Exposição 'Eu, Depois de Ti' mostra mães e bebês que precisaram de UTI ao nascer

“Eu, depois de ti” é a exposição fotográfica de Otávio Henriques sobre o cotidiano de oito famílias cujas mães deram à luz no Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB), inaugurado há um ano e dois meses.

Esses bebês nasceram com problemas de saúde, a maioria prematuros, e necessitaram de internação em unidade de terapia intensiva neonatal (UTI), como o pequeno Ezequiel Carvalho Cardoso, de nove meses, filho da produtora rural Ana Rita Carvalho, de 36 anos, que reside no interior de Barcarena.

O objetivo da exposição é rever essas famílias e mostrar a importância daquele estabelecimento hospitalar especializado para salvar vidas naquela região. A abertura acontece hoje, no Espaço São José Liberto, onde ficará aberta à visitação pública até o próximo dia 4 de agosto.

O ensaio documental feito pelo paraense Otávio Henriques reúne 40 imagens selecionadas da relação amorosa entre mãe e filho, sem qualquer produção, mostrando o modo de vida de cada uma das oito famílias participantes do projeto. O fotógrafo aderiu ao projeto do hospital de forma voluntária e, acompanhado de uma assistente social do estabelecimento, visitou as casas de oito ex-pacientes que residem em Barcarena e Abaetetuba, incluindo as sedes das cidades e os interiores.

"As fotos conseguem captar emoção. O meu objetivo foi sempre tentar fazer um retrato do ambiente em que as famílias estavam. Conheci famílias de culturas e modo de vida diferentes. Ouvi histórias comoventes das dificuldades que elas tiveram, em alguns casos, as mães também ficaram internadas por alguma complicação no parto. Me tocaram as histórias de superação dos bebês", descreve.

Para Ana Rita, que reside no final do Ramal Da Assembleia, na altura do Km 60 da Alça Viária, a visita da equipe foi uma surpresa: "Foi uma surpresa quando o fotógrafo chegou. A gente não esperava. As fotos ficaram legais. Fizeram um  monte de fotos. A família toda participou, mamãe, pai, sobrinhos..." recorda.

Ela conta que o pequeno Ezequiel nasceu no 7º mês da gestação, pesando apenas 2 quilos. Apesar de estar na incubadora, ele sofreu problemas intestinais e precisou ficar internado na UTI, quando perdeu metade do peso e só recebeu alta com quase um mês de vida ao recuperar o peso inicial. "O coração estava apertado demais (medo de perder o filho) naquela época", lembra.

"Ele está crescendo normalmente. Está uma criança esperta até demais", afirma entre risos. Ezequiel é o caçula de quatro filhos. Ana Rita reside com o marido e as crianças na casa dos pais, enquanto constrói a própria casa. A família vive do plantio de mandioca para a produção de farinha e da extração do açaí.

Otávio recorda que a família de Ana Rita foi uma das mais difíceis de se localizar dentre as oito que estavam sendo procuradas para participar do projeto: "A Alça Viária está com pouco movimento desde a queda da Ponte do Moju. Transitamos pela estrada quase deserta. Achamos o ramal perguntando para os moradores do lugar. Entramos 6 quilômetros nesse ramal, perguntando pela Ana Rita, disseram que ela morava no final do ramal. Seguimos até encontrar uma família grande, com famílias de primos que moram próximos. Nos receberam super bem. Família simples e numerosa, com muitas crianças. Nos convidaram para almoçar com eles, tambaqui com pirão, e nos presentearam na saída com polpas de cupuaçu".

Também foram fotografadas as famílias das parturientes Renata Farias, Renata da Silva, Barbara Santos, Luana Melo, Maildes Santos, Hanna Pereira e Eliana Cunha Holanda.

Formado em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado do Pará, Otávio começou a fotografar há dez anos. Atualmente, ele trabalha como fotojornalista e ministra aulas de fotografia. “Eu tinha muita vontade de participar desse trabalho. Gosto muito da troca de cultura, de saberes e de afeto. É sempre prazeroso conhecer as comunidades, fazer amizade. Muita gente não tem foto e esse acaba sendo o único registro que as pessoa têm da família", diz Otávio.

Agende-se:
Exposição fotográfica “Eu, depois de ti", de Otávio Henriques
Abertura: Quinta-feira, 25/07, às 14h30
Visitação: até 4/08
Horário de visitação: terça a sábado, das 9h às 18h; e domingos, das 10h às 16h
Local: Espaço São José Liberto