Série ‘Amazônia Ancestral’ tem Marajó como cenário no primeiro episódio

A cineasta Zienhe Castro é responsável por roteirizar e dirigir a produção

Lívia Ximenes
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As cidades marajoaras Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari são os cenários do episódio de estreia da série “Amazônia Ancestral”. Dirigida pela cineasta paraense Zienhe Castro, a produção percorre o oeste do Pará e o Tapajós, e conta com seis episódios. A série do Canal Curta se aprofunda nos saberes e nas origens da cultura da floresta.

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O Marajó é a maior ilha fluviomarinha do mundo. Banhado pelos rios Amazonas e Tocantins e pelo Oceano Atlântico, o arquipélago é habitado desde antes da invasão portuguesa no Brasil. Os indígenas que ali residiam foram responsáveis pela criação da refinada cerâmica de iconografia única.

A região foi escolhida pela diretora Zienhe Castro devido sua força simbólica e histórica. A cineasta conta que seus avós maternos chegaram no Marajó no início do século XX, como refugiados da Guerra Civil Espanhola. “[Eles] construíram toda uma vida e um legado como agricultores no Marajó. Carrego em mim a força e a potência desse território, da minha ancestralidade marajoara”, fala.

Em seu primeiro episódio, “Amazônia Ancestral” traz mulheres ribeirinhas e caboclas, como Dona Roxita, uma pajé marajoara que luta contra o patriarcado e a intolerância religiosa; Mestre Baixinha e sua mãe, duas mulheres que propagam a tradição do boi-bumbá e do carimbó; e Dona Socorro, que faz parte da terceira geração de coletoras de turu (molusco gelatinoso achado em troncos de árvores amazônicas).

Zienhe conta que na produção não poderiam faltar “a força da mulher marajoara, a cerâmica, a pajelança cabocla e o carimbó” e que seu objetivo é contribuir com a valorização dessa cultura e registrar os saberes para gerações futuras.

O Museu do Marajó, único museu caboclo do mundo, localizado em Cachoeira do Arari, é apresentado na abertura da série. O ponto turístico é um dos mais importantes do estado e é grande referência de cultura e ciência do arquipélago. Com peças arqueológicas, artefatos, cerâmicas, verbetes e registros de vivências do povo marajoara.

Além do Marajó, a série também passa por Santarém, Oriximiná, Alenquer, Monte Alegre e outras regiões do Tapajós. Acre, Amazonas e Amapá também são locais explorados, futuramente, por “Amazônia Ancestral”. São abordados, na produção, as práticas milenares, artesanais, uso de plantas medicinais e gastronômicas e a riqueza estética da Amazônia, entre outros temas.

“Amazônia Ancestral” é um desdobramento de “Ervas e Saberes da Floresta” (2012), o primeiro documentário de Zienhe Castro. Há cerca de 20 anos, Zienhe pesquisa e mergulha na ancestralidade da Amazônia. De acordo com ela, o desejo de conhecer melhor a própria identidade cabocla e suas memórias de infância no Marajó foi o pontapé inicial para o projeto.

“Foi revelador quando fui pra campo pesquisar/filmar e encontrei um universo imenso de conhecimentos salvaguardados nas histórias orais dos povos e comunidades da floresta, principalmente as mulheres que são as matriarcas, as grandes guardiãs e depositárias desses saberes”, explica.

A expectativa de Zienhe é atingir o coração do público brasileiro para valorizar e salvaguardar o conhecimento dos antepassados: “O maior propósito da série é valorizar os conhecimentos tradicionais transmitidos por nossas ancestrais e, principalmente, recolher o papel da mulher na transmissão desses saberes.”

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do Coordenador de Cultura, Abílio Dantas)

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