Coluna do Estadão: PT prepara duas vacinas para blindar Lula no debate sobre segurança em 2026
Mal deu tempo de o PT comemorar que a avaliação positiva do governo Lula ultrapassou a negativa em outubro, pela 1.ª vez depois de um ano de muita queda. Integrantes do partido já acreditavam que acuariam a direita, principalmente depois do sucesso do discurso da soberania nacional e da foto de Lula com Donald Trump. Mas a operação no Rio mudou a pauta no País, ofuscou a retórica marqueteira e jogou luz nos problemas da segurança pública. Nessa área a sigla é absolutamente desconectada dos anseios da maioria da população. A AtlasIntel divulgada ontem, por exemplo, mostra que 87% dos moradores das favelas apoiam a megaoperação. E agora a legenda corre para adotar vacinas que blindem o presidente Lula nesse debate nas eleições 2026.
ESTRATÉGIA 1. O PT vai agir em duas frentes. Em dezembro, fará um seminário nacional sobre segurança pública para tentar encontrar um discurso que dialogue com o eleitor e abra caminho para elaborar um programa com "propostas mais robustas" para o setor na eleição.
ESTRATÉGIA 2. O partido e a comunicação do Planalto buscarão ditar a pauta dos debates de 2026. A ideia é envolver outros temas em discussão, como economia e benefícios sociais.
PARA ISSO... Ações como o minuto de silêncio feito pelo ministro Guilherme Boulos ao assumir o cargo esta semana não serão encabeçadas por Lula. Entretanto, como não pode perder a única ala fiel de eleitores petistas, que gira em torno dos 30%, manterá acenos aos movimentos sociais e de direitos humanos por meio de seu time. Anielle Franco e Macaé Evaristo estão escaladas para a missão.
EXPLIQUE. Duas semanas antes da operação policial mais letal do Rio, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, cobrou o Estado sobre denúncias de violência policial. A decisão foi assinada em seu penúltimo dia antes de se aposentar da Corte. Barroso fez três cobranças principais, no âmbito da ADPF das Favelas, processo que passou a ser relatado por Alexandre de Moraes.
INDAGAÇÕES. A 1.ª foi sobre um projeto de lei aprovado pela Alerj que previa uma "gratificação faroeste" - bônus de até 150% do salário a policiais por morte de "criminosos". O governador Cláudio Castro vetou o trecho na semana seguinte, alegando questões financeiras. A 2.ª tratou de operação policial durante uma festa junina no morro Santo Amaro, que resultou na morte de Herus Guimarães. O corpo teria sido removido irregularmente por policiais sem farda. A 3.ª foi sobre uma operação nas favelas de Mandela e Manguinhos, que deixou três pessoas baleadas.
ACELERA. O presidente da Câmara, Hugo Motta, disse à Coluna que vai derrubar prazos para votar a PEC da Segurança Pública no plenário "imediatamente" após a proposta ser aprovada pela comissão especial. O relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), quer entregar o parecer até quatro de dezembro.
PAPO. O relator disse à Coluna que quer conversar com o governador do Rio, Cláudio Castro, antes de apresentar o relatório final. Afirmou estar confiante de que os gestores antes contrários à PEC vão apoiar o texto após ver as mudanças que ele está fazendo.
PRONTO, FALEI!
Gilmar Mendes Ministro do STF
"Devemos estar atentos para a criação de uma jurisprudência que reconheça a necessidade de ações policiais, mas não comporte violação de direitos fundamentais."
CLICK
Gustavo Blasco CEO do Grupo GCB
Com o campeão olímpico Cesar Cielo durante o 9º Painel GCB, em São Paulo, em que o atleta fez a palestra O impulso em Direção ao Melhor Resultado.
(Roseann Kennedy, com Eduardo Barretto, Iander Porcela e Pedro Augusto Figueiredo)
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