Mundo conhecerá o grande vencedor do Oscar neste domingo

"Parasita" e "1917" despontam como favoritos, mas barreira cultural pode beneficiar filme inglês

Ana Carolina Matos
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É chegado o dia de conhecer os vencedores da estatueta dourada mais cobiçada do ramo cinematográfico. A disputa pelo título de Melhor Filme do Oscar 2020 parece se delinear entre dois longas: "1917", do britânico Sam Mendes e "Parasita", do sul-coreano Bong Joon-ho. De um lado, um filme ambientado na Primeira Guerra, que parece ser sido gravado quase que totalmente em uma única tomada e figura como o "queridinho", por ter o perfil da premiação. De outro, a crítica do abismo de classes da produção asiática, que acompanha as táticas de uma família pobre para entrar no universo de uma família rica do país.

"Todo ano o Oscar indica aquelas obras que a gente chama de cara de Oscar. Esse ano não foi diferente. São coisas que a academia geralmente indica, que vai pelo lugar comum de premiações. O Oscar tem sempre uma cara", Laércio Barbosa, do site paraense especializado em cinema outrosmundos.com.

Indicado em 10 categorias, "1917" já levou os prêmios de Melhor Filme Dramático e Melhor Diretor no Globo de Ouro, além de arrematar sete premiações no Prêmio BAFTA de Cinema. O plano sequência usado na produção - que em 2015 rendeu o título de Melhor Filme para Birdman - também é um ponto a mais para o filme.

image "1917" do diretor Sam Mendes é um dos filmes de guerra mais bem ambientados da história. (Divulgação)

Para Lorenna Montenegro, crítica de cinema integrante do coletivo Elviras, a história de dois soldados britânicos, em um dos momentos mais difíceis do embate, não parece ser assim tão interessante. "É um filme incrível tecnicamente mas muito mais do mesmo. É uma história que não conecta, não engaja, não emociona. É muito mais pela pirotecnia técnica. Ele é impecável, mas cinema não é só isso. Cinema, antes de tudo, ainda é contar boas histórias", pontua.

Quase imbatível na categoria Melhor Filme Estrangeiro, "Parasita" soma, ao todo, seis indicações. O longa-metragem, que arrebatou fãs no mundo inteiro, sofre com o impasse de ser "um estranho no ninho", já que é o único filme de língua não inglesa a entrar na disputa de Melhor Filme. Até hoje, nenhuma produção que não fosse em inglês levou a premiação para casa.

image Com forte crítica social "Parasita", de Bong Joon-ho, pode ser o primeiro filme em língua estrangeira a ganhar o Oscar na principal categoria. (Divulgação)

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o filme desbancou outros nomes e levou para casa o prêmio de Melhor Filme Estranheiro no Globo de Ouro e também venceu como melhor filme estrangeiro e roteiro original no Bafta, a premiação da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão.

"Parasita foi o grande hit do ano e foi um filme que arrebatou muita gente mesmo não estreando em grandes salas comerciais. Ele é realmente um filme muito bom porque consegue unir gênero de uma forma que não é muito comum e ainda consegue entregar um final impactante. As cenas são muito bem feitas, muito bem dirigidas, o filme é muito bem atuado e tem uma trama que se você não souber nada da história, vai se surpreender, então meu favorito pessoal é Parasita, apesar de que provavelmente quem vai ganhar é 1917", argumenta Laércio Barbosa.

"O Parasita ganhou como melhor roteiro original do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood, o prêmio principal do Sindicato de Montadores de Hollywood, o Ace Eddie Award, e muitos outros. Então ele está seriamente na disputa, além de que no Critic's Choice Awards ele ganhou como melhor filme estrangeiro", pontua Lorenna Montenegro.

A gigante do streaming Netflix também entrou na disputa com duas produções: "O Irlandês", de Martin Scorsese e "História de um Casamento", de Noah Baumbach. "Eu gosto bastante de História de um Casamento porque eu acho que é um filme que aborda um relacionamento de uma forma que não é muito mostrada, então é um filme que tem uma dose de realidade boa", pontua Laércio. "O Irlandês é um filme também que perdeu muito. Na verdade, a Netflix não conseguiu o que queria com ele. Ela fez uma campanha massiva desde o final do ano passado, exibiu o filme em salas de cinema, mas não rolaram realmente essas premiações", declara Lorenna.

Estão ainda na disputa "Ford vs Ferrari", de James Mangold; "JoJo Rabbit", de Taika Waititi; "Coringa", de Todd Phillips; "Adoráveis Mulheres", de Greta Gerwig;  e "Era Uma Vez Em... Hollywood", de Quentin Tarantino. "O filme do Tarantino, que é um diretor muito festejado, aclamado, apesar de ser um filme bom, acredito que não merecia uma indicação porque é um filme correto mas que não chega no nível de ser uma grande obra", avalia Laércio. 

"Não tiveram surpresas nas indicações. O que eu diria que o máximo que se aproxima de uma surpresa talvez seja 'Jojo Rabbit', porque não são muitas comédias indicadas a melhor filme", acrescenta Laércio. "O que me surpreendeu negativamente foi Dois Papas (de Fernando Meirelles) não ter entrado. Ford vs. Ferrari me surpreendeu nessa indicação, mas está entre os filmes que fazem a cabeça da Academia, trazem uma perspectiva masculina", conclui Lorenna.

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