Carimbó faz intercâmbio com a cultura maranhense em verdadeiro espetáculo de dança
O projeto “Carimbó na Orla – Ritmo e Cores da Cultura Amazônica” proporciona a disseminação da dança paraense

O carimbó paraense viveu um intercâmbio cultural no Maranhão. No último fim de semana, dum grupo do Pará e mais dois do Estado anfitrião conhecerem de perto o ritmo paraense, além da dança Cacuriá e o bumba-meu-boi.
As apresentações do Flor da Amazônia, do Pará; e Balaio das Rosas e Boi Mocidade (São Luís e Pindaré), ocorreram no Espaço Cultural Mestre Coxinho, no centro histórico de São Luís, quando músicos e dançarinos paraenses conheceram de perto a tradicional dança maranhense marcada pela sonoridade e dança sensual que há décadas encanta quem participa das manifestações.
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Imbira Reis Brito, dançarina e produtora do grupo Balaio das Rosas, explicou os fundamentos da manifestação: “O Cacuriá é um ritmo que nasceu na década de 1970 com Seu Lauro e esse Cacuriá foi fundado pelo Grupo Laboriais com a Dona Teté. Vai fazer quarenta anos que a gente faz esse trabalho, essa brincadeira sensual e de duplo sentido, também cultural e alegre”.
Após a apresentação da dança Cacuriá, que dura em torno de 40 minutos, foi a vez do Grupo parafolclórico Flor da Amazônia, tradicional em Belém a mais de 30 anos, se apresentar e levar ao público maranhense vários ritmos já conhecidos nacionalmente na voz de artistas como Dona Onete e Joelma, ali interpretados por Alexandre Miranda.
No momento da apresentação era difícil alguém ficar parado, a interação com o público chamou atenção e todos eram convidados para entrar na roda com os dançarinos do ritmo que é patrimônio cultural imaterial do Brasil.
A professora Ana Lima, que é de Belém e está de férias no Maranhão, comemorou o momento afirmando que a empolgação pela mistura cultural está no sangue.
“Eu achei maravilhoso, os dois grupos dançaram maravilhosamente bem e o carimbó, assim é no Pará, e o cacuriá, aqui em São Luís, estão no sangue de todo mundo também. Eu me apaixonei pelo cacuriá assim como também me apaixonei pelo carimbó”, apontou.
Em um segundo momento, o carimbó se apresentou em outro município maranhense, Alto Alegre do Pindaré, que presenteou o público presente com o espetáculo do Boi Mocidade no domingo (13). A desenvoltura dos quase 70 bailarinos e bailarinas, todos devidamente caracterizados com o traje típico chamou a atenção pelas cores e figurino alinhados conduzidos pelo boi, personagem principal da festa.
Amanda Barbosa, dançarina do Boi Mocidade, lembrou a função social do grupo que existe há cinco anos na cidade.
“A gente sempre tenta buscar, convidar adolescentes, crianças para poder trazer pro nosso boi ao invés de fazer outras coisas. Muito bom ver eles aqui com a gente, aprendendo a bordar as próprias indumentárias. Estamos no nosso quinto ano só melhorando a cada dia”, contou Amanda.
Alexandre Miranda é um dos fundadores do Flor Amazônia e saiu do estado do Pará pela primeira vez desde que o grupo onde canta foi fundado. Para ele, a mistura dos ritmos no intercâmbio Maranhão/Pará era algo que sabia que ia dar certo.
“Eu sempre ouvi falar, acompanho o balanço, o ritmo do cacuriá, até porque nós somos um grupo parafolclórico e isso nos permite usar ritmos de outras regiões, então o cacuriá tem uma semelhança com o nosso lundu, sendo que eles são um pouco mais rápido, mas o requebrado, o gingado, a sensualidade é a mesma e tem uma direção, uma batida para o carimbó. Segundo os historiadores, o cacuriá é um carimbo”, explicou.
EVENTO FEZ PARTE DA PROGRAMAÇÃO DO CARIMBÓ NA ORLA
A participação do grupo Flor da Amazônia em solo maranhense foi mais uma etapa do Projeto “Carimbó na Orla – Ritmo e Cores da Cultura Amazônica” voltado para transformar as orlas dos estados do Pará e Maranhão em palcos vivos de uma das manifestações mais autênticas da Amazônia.
A iniciativa, realizada pela Intera Produções e Eventos, Ministério da Cultura e Governo Federal, conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, e já é um marco no cenário cultural da região.
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