CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Comunidade Coroca: turismo comunitário é uma das riquezas da Amazônia em Santarém; veja o vídeo

Trabalho com produção de mel, criação de tartarugas e artesanato envolve oito comunidades localizadas à margem esquerda do rio Arapiuns

Ândria Almeida

A comunidade Coroca, localizada na margem esquerda do rio Arapiuns, a aproximadamente 1h30 da zona urbana do município de Santarém, no oeste do Pará, tem se destacado por sua crescente visibilidade no turismo de base comunitária. Isso se deve à criação de abelhas e tartarugas amazônicas, além do artesanato conhecido como os famosos "Trançados do Arapiuns", feito da palha seca da planta Tucumã, raízes e frutos, estilo que tem ganhado o mundo. A confecção feita manualmente vem do trabalho e criatividade dos moradores de oito comunidades da região Arapiuns.

image Praia do Icuxí é um dos pontos de 'parada obrigatória' no caminho da comunidade Coroca (Ândria Almeida/ O Liberal)

O restaurante da comunidade com oferta de peixes da gastronomia regional é outra atração para os turistas. Um verdadeiro ambiente com opções interessantes dentro da Amazônia, ao qual envolve dedicação e que fortalece a cultura gerando renda familiar das atividades dos projetos desenvolvidos. 
Ao todo, vivem nesse ambiente paradisíaco uma população de 70 pessoas, sendo 18 famílias. Eles se dividem para cuidar de todas atividades turísticas de meliponicultura, criação de tartarugas e artesanato.

image Restaurante da comunidade tem opções de peixes regionais, carne e galinha caipira (Ândria Almeida/ O Liberal)

Artesanato - “trançados do Arapiuns”

A comunidade dispõe de uma loja de artesanato, todos os projetos são feitos à mão e 100% com insumos da natureza, como as sementes, fibras, pigmentos de folhas, frutos e raízes. Essa prática artesanal produz cestaria, biojoias, bolsas, potes, descansos de pratos, entre outros.

image Comunidade tem uma loja de artesanato com vendas de produtos feitos com insumos da floresta (Ândria Almeida/ O Liberal)

O “Trançado do Arapiuns” fomenta a economia de parte da região de rios. Os objetos são feitos nas comunidades de São Miguel, Nova Cidade, Tucumã, Nova Pedreira, Vista Alegre, Vila Gorete e Vila Brasil, e Coroca.

O trabalho é feito através de uma associação e gera renda para aproximadamente 160 famílias da região. Odinaldo Santos Pereira é artesão há 15 anos, ele trabalha na confecção de bolsas e fruteiras, mandalas, entre outros. “Nosso artesanato é feito a partir de uma fibra retirada do Tucumã que é uma planta que tem espinhos. Depois de limpa, a fibra seca forma os trançados. As cores são feitas todas de forma natural, com o pigmento extraído de raízes e folhas e frutas”, detalhou.

Os produtos são vendidos pela associação instituída pelas oito comunidades que também tem uma loja no Centro de Artesanato Cristo Rei, em Santarém, de onde é feita a distribuição para os clientes locais, de outros estados e países. No entanto, muitas pessoas preferem ir até a “fonte”, na loja situada na comunidade de Coroca.

Visitantes

O Arapiuns é cercado por belezas naturais, como praias, lagos e trilhas, o que tem atraído muitos turistas interessados em conhecer a região. A culinária regional também tem sido um sucesso entre os visitantes. No cardápio dos restaurantes o prato principal são os peixes de água doce, mas também oferece a opção de carnes e galinha caipira.

A comunidade Coroca, é uma das principais localidades com estrutura e atrações turísticas. Devido a essa organização com foco no turismo de experiência, as famílias têm gerado renda e sustentabilidade, o que tem sido muito importante para o desenvolvimento da região.

Seu Anivaldo dos Santos, de 73 anos, nasceu na comunidade Coroca. Ele é um dos responsáveis pela criação das tartarugas amazônicas desde o início do projeto. Anivaldo conta que a atividade é feita através da associação criada em 1984. A criação iniciou com uma doação do Ibama de 3 mil filhotes. " Desde lá, lutamos pelo desenvolvimento da comunidade. No ano de 2009 tivemos uma grande enchente e perdemos quase 70% da criação, que foi embora para a natureza", enfatiza.

Segundo ele, após a perda, os comunitários iniciaram o projeto de preservação das tartarugas que ficam no lago. "Até que no ano de 2019 elas começaram a reproduzir, e agora já estamos com aproximadamente 3.800 tartarugas no total, entre adultas e filhotes", disse.

As belezas do local não atraem somente pessoas de outros estados e países, os santarenos buscam a região como refúgio nos finais de semana. Seu Joaquim Pereira não perde a oportunidade de ir até a comunidade. “Sempre navego pelo Rio Tapajós, moro na beira da praia e sempre estou aqui. O Rio Arapiuns é um afluente do Rio Tapajós onde tem uma água muito clara e muito cristalina, com praias de areias brancas. Hoje eu vim aqui na comunidade Coroca trazer uns amigos que moram fora, um em Belém e outro na Alemanha, para conhecer as tartarugas e as belezas do local”, contou.

A mineira Patrícia Amorim, que visitou a comunidade com o marido, afirma que o passeio foi surpreendente. “É maravilhoso e muito diferente de Brasília, onde moramos. Tudo para a gente aqui é novidade”, contou.

image Berçário abriga mais de 2 mil filhotes de tartarugas (Ândria Almeida/ O Liberal)

Berçário abriga mais de 2 mil filhotes de tartarugas

Para aumentar a criação de tartarugas, os comunitários fizeram um berçário para abrigar os filhotes até que eles estejam fortes o suficiente para não serem devorados por predadores.

Atualmente, existem 2.120 filhotes no local. Eles são levados para a área de proteção logo após o nascimento que acontece às margens do lago e da praia. "No ano passado, de 1.216 que estavam aqui, perdemos apenas 5 filhotes. Já neste ano, graças a Deus, foram só duas. Elas nasceram grudadas e não resistiram a divisão e morreram depois de 7 dias", relatou.

Lago das Corocas

image Mais de 3 mil tartarugas adultas são criadas no lago das Corocas (Ândria Almeida/ O Liberal)

As tartarugas adultas ficam no lago das Corocas, onde é realizado um dos passeios pela comunidade. O lago é bastante extenso e conta com uma maloca flutuante que permite aos turistas alimentar as mais de 3 mil tartarugas com ração. Os animais são bastantes dóceis e basta uma movimentação para que elas subam até a superfície e em questão de segundos, milhares de cabeças e cascos ficam nadando em volta da estrutura. Seu anivaldo está tão acostumado que dá a ração na boca dos animais com direito a carinho nos cascos. "Há 25 anos que eu cuido delas diariamente, tenho muito carinho envolvido neste trabalho que tem dado tão certo que futuramente pretendemos expandir para outras comunidades", revelou.

Meliponicultura

Outro atrativo do local é a meliponicultura realizada por 10 famílias da comunidade que tem uma criação de 300 caixas de abelhas das espécies sem ferrão de canudos e Jandaíra. A atividade representa 60% da renda da comunidade.

Da meliponicultura, os comunitários produzem mel para comercialização, além de derivados, como licor de mel e mel com pimenta, sabonetes e outros.

Os visitantes fazem uma visita às caixas ocupadas pelas abelhas e tem a oportunidade de olhar a estrutura dentro da comédia.

Como chegar na comunidade?

É possível chegar até a comunidade de Alter do Chão, através de passeios oferecidos ou da frente da cidade de Santarém por meio de barco de linha com retorno no dia seguinte. Nossa reportagem foi levada pelo guia turístico e piloto de lancha, Jucivaldo Mota. Ele oferece passeio para 10 pessoas com ida e volta pelo valor de R$2000 com direito a paradas nas praias do Icuxi e Ponta Grande, igarapé do Jarí, praia do Toronõ, que ficam no caminho.

image Comunidade Coroca: beleza e preservação ambiental localizada às margens do rio Arapiuns (Ândria Almeida/ O Liberal)

A Coroca pode ser visitada durante todo o ano, de acordo com os moradores, em um dia bom, o número de turistas chega a 120 pessoas, vindos de todos os lugares do Brasil.

Para contratar o passeio do seu Jucivaldo Mota, o telefone é (93) 99163-3412.

Onde se hospedar na comunidade?

O local tem um redário aberto logo na entrada da comunidade, além de duas famílias que também recebem os visitantes para hospedagem. No redário, o valor da diária é R$40 com direito a café da manhã, já nas casas o valor da hospedagem varia.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ