Espetáculo “Ceci N’est pas un artiste: O Segundo Ato” aborda crises e sensibilidade de um artista
Encenação ocorre nos dias 23 e 24 de maio, no Teatro Universitário Cláudio Barradas, com ingressos garantidos antecipadamente
Questionando as várias nuances do que é ser artista, o espetáculo “Ceci N’est pas un artiste: O Segundo Ato” leva ao Teatro Universitário Cláudio Barradas, na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, no bairro do Umarizal, nos dias 23 e 24 de maio, a segunda parte da trilogia do projeto que aborda questões da psique de um artista em crise. Serão duas apresentações por dia, às 18h e 20h. Os ingressos custam R$ 20,00 e podem ser adquiridos de forma antecipada pelo WhatsApp (91) 98598-3825.
Com apoio da ETDUFPA, o espetáculo pôde realizar o primeiro ato em 2024. Neste ano, a montagem - traduzida ao português como “Isto não é um artista” - promete levar ao palco a arte em suas múltiplas formas e contradições.
“O espetáculo traz muitas referências, desde a cultura pop até a erudita, passando pela cultura popular. Temos música, dança e audiovisuais criados para conversar e ampliar as cenas. É uma imersão quase completa na mente criativa. Uma viagem de sensações, uma montanha russa de sentimentos”, comenta Xviccy, atriz não binária, diretora e idealizadora do espetáculo.
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Ela também destaca que a montagem provoca momentos tocantes, permitindo que o elenco não se esconda totalmente atrás de seus personagens, mas se exponha de forma autêntica ao público. Além disso, ressalta que a diversidade do elenco — formado por jovens artistas amazônidas — é um dos pontos mais potentes desta segunda parte, reunindo linguagens como palhaçaria, dança, canto, música e cultura popular.
Este ano, o espetáculo conta com os artistas: Adria Letícia, Adria Catarina, Bianca Brabo, Jessica Brito, Josué Pantoja, Julianne Stael, Ryan Pardauil, Safira Clausberg, Well Maciel e Xviccy.
“O que acontece quando a loucura, o medo, a revolta e os sonhos se encontram naquele mundo de mentiras reais, no faz de conta que se faz e contam por aí? Na primeira temporada, o elenco era composto por três atores, mas agora temos dez artistas escolhidos a dedo pela direção. São pessoas novas, que estão construindo seus caminhos e deixando suas marcas como artistas belenenses da Amazônia”, reforça Xviccy.
O elenco embarca em uma jornada cênica que faz pensar, provoca certo incômodo, choca e acende um alerta sobre desafios vividos por quem se dedica à arte. Segundo a direção, toda essa provocação já começa no título, que faz referência à obra "A traição das imagens", de René Magritte. Na pintura, o artista belga mostra a figura de um cachimbo com a frase em francês: “Isto não é um cachimbo”, provocando reflexões sobre a verdade e as diversas formas de interpretar o mundo.
“Logo, nem tudo o que vemos é real, ou verídico. O espetáculo trata exatamente disso — é um questionamento direto sobre o ‘ser artista’, sobre as criações e a arte em si. É como se a gente perguntasse: ‘Quem ditou essas regras? A arte é verdadeira? Podemos ser enganados? Não estamos nos enganando?’”, provoca Xviccy.
“É uma discussão que também toca muito o lado humano: os nossos desejos, as nossas angústias, os nossos medos. E como artistas, estamos sempre à flor da pele, sensíveis a tudo. Então essas questões se tornam um tormento para nós. Mas ainda assim criamos, fazemos arte, sorrimos, dançamos, às vezes choramos... mas com certeza sempre criamos algo — bonito ou grotesco, por que não? — para ser apreciado”, complementa.
Mentes criativas
Para a atriz Bianca Brabo, o desenvolvimento do espetáculo foi uma experiência enriquecedora, marcada por um ambiente de troca e invenção.
“A palavra é potencializador, acredito que seja o que define o processo por completo. A todo instante, a vontade de criar e de sair do óbvio foi predominante. A potência vinha das mentes criativas que estavam ao redor disso tudo. Acredito que todo o resultado será revelador, será nítido o quanto pensamos juntes”, enfatiza.
O artista por dentro
Também aluna da ETDUFPA, e com um portfólio extenso em sua trajetória, Bianca vê no espetáculo “Ceci N’est pas un artiste: O Segundo Ato” uma forma de explorar as diversas camadas que envolvem o fazer artístico.
“Ele amplia como somos por dentro e como nos relacionamos com o mundo, o que reverbera em nós e na nossa arte. Mexe com a fragilidade e o ego de uma forma que nos transforma em seres humanos de verdade. A gente destrincha o que significa ser artista. Revela histórias únicas, mas que, ao mesmo tempo, todos que fazem arte sentem na pele”, declara.
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