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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Um agente secreto chamado James Bond

Marco Antonio Moreira

O destaque comercial da semana de cinema é a estreia de 007 Sem Tempo para Morrer, novo filme com o agente secreto James Bond conhecido como 007. O personagem Bond teve seu primeiro filme produzido em 1962 quando os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman compraram os direitos de adaptação da obra de Ian Fleming, lançada em 1953, e produziram 007 contra o Satânico Dr. No (1962) de Terence Young. Com o ator Sean Connery como protagonista, esta produção teve sucesso de público e indicou as principais características da franquia que seria produzida nos anos seguintes: muitas cenas de ação, efeitos especiais e ritmo acelerado em uma montagem com intensa utilização de sons e música, especialmente, do tema musical de 007, composto por John Barry.

A partir de 007 contra o Satânico Dr. No, sucessivas produções foram planejadas para popularizar o personagem. É importante destacar que o sucesso da franquia do personagem permitiu que suas produções fossem usadas como plataformas de lançamentos de produtos com altos investimentos publicitários. Neste período, era obrigatório no meio exibidor de filmes que o ano cinematográfico tivesse o que posso definir como evento 007, com referência as expectativas de bilheteria dos circuitos de exibição, especialmente nos anos 1970 e 1980.

007 - Cine News

Sean Connery, o melhor ator a interpretar 007, realizou sete filmes como James Bon: 007 contra o Satânico Dr. No (1963), Moscou contra 007 (1963), 007 contra Goldfinger (1964), 007 contra a Chantagem Atômica (1965), Com 007 só se vive duas vezes (1967) e 007 Os diamantes são eternos (1971). Connery retornaria ao personagem em 1983 com o filme 007 Nunca mais Outra Vez. O filme 007 À Serviço Secreto de sua Majestade (1969) com o ator George Lazenby foi a única produção que teve pouca bilheteria mundial e é pouco lembrada pelos fãs do personagem.

Roger Moore, primeiro ator inglês a fazer o protagonista, ajudou a consolidar a trajetória de James Bond com sete filmes de sucesso mundial como 007 Viva e deixa Morrer (1973) (canção tema de Paul e Linda McCartney e trilha musical de George Martin), 007 contra o Homem da Pistola de Ouro (1974), 007 O Espião que me Amava (1977), 007 contra o Foguete da Morte (1979) (filmado parcialmente no Brasil), 007 somente para seus olhos (1981), 007 contra Octopussy (1983) e 007 Na Mira dos Assassinos (1985).

Nos anos 1980, o ator Timothy Dalton (conhecido por produções no teatro e cinema) foi protagonista de 007 Marcado para a Morte (1987) e 007 Permissão para Matar (1989). Em 1995, em nova fase do personagem com histórias que evidenciavam ainda mais a importância dos efeitos especiais e com a necessidade de renovar o público da franquia, o ator de cinema e teatro Pierce Brosnan foi contratado. Brosnan esteve em produções que marcaram especialmente uma geração de cinemaníacos que teve acesso aos filmes com James Bond pelas salas de cinema e locadoras de vídeo.  Ele atuou em 007 contra Goldeneye (1995), 007 O Amanhã nunca Morre (1997), 007 O Mundo não é o bastante (1999) e 007 Um Novo dia para Morrer (2002).

Nos anos 2000, os filmes de aventura e ação estavam com outras narrativas no uso da violência mais explicita, entre outras tendências comerciais. Logo, foi necessário acompanhar as transformações do cinema comercial do novo século. O ator Daniel Craig foi escolhido para representar o novo 007 que manteve características da franquia iniciada em 1962, mas em um formato moderno que estivesse mais próximo dos mais variados contextos do século XXI. Craig protagonizou sucessos como 007 Cassino Royale (2006), 007 Quantum of Solace (2008), 007 Operação Skyfall (2012) , 007 contra Spectre (2015) e 007 Sem Tempo para Morrer (2021).

É possível e necessário analisar os filmes de James Bond de várias maneiras, incluindo referências e questionamentos políticos, culturais e comportamentais que surgem de diversos modos em seus filmes e que, nitidamente, fazem parte das características do personagem. Mas, é provável que o sucesso dos filmes de James Bond tenha provocado um encantamento no público tão grande que a maioria prefere assisti-los em uma premissa de um filme de gênero que é feito para entretenimento. À parte de uma discussão mais profunda sobre os efeitos bondianos no cinema, o novo filme do agente secreto mais famoso do cinema deve levar um grande público às salas de cinema. De qualquer modo, entendo que Sean Connery foi o ator ideal para interpretar este personagem tão misterioso e violento quanto o contexto em que ele foi criado, inicialmente na obra literária de Ian Fleming e, posteriormente, nas versões cinematográficas que acompanharam o fluxo de um cinema comercial comprometido, essencialmente, com o entretenimento. 

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