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Novo filme de Martin Scorsese 'O Irlandês' será exibido no Cine Líbero Luxardo neste domingo

Em novo filme sobre máfia, Scorsese dirige nomes consagrados como Robert de Niro e Al Pacino

Redação Integrada com informações Agência Estado
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Havia espectadores, cinéfilos, que esperavam há décadas pelo reencontro de Robert De Niro e Al Pacino. Estiveram juntos em 'O Poderoso Chefão 2', de Francis Ford Coppola. Coestrelaram Heat/Fogo Contra Fogo, thriller de Michael Mann, de 1995, que se tornou objeto de culto. Martin Scorsese considera-o um dos grandes filmes de "cops and robbers" da história de Hollywood. Foi há 20 anos.

Naquela época, o início dos anos 1990, Scorsese fizera seus últimos grandes filmes - coincidentemente obras sobre a máfia. Os Bons Companheiros/Goodfellas e Cassino, ambos com De Niro e Joe Pesci. Estão agora todos de volta - Scorsese e seus atores, De Niro, Pesci, Pacino. Todos velhos - mais velhos. O dado não é irrelevante.

Todos estão de volta no novo filme de Scorsese 'O Irlandês', que entra em cartaz no Cine Líbero Luxardo neste domingo, dia 17, às 18h. Também haverá sessões nas próximas terça e quarta (19 e 20/11). O filme começa num retiro para aposentados. A câmera vaga pelos corredores até chegar a De Niro, que vai contar a sua história.

Ele é o homem que pintava paredes. Na terminologia da máfia, trata-se de um "sinônimo" de assassino profissional. De Niro explodia cabeças com tiros à queima-roupa e "pintava paredes" com o sangue que esguichava. A produção da Netflix estreia nos cinemas antes de chegar à plataforma de streaming no dia 22. Dessa forma, cumpre o rito, do lançamento nas salas, para habilitar-se a concorrer ao Oscar.

Foi-se o tempo da quebra de braço entre a Netflix e a Academia, ou grandes festivais como Cannes. Prêmios em festivais agregam prestígio. E a Netflix, a Amazon e outras querem desfrutar dessa fatia. Para diretores como Scorsese, e o brasileiro Fernando Meirelles, que lança no mês que vem, também pela plataforma, Dois Papas, é como um sonho. Liberdade de criação, festivais, cinemas e depois o streaming, essa nova modalidade que está revolucionando o mercado. Num recente debate em Hollywood - com Scorsese e Meirelles, entre outros -, a conclusão é que não há mais o que discutir. As novas tecnologias, o mercado, enfim, tudo mudou. Agora é assim.

No filme, o velho de O Irlandês volta-se para o próprio passado. Faz uma viagem de carro com o personagem de Pesci. Dois velhos e suas mulheres. Na primeira parada ("Olhe ali"), vem a lembrança do primeiro encontro. Como tudo começou. Steve Zaillian assina o roteiro. Foi o roteirista vencedor do Oscar por A Lista de Schindler, de Steven Spielberg. Para o novo filme, baseou-se no livro de Charles Brandt, I Heard You Paint Houses, com as memórias de Frank Sheeran, o personagem de De Niro. Historiadores de crimes nos EUA dizem que o livro não é confiável e que Sheeran é um mitômano. Mas a história é boa e, como dizia o mestre John Ford por meio do editor Edmund OBrien de O Homem Que Matou o Facínora, às vezes é melhor imprimir a lenda. No centro do filme está um enigma: o desaparecimento de Jimmy Hoffa, o todo-poderoso presidente do sindicato dos caminheiros. Pacino é quem faz o papel.

São todos amigos: Frank, Jimmy, Russell Bufalino (Pesci). Amigos, amigos, negócios à parte, como diria Billy Wilder. Hoffa prejudica negócios do crime organizado. Torna-se uma ameaça que é preciso eliminar. Impossível, diz Frank - ele é o segundo homem mais poderoso dos EUA, após o presidente. Russ/Pesci acha que nada é impossível, afinal, o próprio John Fitzgerald Kennedy foi vítima daqueles tiros em Dallas, em 22 de novembro de 1963.

Esse filme sobre velhos, que se reúnem para validar e executar assassinatos, é sobre poder e dinheiro, amizade e lealdade. Alguém, o próprio Scorsese, ou Zaillian, já disse que é sobre laços dissolvendo-se na longa noite das almas, quando ocorrem todas as traições.

É o nono filme de Scorsese com De Niro, uma parceria que começou há muito tempo, nos anos 1970, e antes disso já vinha selada pela amizade. Você pode até achar que é brincadeira, mas tem havido, ultimamente, ciumeira. Scorsese substituiu De Niro por Leonardo DiCaprio e ganhou o Oscar - de filme e direção - por Os Infiltrados, mas, embora essa seja uma afirmação polêmica, só um louco pode achar que a fase DiCaprio é tão boa. Não é, e Scorsese há tempos deve a seu público um grande filme. Antes de ser um grande filme, O Irlandês é um filme grande até na duração (3h30).

O terço final, de uma hora inteira, é destinado a deslindar o affair Jimmy Hoffa. Sendo um filme de velhos, é bom que o espectador preste atenção no processo de envelhecimento de Niro, Pesci e Pacino, e inversamente no rejuvenescimento do trio - e também de Harvey Keitel, que tem um papel importante no longa.

Aliás, são tantos velhos em cena que, com todo respeito, a impressão, lá pelas tantas, é de que Scorsese liberou o asilo, fornecendo papéis a veteranos atores coadjuvantes que você nem sabia mais que estavam vivos. Trabalhando há tanto tempos juntos, chega a ser surpreendente que Scorsese - mas ele é cinéfilo, não se esqueçam - tenha pautado De Niro a fazer sua lição de casa.

Ele exortou o ator a rever clássicos de gângsteres com o astro francês Jean Gabin, porque era aquele tom de interpretação que queria. Isso talvez ajude a entender por que O Irlandês é mais medidativo que os demais filmes de gângsteres do diretor, um pouco mais próximo de seus filmes religiosos (que, a bem da verdade, estão longe de ser os melhores). Olha o spoiler: a grande cena ocorre aos 45 do segundo tempo. O encontro de Frank com a filha. Tudo em O Irlandês leva até ali.

Agende-se

Exibição 'O Irlandês'
Local: Cine Líbero Luxardo, Centur
Datas: Domingo (17), 19 e 20/11
Horário: às 18h

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Palavras-chave

Cinema
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