Grupo Teatro e Palha apresenta espetáculo ‘Batista em Corpo & Fúria’ em Abaetetuba
Com sessões abertas ao público, a peça conta a história do líder da Cabanagem

Uma livre adaptação da obra “Batista”, do dramaturgo paraense Carlos Correia Santos, será apresentada pelo Grupo de Teatro Palha nos dias 8, 9 e 10 de agosto, no Auditório do Colégio São Francisco Xavier, em Abaetetuba. O espetáculo “Batista em Corpo & Fúria” resgata a história do Cônego Batista Campos, figura fundamental da Cabanagem e símbolo da resistência popular no Pará e no Brasil. A apresentação é gratuita e começa às 19h em todos os dias.
A montagem busca retratar Batista não apenas como um personagem histórico, mas como uma presença viva, pulsante e necessária nos dias atuais. No século XIX, o cônego foi o líder ideológico da maior revolta popular da Amazônia, lutando ao lado de indígenas, caboclos e negros em busca de liberdade, pertencimento e justiça. Seu legado é revelado no palco com poesia e força.
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Stéfano Paixão, um dos protagonistas, destaca a importância de levar a peça a locais onde a paisagem ainda guarda as marcas dessa luta coletiva:
“A peça é também um gesto de memória coletiva. Ao ser apresentada em diferentes regiões do estado, ela leva a história da Cabanagem aos territórios que ainda carregam, em suas paisagens e gentes, as marcas dessa resistência. O teatro, neste projeto, torna-se ferramenta de educação, mobilização e afeto.”
Além disso, Stéfano explica que interpretar uma figura histórica exige cuidado com os detalhes reais, sem perder a dimensão humana:
“Interpretar alguém que de fato existiu não é tarefa fácil. É um jogo perigoso, porque precisamos acionar a imaginação sem nos desligar dos fatos. Mas o texto nos conduz nesse processo — ele aponta o caminho da construção.”
O ator revela que, inicialmente, via Batista como uma figura mítica, quase um "herói de capa e espada". Porém, ao mergulhar nos ensaios, descobriu um homem cheio de contradições e fragilidades:
“É justamente nessa complexidade que o personagem se fortalece — um ser em permanente luta por um ideal, que colocou seu corpo e alma a serviço de uma causa libertária.”
Kesynho Houston, outro intérprete de Batista, compartilha a emoção de dar vida a um símbolo da resistência amazônica:
“Contar uma história que é nossa é uma emoção muito grande. Fazer do teatro uma arma contra o esquecimento significa muito para mim. Trabalho uma interpretação cheia de nuances, onde não só o texto, mas o corpo, expressa as múltiplas personas dessa trajetória.”
O espetáculo será apresentado de 8 a 10 de agosto, no Auditório do Colégio São Francisco Xavier (Abaetetuba), com entrada gratuita.
(*Gustavo Vilhena, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Abílio Dantas, coordenador do núcleo de Cultura)
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