Dia Nacional do Livro: literatura brasileira é rica e diversificada, mas acessível a poucos

O professor e livreiro Pedro Gama afirmou que há interesse dos brasileiros em querer ler, mas preço médio do livro não colabora para concretização da vontade

Amanda Martins

Neste domingo, 29, comemora-se o Dia Nacional do Livro, uma data que celebra a importância da leitura e do universo literário no país. O Brasil é conhecido por sua rica tradição literária, e muitos autores nacionais têm conquistado leitores não apenas dentro do território, mas também internacionalmente. Não é à toa que “O Alquimista”, de Paulo Coelho, lançado em 1988, transcendeu fronteiras e já vendeu mundialmente mais de 150 milhões de exemplares. Além dele, outros autores brasileiros e suas obras, estão na lista dos livros nacionais mais vendidos em todo mundo. Títulos como, por exemplo, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa; “Capitães de Areia”, de Jorge Amado; e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, também estão na lista. 

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Esse fascínio ocorre, pelo fato da literatura nacional ser considerada rica e diversidade, representando um espelho da cultura, história e sociedade brasileiro, como explicou o professor, poeta e pesquisador Paulo Nunes.  

Embora Nunes não consiga mensurar em dados a “crescente popularidade” dos livros brasileiros no exterior, o pesquisador reconhece a importância das traduções para expandir a cultura brasileira mundo à fora, mas chama atenção para o número de autores nacionais traduzidos, que ainda é pequeno em relação à produção literária do país. 

image Paulo Nunes (Carlos Rodrigues / LABCOM Unama)

“Para traduzir autores brasileiros, o tradutor precisa conhecer nossa cultura e nossa língua, o que não é fácil porque, salvo engano, não dispomos de mecanismos eficientes para nos ‘vender’ nas grandes feiras e eventos literários no exterior”, afirmou Paulo. 

Ele também destaca a necessidade de promover autores regionais, como Paes Loureiro, Dalcídio Jurandir, Maria Lúcia Medeiros, Max Martins e outros, que contribuem para a riqueza da literatura brasileira. Esses escritores, embora muitas vezes fora do radar das grandes editoras.

Dificuldades

Apesar do grande potencial de literatura nacional, a acessibilidade aos livros continua sendo um desafio para muitos no Brasil. O professor e livreiro Pedro Grama destacou que, em muito casos, os livros são considerados artigos de luxo, inacessíveis para a maioria da população. 

“O preço médio de um livro às vezes não consegue caber no orçamento familiar dos brasileiros, não só pelo valor em si, mas principalmente na maneira em que se divide o orçamento familiar. Tem momentos em que precisa se optar por adquirir a leitura ou comprar uma cuba com 12 ovos. Sem sombra de dúvidas, a alimentação fala mais alto”, refletiu o educador.

Pedro afirmou que eventos literários como a Feira Pan Amazônica do Livro e das Multivozes demostram que existe um interesse significativo da população em consumir obras literárias. Contudo, a desigualmente social ainda os impedem, fazendo com que, em comparação média a outros países, o brasileiro tenha baixo nível de leitores, ou seja, leia apenas quatro livros ao ano, ou às vezes nenhum. “Isso está muito mais relacionado à desigualdade social do que interesse”, complementou o livreiro. 

Para Gama, é necessário ser pensada pelo poder público iniciativas que trabalhem a democratização do livro, não apenas para o mercado editorial, mas também para a formação de “uma sociedade leitora, empatia e desenvolvida”, como pontuou o professor. 

Autores contemporâneos chamam mais atenção da juventude 

Para os amantes de leitura, a quantidade de livros consumidos ao longo do ano é uma parte essencial de sua identidade. A estudante de Publicidade e Propaganda, Beatriz Arini dos Santos, revelou que estabelece uma meta mínima de 12 livros por ano, mas muitas vezes ultrapassa essa marca, chegando até 20 obras lidas anualmente. 

Ela explica que, isso ocorre porque sempre está em busca de referências literárias, e na maioria das vezes as encontra na internet. “Antes eu tinha mais o costume de pesquisar livros novos no Google ou ir nas livrarias e procurar até achar um, agora eu vejo mais referências do Tik Tok”, complementou Beatriz. 

A universitária revela que, embora a maioria de suas leituras são de autores internacionais, Beatriz la se esforça para incorporar livros brasileiros em sua lista anual. Autores nacionais, como Machado de Assis e Clarice Lispector, já foram lidos por ela na época da escola, mas sua preferência recai sobre autores contemporâneos. 

 Entre os autores brasileiros que mais chamam atenção da universitária, destacam-se Paula Pimenta e Igor Pires. “Eu me identifico muito com seus conteúdos e escritas, sigo eles no Instagram e sempre fico de olho nos lançamentos”, afirmou a jovem. 

 

 

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