Exposição de estudantes sobre arte drag é atacada na UFPA
Curadores notaram que peças foram vandalizadas e desorganizadas na última segunda-feira (29)
Uma exposição sobre a arte drag foi vandalizada na Universidade Federal do Pará (UFPA) neste final de semana. A exposição "Themônias: A Arte Drag na Amazônia" com a curadoria de estudantes do curso de museologia teve peças como maquiagens destruídas, textos expositores danificados, vestimentas reviradas e o livro de presença rasurado com todas as folhas riscadas. Os materiais foram cedidos pelo coletivo Themônias. A polícia do campus investiga o crime.
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Para os estudantes de Museologia, responsáveis pela exposição, o vandalismo é um claro crime de preconceito e ódio. Os curadores notaram a destruição do patrimônio quando abriram, na última segunda-feira (29), a sala de exposições localizado na Faculdade de Artes Visuais (FAV), no campus Guamá, em Belém.
Veja fotos dos materiais vandalizados
'Ataque de ódio'
"A nossa avaliação em um primeiro momento é que foi ataque de ódio. É a primeira vez que uma exposição curricular na UFPA é atacada desta forma. Não temos desavença ou briga com ninguém, isso não é retaliação. A pessoa que fez isso foi muito específica e frontal no ataque", avalia a estudante do sétimo semestre de Museologia, Paola Oliveira, uma das curadoras da exposição.
Antes do ataque, um espaço reservado para comentários do público tiveram mensagens questionando a necessidade da exposição, mas nada que levantasse suspeitas.
A polícia do campus esteve no local na segunda-feira (29) e informou que averiguará as imagens de segurança e, caso não encontrem nada, aprofundará a investigação. O órgão não deu um prazo para resposta.
A UFPA divulgou nota à imprensa declarando que "repudia todo e qualquer ataque à arte e à cultura e se solidariza ao corpo discente, docente e técnico-administrativo do Curso de Museologia e da Faculdade de Artes Visuais ante à vandalização da exposição acadêmica Themônias: A Arte Drag na Amazônia".
A instituição informou que "o Setor de Segurança da instituição foi notificado da ocorrência e o caso já está sendo investigado para identificação de responsável e adoção das providências cabíveis". "A UFPA reafirma o seu respeito à diversidade e à pluralidade no ambiente acadêmico e em todos os espaços de nossa sociedade", completou.
O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) - órgão ligado ao Governo Federal - também emitiu nota sobre o ocorrido repudiando o vandalismo. "A diversidade cultural brasileira, que inclui a diversidade sexual, deve ser conhecida e celebrada, não destruída. O Ibram se solidariza com os alunos e professores do curso de Museologia da UFPA e pede às autoridades paraenses a devida investigação e responsabilização deste ato lamentável", informou.
Leia nota completa do Ibram aqui.
Outros órgãos como o Conselho Federal de Museologia (COFEM), Conselho Regional de Museologia (COREM) e centros acadêmicos de outros cursos também repudiaram o ataque.
Exposição continua
Os estudantes de Museologia continuarão com a exposição até o dia 29 de junho. A curadoria reforçará a segurança com a presença de mediadores e curadores no local com mais atenção a possíveis mensagens de ódio ou ameaças.
O cronograma de atividades foi mantido com uma palestra com Shayra Brotero do Coletivo Themônias, no dia 15 de junho, na sala de projeção na Faculdade de Artes Visuais (FAV). No último dia da exposição, dia 29, haverá uma roda de conversa com os artistas trans que fazem parte do coletivo, no hall da FAV.
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