oportunidade de ouvir ele contar as histórias das composições, do tempo, dos lugares, de amores. Como sou orgulhosa de ter chegado perto. Dia feliz dessa foto”, afirmou ao compartilhar um registro com o artista.

A cantora Fafá de Belém falou com emoção sobre a importância do reconhecimento ao legado do amigo e compositor. Para ela, a obra assinada por Paulo André em parceria com o pai, Ruy Barata, representa uma expressão completa da identidade amazônica.

“Nada é mais ou menos. Tudo tem uma profundidade e uma leveza e, ao mesmo tempo, é popular. Ouvir uma música de Paulo André sobre um poema de Ruy Barata é descobrir a Amazônia. É saber quem nós somos”, afirmou.

Segundo a artista, cada composição carrega uma vivência da região que vai muito além das palavras. “Em cada batida de violão, em cada harmonia, em cada frase de Ruy Barata, você viaja pela Amazônia. Entra borboleteando pelo Ver-o-Peso. Sente o cheiro das mangueiras”, declarou. 

Fafá ressaltou que esse reconhecimento marca o início de um movimento maior de valorização dos artistas que abriram caminhos. “A gente começa um tombamento histórico de quem abriu o caminho para que todos pudessem caminhar”, disse.

A artista paraense ainda lembrou momentos marcantes da trajetória ao lado dos compositores. “Nós três fomos realmente pioneiros. De mãos dadas, levando essa Amazônia para o mundo”, afirmou.

Ela finalizou destacando que a valorização desses nomes é também um ato de resistência cultural. “O passado é a base da evolução da cultura por todo o tempo e deve ser reconhecido e respeitado”, declarou.

Carreira

Filho do poeta Ruy Guilherme Paranatinga Barata, que faleceu nos anos 90, Paulo André Barata nasceu em Belém e começou a compor desde a adolescência. Com o tempo, aprimorou seu talento no Conservatório Carlos Gomes. Ao longo da carreira, ele deixou um repertório que atravessa gerações.

Suas composições ganharam projeção com a voz de Fafá de Belém, com quem firmou parceria em sucessos como “Pauapixuna”, "Foi Assim" e "Este Rio é Minha Rua". Paulo André também escreveu ao lado do pai, com quem construiu um legado que segue presente no imaginário cultural da Amazônia.

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