Filme “Sexa” destaca estreia de Guilherme Gonzalez como roteirista no cinema
Filme é dirigido e protagonizado pela atriz Glória Pires e questiona os limites impostos a mulheres sexagenárias
Em cartaz nos cinemas brasileiros desde o último dia 11, o filme “Sexa” marca a estreia do paraense Guilherme Gonzalez como roteirista de cinema. Dirigido e protagonizado por Glória Pires, o longa é uma comédia romântica que acompanha Bárbara, uma mulher de 60 anos que vive um relacionamento com um homem de 35, abordando temas como desejo, autonomia e envelhecimento feminino sob uma perspectiva sensível e contemporânea.
Nascido em Oriximiná, no oeste do Pará, Guilherme construiu uma trajetória de mais de 20 anos como ator em novelas e séries de TV antes de migrar para a escrita teatral e cinematográfica. Ele é também dramaturgo. Em 2021, foi reconhecido com o Prêmio APTR de Melhor Autor Nacional pela peça “Rainha”, vencedora também do Festival Mix, além de prêmios no Sweek e no Concurso Novos Roteiristas.
Em entrevista ao Grupo Liberal, Guilherme conta que a escrita surgiu como alternativa à instabilidade da carreira de ator. O ponto de virada aconteceu em 2018, durante gravações de uma novela, quando se ofereceu para escrever um filme para Malu Mader, mesmo sem formação específica em roteiro. A parceria deu início a um processo de aprendizado intenso e, hoje, ele divide a autoria do projeto com Malu, Tony Bellotto e Erika Mader.
O roteirista afirma que sempre teve facilidade com a escrita, mas que foi ao “apurar o olhar para o mundo” que encontrou a dramaturgia que deseja fazer. Entre os próximos trabalhos estão um filme sobre a atriz Cacilda Becker, previsto para 2026, e a cinebiografia de Carmen Miranda, dirigida por Bruno Barreto.
O projeto de “Sexa” nasceu como peça teatral, pouco antes da pandemia, com a intenção de questionar padrões impostos às mulheres, especialmente em relação ao envelhecimento. Durante o isolamento, Guilherme adaptou o texto para o cinema e, incentivado por amigos, enviou o roteiro a Glória Pires, que não só aceitou protagonizar como também decidiu dirigir o filme.
Para Guilherme, o processo de escrita foi marcado pela escuta e pela empatia. "Embora eu seja um homem escrevendo sobre um drama feminino, sempre trabalhei a partir da escuta e do respeito. Acredito que a escrita é esse lugar de empatia, de se colocar no lugar do outro. Tive a sorte de contar com a colaboração direta da própria Glória Pires e da nossa produtora, Bianca Lenti, que foram fundamentais para me guiar na construção dessa narrativa. 'Sexa' é fruto de um diálogo constante, de confiança e de troca, e talvez por isso o processo tenha sido tão fluido e vigoroso".
Ele também revela planos futuros, incluindo um thriller ambientado em Belém, com elementos da cultura local, e reforça o desejo de desenvolver projetos integralmente paraenses, fortalecendo o audiovisual da região. "Atualmente, tenho com a mesma produtora de 'Sexa' no Rio de Janeiro, a Giros Filmes, o roteiro de um thriller ambientado em Belém, envolvendo vingança, brega, Clube do Remo e muita ação. No próximo ano, iniciaremos a pré-produção e certamente buscaremos um coprodutor local. Além disso, tenho na gaveta uma série inspirada em um fato histórico ocorrido no Pará, um projeto que desejo muito tirar do papel. Tenho um desejo real de desenvolver um projeto cem por cento paraense e adoraria estreitar contato com produtoras da cidade para viabilizar essa realização", finaliza o roteirista.
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