Venda de discos de vinil cresce 136% no Brasil; LP's fazem sucesso entre os jovens de Belém

Procura pelas mídias em versões físicas do objeto musical criado nos anos 90 aumenta com o passar do tempo

Juliana Maia
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As vendas de discos de vinil cresceram 136% no Brasil, no último ano, ultrapassando, pela primeira vez, o faturamento de CDs e DVDs. Segundo o relatório, divulgado pela Pró-Música, as maiores gravadoras do país chegaram a faturar R$ 5 milhões com as vendas dos LP's. Em Belém, a procura por vinil também cresce a cada ano, especialmente entre o público jovem que costuma colecionar estas mídias físicas em seu acervo.

Na capital paraense, os fãs de vinil possuem um espaço gratuito a sua disposição: a Fonoteca Satyro de Mello, no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur). No espaço existe um acervo extenso de artistas regionais, nacionais e internacionais. Foi lá, em 2019, que a estudante Julie Camarão, de 21 anos, teve seu primeiro contato com estes discos. A paixão imediata pelos LP's fez a jovem se aprofundar na história do vinil e iniciar uma coleção destes objetos musicais.

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"Passeando pelo Centur me deparei com ela [a fonoteca]. Me chamou atenção logo de cara porque adoro música. Meu ritmo musical favorito é pop, mas fui para lá com o intuito de ouvir músicas do anos 80/90 e encontrei meus favoritos: Madonna, Michael Jackson e A-Ha", relembra Julie.

image A fonoteca Satyra de Mello abre de segunda a sexta, das 9 às 18 horas (Foto/Ivan Duarte/O Liberal)

Nas redes sociais, ela compartilha periodicamente conteúdos que unem os conhecimentos arquitetônicos que ela aprendeu na faculdade, somados à paixão por Belém. Recentemente, Julie publicou um vídeo no Instagram mostrando aos seguidores o espaço musical localizado no Centur. Imediatamente, o vídeo viralizou e muitas pessoas começaram a procurar a fonoteca, que existe desde junho de 1987 na cidade.

"A repercussão foi uma surpresa, principalmente porque muita gente não conhecia o local. Fiquei muito feliz. A fonoteca é um local que eu me sinto muito à vontade, um lugar muito imersivo."

A existência de locais voltados aos discos de vinil são de extrema importância para a estudante de arquitetura. Como atualmente as músicas estão disponíveis nas plataformas digitais, Julie acredita que o espaço dedicado à música surge como uma forma de cuidado para as mídias físicas não caírem no esquecimento. "Escutamos música virtualmente, mas nem se compara com vinil/cd. É maravilhoso. Deveriam existir mais lugares como esses por aqui", diz.

image O espaço localizado na avenida Gentil Bittencourt guarda obras procuradas pelos jovens (Foto/Ivan Duarte/O Liberal)

O DJ paraense Júnior Almeida é colecionador de vinil e cresceu imerso nas músicas tocadas em aparelhagens e em ritmos oriundos de outros países. Há cinco anos, Júnior criou o espaço cultural Sonoro Paraense, que também virou tema de um documentário, como um resgate à cultura do vinil. No local, muitas pessoas se reúnem para conversar ao som de músicas tocadas em discos que fazem parte da vida de Júnior.

"Minha família toda era envolvida nesse projeto aí de sonorização. A gente gravava fita cassete em um estúdio de gravação e vinil. A nossa vida toda foi trabalhar com disco de vinil. Tínhamos um leque de discotecagem muito legal e isso me encantou. Já com uns 12 anos comecei a tocar para sobreviver e por amor. Nossa família dependia mesmo do disco de vinil e tinha de todos os estilos", relembra.

image Centro cultural virou tema de documentário e foi fundado há cinco anos em Belém (Foto/Divulgação/Sonoro Paraense)

No espaço físico, localizado na Avenida João Paulo II, o paraense também realiza lives tocando vários ritmos musicais. Além do centro cultural Sonoro Paraense, Júnior toca em outros lugares de Belém e comemora o resgate à cultura dos LP's, especialmente entre os jovens. Ele conta que é emocionante ver pessoas mais novas comprando estes discos e se informando sobre o todo o processo de criação do vinil.

"Muita gente vem aqui no espaço perguntar o que é isso [vinil], de onde veio, quem é esse produtor. É muito interessante, muito legal, a gente fica assim vendo que a história não morre. O norte, a Amazônia, é muito rica em termos de vinil. Somos bem nostálgicos. A gente gosta disso porque eles se vêm dos nossos pais, isso cria uma linha de tempo entre família. Esse é o respeito que você tem pelos ancestrais e isso é formidável."

Além dos consumidores, que buscam o vinil para colecionar, também existem pessoas mais novas que mergulharam na discotecagem, assim como Junior faz há bastante tempo. Para ele, reviver algo que era forte em outras décadas é de extrema importância até mesmo para a cultura paraense, que possui grandes artistas com seus clássicos ainda encontrados e muito procurados em vinil, como exemplo o cantor Teddy Max e Juca Medalha.

image Junior nasceu em uma família apaixonada por música e vinil (Foto/Reprodução/Instagram: @sonoroparaense)

"Quando eu vou tocar em alguns lugares e vejo os meninos mais novos tocando, eu fico muito emocionado. Eu gosto muito, porque eu vi que esses discos não ficaram esquecidos. Isso quer dizer que a gente tem carinho com a nossa história. Belém guarda a história. Se rendeu a outros lugares, a outros países. A gente guarda nossa história", diz Júnior.

(*Juliana Maia, estagiária sob supervisão do Coordenador do Núcleo de Cultura de Oliberal.com, Abílio Dantas)

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