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Curta 'A Noiva do Lobisomem', feito no Pará, indica novos horizontes de uso da IA

Filme chega em meio à polêmica acerca do uso da Inteligência Artificial na concretização de trabalhos audiovisuais, tema em debate no mundo todo diante do risco de desemprego e outras questões

Eduardo Rocha
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No meio do debate planetário sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) no cinema e audiovisual em geral, o filmmaker e jornalista paraense Airton Nascimento lançou mão desse recurso eletrônico para confeccionar o curta metragem "A Noiva do Lobisomem", trabalho que ele pretende lançar em breve. Airton atua com audiovisual há quatro anos. Ele integra o Departamento de Comunicação do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) como como designer e filmmaker, e no jornal O Liberal atua como editor de Arte.

"'A Noiva do Lobisomem' é o primeiro curta complexo que produzo. Antes eu havia feito outros dois trabalhos, meus mesmos, mais simples: ‘Abdução’, que foi todo filmado, mas que só tem um ator, e ‘Relação’, feito com animação. Ambos podem ser vistos em minha página no YouTube. A ideia deste novo trabalho surgiu quando eu tentava imaginar uma relação amorosa impossível. Por isso, virou um romance de terror', destaca Airton.

Para fazer o curta, Airton aproveitou o conhecimento que adquiriu nos últimos quatro anos, ou seja, nas diversas funções que desenvolveu e desenvolve no audiovisual. Ele, inclusive, desenha e escreve há muito mais tempo, atuando nas áreas de jornalismo e propaganda. Nessa produção, o filmmaker não teve patrocinadores.

Ferramenta

O roteiro de "A Noiva do Lobisomem" foi escrito há três anos e engavetado por conta dos altos custos para produzi-lo. "Desenvolver o projeto agora todo em IA demorou um pouco mais de dois meses", conta Airton Nascimento. "Foi todo feito em Inteligência Artificial, não tem atores reais, apesar de parecer muito. Foi possível conseguir um realismo dramático muito grande em algumas atuações durante o trabalho graças ao conhecimento de drama que adquiri ao longo dos anos e com o curso de filmmaker", revela.

Para ele, "a Inteligência Artificial é a ferramenta usada, que substitui o set, a filmagem real mas não é mais que isso". Como explica Airton: "O filme foi todo pensado desde a escrita do roteiro, o figurino, os cenários, etc. A IA é a ferramenta que, depois, por meio de prompts (comandos eletrônicos), simula tudo isso como se fosse real. Mas continua somente como uma ferramenta.

O autor do curta detalha por que escolheu esse tema relacionado à lenda do Lobisomem para o trabalho. "O filme pretende ser, na verdade, um romance que parece, à primeira vista, impossível, como muitos são na vida real e, mesmo assim, os envolvidos, na vida real, continuam investindo pesado nesse romance, e, às vezes, inclusive, até o tornam real. O curta é uma reflexão bem humorada sobre isso", diz. Na história, uma mulher em Capanema, no nordeste do Pará, quer se envolver com o Lobisomem.

Para que o grande público possa conferir a história de "A Noiva do Lobisomem", Airton busca uma sala para o lançamento do trabalho. "Seria bem legal poder exibi-lo numa sala de cinema da cidade, apesar de que o filme já nasce sofrendo um tanto de preconceito por ter sido todo feito em IA, e ainda mais, por ter sido feito por uma só pessoa, já que a produção de cinema é tradicionalmente um trabalho coletivo. Mas, foram diversos os fatores que contribuíram para que eu o fizesse só, não que seja uma consequência de fazer com IA que ele tenha sido construído assim. Além do mais, como ilustrador que fui a vida toda, me defendo afirmando que muitos trabalhos de animação são feitos por uma só pessoa e acho semelhante, inclusive, esse trabalho com um filme de animação, só que a um alto nível de automação, digamos assim, tão alto que simula a realidade".

Airton destaca que pretende continuar trabalhando com IA tranquilamente. "Já estou desenvolvendo, inclusive, um novo projeto nesse mesmo estilo. Mas posso trabalhar da forma tradicional também. Tudo é uma questão de tempo, poder me dedicar a isso e construir orçamentos viáveis. Sou fotógrafo também, costumo capturar imagens para os meus trabalhos de audiovisual, conheço os equipamentos. Eu não teria nenhum tipo de problema com isso", pontua.

Com relação ao cinema, ele diz que essa arte já utiliza a IA em vários momentos, o que talvez não seja percebido largamente pelo público. "Nem por isso vai deixar de existir o set de filmagem. Ao contrário, a tendência é de o cinema crescer mais e mais, se adaptando às diversas novas realidades como o streaming e os games. O audiovisual é uma área que só tende a crescer, e a IA vai se acomodar no seu espaço, como um estilo, talvez. Ninguém vai deixar de filmar por causa da IA".

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