Sucesso nacional do pagode fortalece artistas autorais no Pará

Artistas locais defendem a valorização da identidade musical e a produção própria

Amanda Martins
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O pagode voltou com força total ao topo das paradas musicais no Brasil. Segundo levantamento da Pro-Música, entidade que representa as maiores gravadoras e produtoras fonográficas do país, a canção mais ouvida no primeiro semestre de 2025 foi “Coração Partido”, do grupo Menos É Mais,  encerrando uma sequência de sete anos de domínio do sertanejo nas plataformas de streaming. Em Belém, o reflexo desse movimento nacional é sentido no dia-a-dia da Rádio Liberal FM, onde, segundo a equipe, o gênero lidera os pedidos de ouvintes.

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“Diariamente, recebemos centenas de solicitações de músicas de pagode, tanto de artistas nacionais quanto locais como Nosso Tom, Papo em Off, Arthur Espíndola e Virtudão”, informou Edmilson Mota, coordenador de programação do Sistema Liberal de Rádios

Sempre em busca de novidades, os ouvintes preferem os grupos com repertório autoral. Com mais de duas décadas de trajetória, o Nosso Tom continua apostando em projetos próprios e investe em gravações que valorizam a identidade local para continuar se destacando no mercado.

“A gente grava música desde o início. Uma das nossas primeiras foi ‘Cristina’, que virou um hit. Sempre nos inspiramos em bandas paraenses como Fruta Quente e Warilou, que eram fortes na produção autoral”, relembrou o vocalista da banda, Júlio Cezar.

Com novos lançamentos como “Melhor Vingança” e “Lei do Retorno”, o  Nosso Tom aposta na consolidação do seu repertório junto ao público. “São músicas que as pessoas cantam alto nos shows. Isso mostra que é possível ainda fazer sucesso com música autoral”, avalia.

A banda também tem investido em projetos de eventos independentes como forma de inovar e agradar os fãs. A “Resenha do Nosso Tom”, por exemplo, é um projeto audiovisual que já reuniu grandes nomes do pagode nacional, como Xande de Pilares, e agora em julho, Rodriguinho. Para setembro, a continuação será com Diogo Nogueira.

Segundo os dados divulgados pela pesquisa, das 50 músicas mais executadas no Brasil, apenas três são internacionais, o que revela também a força da produção nacional.

Júlio Cezar destaca que o Pará contribui para a popularização com um estilo próprio de execução e valorização de suas raízes. “A gente tem o nosso jeito de tocar, cantar e produzir. Valorizamos os compositores daqui, fazemos releituras de músicas locais com temas da nossa realidade”, explicou.

Apesar do fortalecimento recente da cena nacional, o cantor reforça que o pagode não pertence apenas a um eixo geográfico. Para ele, o gênero representa uma manifestação cultural do país como um todo. “O samba e o pagode são músicas do Brasil. Em qualquer capital, você encontra uma roda de samba, um grupo de pagode. Isso mostra que faz parte da identidade cultural do país”, afirmou.

Na mesma batida

O cantor, compositor e instrumentista Arthur Espíndola também avalia que o pagode vive um novo momento de destaque no cenário musical brasileiro. Para ele, o sucesso do gênero nas plataformas de streaming representa, na verdade, uma retomada de algo que já era forte nas ruas, nas festas e nos palcos.

“O gênero sempre foi forte nas ruas, nos shows, nas festas, nos eventos. Prova disso são as inúmeras rodas de samba e eventos de pagode que acontecem no Brasil inteiro”, observou.

No entanto, ele aponta que o gênero enfrentou dificuldades com a transição do consumo musical para o meio digital. “Na virada do mercado para o digital, o pagode teve muita dificuldade de se adaptar. Os números e estatísticas digitais não condizia com o que a gente via nas ruas e nas rodas. Havia muitas músicas estouradas na boca do povo com números baixíssimos nas plataformas”, analisou.

Arthur vê o atual crescimento do pagode nas plataformas como um  reflexo direto da familiarização do próprio público com os meios digitais. “Eu sempre acreditei que, quando o próprio público do pagode se familiarizasse mais com o digital, o movimento iria voltar a um patamar grandioso”, afirmou.

Ele acredita que esse novo cenário favorece o planejamento de uma agenda mais constante de lançamentos. “Acho que é hora de começar um movimento de maior constância, com lançamentos mais próximos uns dos outros, aproveitar que o público do segmento está aquecido e que isso é só o começo da escalada”, acrescentou.

O cantor também prevê que, com o bom momento, mais artistas do segmento devem produzir novos conteúdos. Nesse sentido, ele destaca a importância de ter uma sonoridade própria. “Com esse momento, todos os artistas do segmento vão lançar cada vez mais produtos. Acho que ter uma personalidade na sonoridade, algo que se diferencie, pode ajudar”, avaliou.

Aproveitando o momento de retomada do pagode nas plataformas, Arthur Espíndola revela que tem novos projetos em andamento. “Terminei agora de fechar o repertório do meu próximo álbum. Vou iniciar o processo de gravação e ainda no final do segundo semestre vou lançar”, adiantou. “Tenho também um audiovisual pronto para lançar agora no início do segundo semestre”, complementou.

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