CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Norte é uma das regiões em que maior parcela de brasileiros nunca viu filme nacional, diz pesquisa

Levantamento do Itaú Cultural e Datafolha também aponta que acesso às produções brasileiras é maior entre as pessoas com maior renda e escolaridade.

Enize Vidigal O Liberal

A pesquisa Itaú Cultural e Datafolha sobre hábitos culturais verificou a percepção dos brasileiros sobre o cinema nacional na tela grande e no streaming. O levantamento mostra que os espectadores que costumam ir ao cinema ou foram a uma sessão com a reabertura das salas comerciais (60% dos brasileiros), só 24% declararam ter visto muitas vezes um filme nacional na tela grande; a maioria, 57%, viu poucas vezes e 19% nunca viram um filme nacional nos cinemas. Nas regiões Norte e Centro-Oeste estão a maior parcela de brasileiros que nunca viram um filme nacional nos cinemas (28%), seguidas do Sul (21%), Sudeste (17%) e Nordeste (14%).

Segundo a pesquisa, o hábito de assistir a filmes nacionais no cinema é maior entre os indivíduos de maior renda: dos que viram muitas vezes, 31% são da classe AB, 23% da C e 12% da DE. A tendência se inverte entre os que viram poucas vezes: 53% são da classe AB, 59% da C e 62% da DE. Entre os que nunca viram um filme nacional no cinema, 16% são da classe AB, 18% da C e 26% da DE.

A cineasta, atriz e jornalista paraense, Joyce Cursino, destaca que a pesquisa reflete a falta de democratização do acesso ao cinema no Brasil. “Quando a gente fala de circuito comercial, fala de quem tem mais dinheiro para ir ao cinema e para assinar as plataformas de streaming. Enquanto que a população das classes mais baixas fica sem esse acesso e, como bem mostra a pesquisa, às vezes é nulo”.

A escolaridade também influencia a aderência aos filmes nacionais nos cinemas. Quanto maior o grau de instrução, maior a frequência que o indivíduo declara ver produções nacionais: entre os entrevistados que assistiram muitas vezes, 31% têm formação superior, 24% o ensino médio e 13% o fundamental. Entre os que assistiram poucas vezes, 54% têm formação universitária, 58% ensino médio e 61% fundamental. Entre os que nunca viram um filme nacional na sala escura, 14% têm nível superior; 19%, ensino médio; e 26%, fundamental.

“Faltam políticas públicas para a disseminação da arte brasileira e também a conscientização dos próprios realizadores, que, muitas vezes, não têm compromisso com a sua própria comunidade”, acrescenta Cursino.

Streaming

Já em relação ao acesso dos filmes brasileiros pelo streaming (71% dos entrevistados) a pesquisa apontou que a demanda que 23% viram muitas vezes, 56% poucas vezes e 22% nunca assistiram a um filme brasileiro nesse formato. Assim como nos cinemas, os que mais acessam filmes brasileiros nas plataformas são os indivíduos de maior renda e maior escolaridade: na classe AB, 32% viam muitas vezes; na classe C, 18%; e na DE, 16%. Na classe AB, 53% viram poucas vezes; e na C e na DE, o índice foi o mesmo, 57%. Os que nunca viram uma produção nacional em plataformas sob demanda, na classe AB são 16%; na C, 25% e na DE, 27%.

O cineasta paraense Fernando Segtowick avalia que o cinema nacional não tem como competir com o maciço investimento de divulgação do cinema internacional, sobretudo o americano. “Geralmente, o filme brasileiro passa uma ou duas semanas em cartaz. A disponibilidade em plataforma de streaming faz com que as pessoas acessem de forma mais fácil, em casa”, avalia.

O levantamento ouviu 2.276 indivíduos em todo o Brasil, de 16 a 65 anos, entre os dias 10 de maio e 9 de junho. O índice de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

Comédia

Outro recorte da pesquisa do Itaú Cultural e Datafolha mostra que a comédia está na preferência das produções brasileiras para 38% dos entrevistados. Ainda, 25% dizem que gostam dos filmes nacionais porque retratam a realidade do país, 11% priorizam o conteúdo das obras, 8% gostam dos artistas envolvidos; 3% apontam o critério do idioma, 3% querem ver os cenários brasileiros, enquanto 7% não souberam e 6% não responderam.

“A preferência pela comédia é uma tradição pelo momento em que estamos vivendo (pandemia), mas também sempre foi uma tradição, desde a Chanchada, Os Trapalhões, sempre teve um público muito grande para a comédia”, afirma Segtowick.

Sobre os pontos negativos do cinema nacional, 40% disseram não gostar do conteúdo com palavrões e excesso de violência, 16% não gostam dos gêneros dos filmes brasileiros, 7% não gostam da execução, 3% acham a produção e direção ruins, 12% não sabem o que desagrada nos filmes brasileiros e 16% não responderam.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Cinema
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM CINEMA

MAIS LIDAS EM CULTURA