Fórum Arte pela Justiça Climática traz a Belém dois dias de programação gratuita com obras inéditas
Evento traz artistas de mais de 20 países que irão apresentar performances, instalações e filmes nos dias 20 e 21, no Curro Velho
Inicia nesta sexta-feira, 20, em Belém, o evento internacional Fórum Arte pela Justiça Climática, que ocupa o Curro Velho até sábado, 21. Artistas e ativistas de mais de vinte países convidam o público a conhecer seus trabalhos e experiências, com entrada franca.
O Fórum é composto por performances, instalações de arte, shows e mostra de filmes inéditos no Brasil; além de programação formativa, com oficinas e rodas de debate sobre crise climática ministradas por convidados da Guatemala, Brasil, Porto Rico, Moçambique, Índia, Palestina, África do Sul, Equador, Colômbia, Egito, Argélia, Portugal, Angola, Malásia, Estados Unidos, São Martinho, Indonésia, China, Gana e Argentina.
A organização do evento é do Prince Claus Fund e do Open Society Foundations, dois fundos internacionais voltados ao incentivo de iniciativas de arte e cultura comprometidos com a justiça climática no planeta. O assunto é urgente, sobretudo diante das queimadas recordes na Amazônia, que resultaram em 31 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) emitidos na atmosfera este ano, segundo dados do Observatório do Clima (OC).
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“O Fórum traz para Belém obras que nunca foram apresentadas no Brasil, filmes que só poderiam ser exibidos nesta oportunidade de intercâmbio promovida pelo projeto, já que são filmes independentes que estão longe do circuito comercial. E mais especial ainda: os artistas estarão aqui, falando sobre suas motivações, inspirações e contextos para a produção dessas obras que são políticas e de denúncia da crise climática. Então essa é uma programação valiosa e única”, diz Priscila Cobra, jornalista e carimbozeira afro-indígena de Icoaraci, que assina a curadoria do Fórum ao lado de Renata Aguiar, artista visual, educadora e pesquisadora amazonense radicada em Belém, e Zayaan Khan, artista da África do Sul que trabalha em defesa da justiça alimentar, da distribuição da terra e do uso de sementes, por meio da contação de histórias e artes multidisciplinares.
Hoje, a programação começa com a performance “Ao buscar minhas raízes, sinto-me arrancado”, de Lapdiang Syiem (Índia). Em seguida, Sofía Acosta, do Equador, apresenta a performance "Lago Agrio, um lugar onde as histórias do petróleo e da família se entrelaçam".
Após as performances, haverá exibição do filme "O Que Pode Vir Acontecer", seguida de conversa com Marianne Fahmy (Egito), mediada por Benji Boyadgian (Palestina). O filme especulativo imagina as consequências de uma inundação prevista para acontecer devido ao aumento do nível do mar, que submergiria o Delta do Nilo no Egito.
A mostra de cinema segue com "Carimbó Raiz da Vida", um filme que mescla a música de Priscila Cobra com as imagens à beira do rio de Marcos Corrêa. A obra é uma construção híbrida de poesia audiovisual, criada a partir da simbiose dos olhares de dois nortistas negros
Mohamed Sleiman Labat (Argélia) apresenta "DESERT PHOSfate", filme baseado em perspectivas e filosofias do modo de vida saharaui. O documentário experimental explora a história do fosfato. O filme examina as diversas narrativas sobre a conexão com a terra, as partículas de areia, as plantas e o deslocamento humano e mineral.
Haverá ainda a exibição de filme e conversa com Mônica de Miranda (Portugal/Angola), mediada por Joyce Cursino (Brasil). "Como se o Mundo Não Tivesse Oeste" e "Caminho para as Estrelas" são filmes que se passam na Angola e que compõem uma sequência de quatro partes.
Grey Filastine (Estados Unidos) traz a surpreendente instalação "Enxame sonoro: criando intervenções de áudio no espaço público", que mostrará como o artista usa o som no ativismo, em protestos e na arte. Já Yara Costa (Moçambique) apresenta a instalação "Nakhoda e a sereia", uma experiência imersiva, multissensorial que alerta para a forma como populações costeiras africanas do Oceano Índico estão sendo afetadas pelas consequências do aquecimento global.
O dia 21 abre com a exibição de filme e conversa com Negritar Filmes (Brasil). "A 7 palmas da Liberdade" conta a história de Raimundo e Maria, um quilombola e uma indígena de Vila Nossa Senhora da Batalha, localizada no nordeste do Pará. Depos, Tareq Khalaf (Palestina) exibe "Azziza’s Garden: A film in process". O filme explora a jornada do artista de retornar à Palestina e perceber a profunda conexão com o lar.
Nova Ruth (Indonésia) e Grey Filastine (Estados Unidos) apresentam a performance “Arka Kinari em Terra", que combina vídeo, música e histórias. Os dois artistas, que vivem em um veleiro, compartilharão a viagem de seu barco Arka Kinari.
A programação encerra com shows de grupos de carimbó. Os Quentes da Madrugada, grupo fundamental na preservação da herança cultural da manifestação, e Sereias do Mar, formado por mulheres ribeirinhas e liderado por Dona Bigica e e Dona Maria Cristina Monteiro.
Agende-se
Fórum Arte pela Justiça Climática
Data: 20 e 21 de setembro
Local: Curro Velho, em Belém
Hora: 9h às 19h, no Curro Velho, em Belém. Confira a programação completa aqui
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