Filme retrata vivências de artesãos e seus modos de fazer os trançados do Arapiuns
“O Trançado” foi aprovador em concurso da Fundação Tide Setubal

No coração do Baixo Tapajós, uma produção audiovisual regional capta a essência das tradições dos artesãos que tecem os trançados do Arapiuns. Intitulado "O Trançado" o curta documentário é um destaque da terceira temporada da websérie "Ancestrais do Futuro", produzido pela Fundação Tide Setubal.
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O filme é a primeira produção nacional da Souza.Doc, produtora audiovisual com sede em Santarém, no Oeste do Pará, e já possui um feito significativo. A Souza.Doc competiu com coletivos de todo o Brasil e foi selecionada como uma das cinco finalistas em concurso promovido pela Fundação Setubal. Victor Souza, o realizador audiovisual por trás da produção, expressou sua alegria com o projeto, destacando sua importância para a comunidade de Vila Coroca.
"A Souza.DOC participou de um laboratório com várias produtoras e tivemos a oportunidade de colocar na mesa um projeto que idealizamos desde 2019. O fato dele ter sido aprovado é de uma felicidade imensa tanto para nós quanto para a comunidade da Vila Coroca", conta.
As filmagens ocorreram em Vila Coroca, às margens do rio Arapiuns, e duraram três dias, documentando os artesanatos e as histórias dos membros da Associação dos Artesãos e Artesãs das comunidades de Nova Pedreira, Vista Alegre e Coroca do Rio Arapiuns (AARTA). O documentário tem lançamento previsto para o dia 08 de novembro, na Plataforma do YouTube, no Canal “Enfrente”. A produtora santarena também planeja um pré-lançamento presencial do filme para a comunidade local.
O modo de fazer o trançado do Arapiuns
A palha utilizada para fazer o trançado vem do broto do tucumanzeiro, folha espinhosa que demanda cuidados para evitar acidentes. Ela é amarrada na ponta de uma vara e necessita de técnica de manuseio para a sua retirada. Após tirar todos os espinhos, a palha é posta para secar por três dias, sendo a última noite passando do sereno, na umidade do tempo, até ficar clara e macia.
"Muitas artesãs já sofreram acidentes (durante a colheita das palhas) que caíram no rosto ou na cabeça. Então é um pouco arriscado fazer esse processo", conta a artesã Luziete Correia, uma das entrevistadas do projeto. E se submeter a esse perigo, além de tradição, é também como elas ganham a vida. "A gente tem que fazer porque é de lá que a gente tira as palhas e o nosso sustento", completa a artesã.
Essas tradições ancestrais são agora oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural, histórico e imaterial de Santarém, graças ao Projeto de Lei número 21.491, sancionado em abril de 2022. "Nosso trabalho é uma homenagem a essa riqueza cultural que agora se tornou um patrimônio inestimável da Amazônia", conclui Souza.
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