Curta-ficção exalta a memória ancestral afro-brasileira

“Sem Encruzilhadas” marca o início da terceira temporada de “Ancestrais do Futuro”, websérie que ressalta a diversidade dos territórios brasileiros

Lívia Ximenes
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O curta-ficção “Sem Encruzilhadas”, parte da websérie “Ancestrais do Futuro”, foi destaque nacional no Itaú Cultural, em São Paulo. A obra é realizada pela Negritar Filmes e Produções, produtora audiovisual e cultural amazônida. O curta pode ser conferido no canal do YouTube “Enfrente”.

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A celebração oficial ocorreu no início de novembro, com o lançamento do curta no YouTube. Após um mês, o episódio de “Ancestrais do Futuro” já tem 9 mil visualizações. “Sem Encruzilhadas” inicia a terceira temporada da websérie, que conta com cinco coletivas diferentes na produção de cada episódio.

Mario Costa, roteirista e diretor do curta-ficção, explica que o processo foi orgânico. O diretor, que já frequenta terreiros, acredita que muito do que está no filme faz parte dos seus aprendizados. “Meu pai e minha mãe de santo foram consultores nessa parte do conteúdo e teve muito da vivência do terreiro. Para mim, foi um prazer e foi muito emocionante, porque falar do sagrado através do audiovisual é ocupar territórios”, diz.

Estruturada em cinco episódios, “Ancestrais do Futuro” destaca o papel central da memória e ancestralidade em diversos territórios brasileiros. O episódio “Sem Encruzilhadas” conta a história de Bartô, um homem preto que, enquanto ensaia para o novo espetáculo, vê Exu lhe observando e recebe um recado. Na trama, Bartô e a irmã, Mariana, precisam lutar para manter viva a memória ancestral do seu povo.

A história de Bartô é inspirada em visitas a diversos quilombos, segundo Mario. O diretor fala que pé perceptível como o sagrado e os terreiros estão ficando ocultos em decorrência do domínio de igrejas neopentecostais. “Isso me causou um estranhamento, por eu ser de terreiro. Pessoas pretas que não cultuam mais o sagrado através dessa catequização”, fala.

O diretor diz que muita coisa de sua vida ele devo ao Sagrado e considera essencial fazer essa retomada. “Nós contarmos sobre o nosso sagrado, os orixás, os guias, os caboclos, as entidades que estão conosco o tempo todo e que nos guiam, que nos dão orientação, energia, o axé necessário para que a gente possa viver uma vida com caminhos abertos é fundamental”, fala.

Mario se sente feliz por falar de Exu em sua obra. Ele ressalta que o orixá foi o primeiro a pisar na terra e é considerado vida, movimento e ligação entre as pessoas e os outros orixás. “As nossas narrativas não são novas, elas sempre estiveram aí. Elas foram invisibilizadas. É uma retomada, é uma reparação. Agora a gente quer partir das nossas realidades, partir das nossas vivências. Para mim, o sentimento é amor”, ressalta.

Carlos Vera Cruz é quem vive o personagem Bartô. Para ele, a interpretação foi intensa. “Eu me sinto muito feliz em participar deste episódio porque a maioria da equipe é majoritariamente preta”, destaca.

O ator espera que a partir desse episódio as pessoas passem a ter mais atitudes anti-racistas. Paulo reforça a presença do Candomblé no Brasil e fala que essas comunidades foram as mantenedoras de tradições africanas por meio da oralidade. “Manter esses conhecimentos já faz parte do meu cotidiano”, conclui.

(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do Coordenador de Cultura, Abílio Dantas)

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