Centro de Dança Ana Unger volta com 'Depois da Chuva' em Belém
Com cerca de 300 bailarinos, espetáculo atravessa mitos amazônicos, episódios históricos e a Belle Époque paraense
O espetáculo Depois da Chuva, do Centro de Dança Ana Unger, retorna ao palco do Theatro da Paz, em Belém, com duas novas sessões agendadas para 20 e 21 de dezembro. A montagem, que reúne cerca de 300 bailarinos, propõe um olhar poético sobre a capital paraense, conectando passado e presente. O objetivo é refletir sobre afetos, permanências e transformações que moldam a experiência urbana amazônica.
Estruturado em dois atos, o espetáculo constrói uma narrativa que atravessa diferentes períodos históricos. No primeiro ato, a condução dramática é feita por Zman, o Senhor do Tempo, que acompanha uma menina em uma travessia simbólica. Esse percurso explora lendas, história e mitos da Amazônia, onde surge Amanacy, a Mãe da Chuva, figura central que evoca a força da natureza e do imaginário popular.
Viagem pela história e cultura de Belém
A dramaturgia coreográfica revisita episódios marcantes da história regional, como a Cabanagem. Também faz referência à religiosidade do povo paraense e aos diferentes fluxos migratórios que contribuíram para a formação cultural de Belém.
No segundo ato, a narrativa se desloca para a virada do século, celebrando a Belle Époque amazônica. Há referências à memória do Theatro da Paz e à produção musical de compositores fundamentais da história cultural da cidade. Entre eles estão Waldemar Henrique, Araújo Pinheiro, Iva Rothe, Luiz Pardal, Salomão Habib, Tynnôko Costa e Altino Pimenta.
O carimbó aparece como expressão de resistência e vitalidade da cultura popular. Uma homenagem à bailarina Anna Pavlova se materializa na referência à coreografia A Morte do Cisne. Isso estabelece conexões entre Belém e um imaginário universal da dança.
Dança como memória e reflexão
Para a diretora-geral e artística Ana Unger, o espetáculo ultrapassa a dimensão estética. “Ao trazer à cena artistas, histórias e expressões muitas vezes esquecidas ou silenciadas, reafirmamos a dança como linguagem de memória, pertencimento e reflexão. É também uma forma de pensar a Amazônia diante dos desafios do presente”, afirma.
A encenação de Depois da Chuva reúne um time de criação reconhecido. Roberta Carvalho e Roberto Eliasquevici são responsáveis pelo vídeo mapping, enquanto Rubens Vieira Almeida cuida da iluminação. A direção musical é de Miguel Campos Neto e o figurino de Alcides Jr. O resultado é uma experiência cênica que articula dança, música e tecnologia como homenagem às múltiplas vozes que constituem Belém.
Centro de Dança Ana Unger e sua trajetória
Fundado em 1998, o Centro de Dança Ana Unger soma mais de 70 espetáculos originais. Ao longo de seus 27 anos de trajetória, a companhia transita entre remontagens de repertório clássico e criações autorais. As criações são conectadas às raízes amazônicas. Atualmente, a companhia mantém um elenco de 24 bailarinos e 10 estagiários. Eles são selecionados por meio de audições abertas no Pará. Isso reafirma seu papel como espaço de formação, pesquisa e renovação da dança no estado.
Serviço
- Espetáculo: Depois da Chuva – A História de Belém
- Local: Theatro da Paz – Belém (PA)
- Datas: Sábado, 20 de dezembro, às 19h30, e domingo, 21 de dezembro, às 18h
- Ingressos: www.ticketfacil.com.br/tp-depois-da-chuva.html
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