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Luiz Braga abre nova exposição na Galeria Leme/AD, em São Paulo

O publico poderá conferir 20 obras inéditas todas em cores realizadas principalmente na ilha de Marajó e na região ribeirinha de Belém

Camila Martins, Especial para O Liberal
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A Galeria Leme/AD, de São Paulo, abre neste sábado, 17, a quarta mostra individual do fotógrafo paraense Luiz Braga, com texto de Tadeu Chiarelli. Braga entrou na faculdade de arquitetura, mas viu-se envolvido na periferia de Belém e assim passou a fotografar as cores vibrantes que viraram sua marca registrada.

A galeria representa o artista há 10 anos na cidade de São Paulo. Hoje, ele menciona o fato do termo "caboquice", que se refere aos "cabocos" – sem a letra L – (descendentes de índios na região amazônica), ser utilizado de forma depreciativa, pois enxerga como uma qualidade e um diferencial. "O mundo está muito igual e a cultura do lugar tem um tempero diferente, que está nas artes, na música, na comida e na natureza”, afirma Luiz Braga.

“A cultura do caboclo é o que diferencia a Amazônia do resto do mundo. A casa, a pintura do barco, a forma como ele se veste, assim como a comida”, completa o artista.

image Obra "chegadas e partidas", que integra a exposição de Luiz Braga na Galeria Leme/AD (Luiz Braga/ Divulgação)

Segundo Tadeu Chiarelli (ex diretor da Pinacoteca do estado de São Paulo, catedrático da USP, curador e pesquisador), há anos o artista aprofunda essa indagação sobre a imagem fotográfica, enfatizando sua construção postiça. “Ali, o que rege a autenticidade da imagem não é o seu contexto: não importa se ela foi feita em Belém do Pará ou, na Palestina, pois o que conta, no resultado final, é a coerência interna das formas em relação à luz e as cores, Foi produzida em Belém do Pará? Isso é um detalhe 'extraquadro', uma curiosidade para quem gosta de tecer narrativas em volta das imagens”.

Na exposição o publico poderá conferir 20 obras inéditas todas em cores realizadas principalmente na ilha de Marajó e na região ribeirinha de Belém. Sua obra está presente em importantes coleções tanto públicas como privadas no Brasil e no exterior. Luiz Braga segue morando e trabalhando em Belém e estará presente no salão Arte Pará deste ano, com curadoria de Paulo Rekenhoff, como júri convidado, além de ter obras no acervo da fundação Romulo Maiorana.

Trajetória marcada pela inovação na técnica

No transcorrer de sua trajetória enquanto fotógrafo, Luiz Braga optou por não seguir as instruções da indústria para o uso de determinados tipos de filmes. Árvore em Mosqueiro, 1991, demonstra bem esse procedimento segundo Tadeu Chiarelli. "Produzida em franca desobediência às prescrições da indústria, frente àquela imagem não experimentamos as 'cores do norte' ou a 'luz de Mosqueiro' etc., mas, sim, a luz e as cores do filme fotográfico instrumentalizadas pelo artista para que a imagem ganhasse autonomia em relação ao referente".

image Imagens da nova individual de Luiz Braga foram captadas em diversas regiões do Pará, como no Tapajós (Luiz Braga/ Divulgação)

Com a chegada da fotografia digital, o artista buscou agregar à sua poética as possibilidades desse novo meio. "Assim, se antes o artista conseguia os efeitos tão característicos de suas imagens por meio do uso 'indisciplinado' dos filmes à venda nas melhores casas do ramo, a partir de então, ele irá buscar tais resultantes na deturpação dos dispositivos previamente estabelecidos nas câmeras digitais".

Luiz Braga começou a expor seus trabalhos na década de 1970. Em 1988, ganhou o Prêmio Marc Ferrez, do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte. Ganhou também o Leopold Godowsky color Phothography Award, da Universidade de Boston. Em 2009 esteve entre os dois brasileiros a serem convidados para a Bienal de Veneza na Italia. No final de 2014 realizou a exposição Retumbante Natureza Humanizada, com curadoria de Diógenes Moura, premiada como a melhor exposição de fotografia pela APCA naquele ano.

"Ficaram conhecidas as imagens que Braga produziu usando livremente o procedimento 'nightvision', transformando, sobretudo a paisagem do Pará, em cenas gélidas e paralisadas no tempo - paródias mais do que irônicas à busca incessante do 'very typical', com a qual muitos fotógrafos ainda querem adjetivar suas produções relativas a um Brasil profundo e de tudo destituído", completa Tadeu Chirarelli.

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