Obra de Sebastião Tapajós é reconhecida como patrimônio imaterial do Pará

A lei de reconhecimento foi sancionada pelo governador Helder Barbalho

Enize Vidigal
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Falecido há nove meses, aos 79 anos de idade, o violonista alenquerense Sebastião Pena Marcião, o Sebastião Tapajós, teve a obra musical declarada como patrimônio cultural de natureza imaterial do estado do Pará, por meio da Lei nº 9.652, publicada pelo governador Helder Barbalho no Diário Oficial do Estado, do último dia 1º de julho. Em quase 70 anos de carreira, Tapajós lançou mais de 50 discos e representou a música da Amazônia em concertos nacionais e internacionais.

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Autor de um número extenso - porém não sabido - de composições, a sanção da lei pode servir para definir um plano de salvaguarda do legado de Sebastião Tapajós. "Quando a gente perguntava pra ele: ‘Sebastião, quantas músicas você tem?’. Ele respondia: '200, mas acho que são 500, talvez 700’”, recorda Carmen Ribas, que foi produtora do artista por muitos anos. “Ele não contava quantas músicas tinha. Uma das coisas que a gente precisa retomar urgente é contabilizar. Afinal quais são essas obras e onde elas estão?”, completa.

Conheça a carreira de Sebastião Tapajós 

Nascido em 16 de abril de 1943, Sebastião Tapajós fez o primeiro concerto aos 11 anos, no Theatro da Paz, e lançou o primeiro disco em 1967, “Violão e Tapajó”. Se formou no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, estudou também na Espanha e dedicou-se à pesquisa da música popular e folclórica. 

Em 1970, fez turnês com Paulinho da Viola e Maria Bethânia, gravou na Alemanha e lançou discos com temas regionais e da América Latina. Em 1992, recebeu o prêmio de Melhor Músico Brasileiro, pela Academia Brasileira de Letras e, em 2013, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Em 2017, foi fundado o instituto com o nome de Sebastião Tapajós para a difusão da obra dele e de outros artistas locais.

A sanção governamental atendeu ao projeto de lei de autoria da deputada Dilvanda Faro (PT), que foi aprovado à unanimidade pela Assembleia Legislativa do Pará.

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Emoção

O reconhecimento da obra de Sebastião Tapajós como patrimônio imaterial emociona a viúva do músico, Tanya Marcião. “A gente fica sem palavras… Graças a Deus! A gente sabe que a obra dele jamais será esquecida. É uma conquista, um reconhecimento raro. Espero que a partir daí as partituras de músicas dele sejam perpetuadas nas escolas de música. Ele sempre estava incentivando quem queria aprender”, conta.

“Toda e qualquer demonstração de carinho pela obra dele, pelo que ele significa, principalmente pela obra amazônica de tamanha importância, é importante. É um presente pelos 80 anos que ele completaria este ano”, avalia Carmen Ribas.

Enquanto medidas de salvaguarda não são definidas, os familiares e amigos do falecido artista continuam buscando visibilidade para a obra dele. Atualmente, três projetos estão inscritos em editais de incentivo cultural: O primeiro é a produção de um livro com o registro de fotos, partituras e depoimentos sobre Sebastião Tapajós; o segundo, um sarau em Belém para marcar um ano de falecimento do músico; e um projeto para que crianças, adolescentes e jovens possam ter acesso à obra de do violonista amazônico. 

“O Sebastião sempre quis que a obra dele fosse acessível e disponível às novas gerações de músicos, pois reconhecia nela as características da Amazônia que conquistaram o mundo inteiro. Ele queria que os jovens se inspirassem nisso para produzir mais música e poder continuar mostrando-a ao mundo”, lembra Carmen.

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