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Biografia de Clara Nunes é relançada no mesmo ano em que a cantora é tema da Portela

"Clara Nunes, Guerreira da Utopia", de Vagner Fernandes, acompanha a trajetória da artista desde seu nascimento até sua morte prematura, aos 40 anos

Lucas Costa
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Considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira, Clara Nunes é lembrada até os dias atuais por sua beleza, talento e simpatia contagiante. Com uma voz explosiva, capaz de emocionar multidões, ela lotou plateias, conquistou a indústria do disco e viu a mídia render-se a seus encantos.

Entre seu imenso legado está a interpretação potente de “Canto das Três Raças”, entoado até os dias de hoje como um hino de empoderamento do povo negro no país. Toda a trajetória da artista nascida em Minas Gerais está no livro “Clara Nunes, Guerreira da Utopia”, de Vagner Fernandes.

Publicado originalmente em 2007, a obra foi relançada este ano pela editora Agir, com um novo projeto gráfico. “Neste livro, a par da pesquisa exemplar, há que ressaltar a competência do autor em comunicar-se por meio de uma narrativa simples, mas emoldurada por momentos tocantes, o que faz com que Clara Nunes, guerreira da utopia se assemelhe a um personagem de bom romance, com lances de verdadeiro surrealismo”, pontuou o falecido escritor José Louzeiro, no prefácio do livro.

Além do relançamento de sua biografia, Clara Nunes também foi homenageada na avenida do carnaval deste ano. Ela foi enredo da Portela, escola que a adotara e pela qual se apaixonou e foi fiel até o último desfile de sua vida.

Na Sapucaí, Clara Nunes foi revivida em performance pela atriz e cantora Emanuelle Araújo. A carnavalesca Rosa Magalhães, sete vezes campeã, investiu em fantasias unindo Madureira, Minas Gerais e religiosidade africana, temática pouco explorada em sua carreira.

A escola trouxe ainda um carro alegórico inspirado no álbum “Nação”, que trazia uma arara na capa. Várias esculturas de araras, passarinhos, sabiás e uma grande águia, símbolo da escola; estiveram na avenida.

Resultado de quatro anos de intensa pesquisa, a biografia de Clara a acompanha desde a infância até a morte prematura, aos 40 anos, durante uma cirurgia de varizes. O livro revela histórias do início de sua carreira em Belo Horizonte, segue os seus passos quando se muda para o Rio, descreve a sua busca pelo sucesso, relembra a sua desconhecida passagem pela jovem guarda e pelos festivais da canção, testemunha a sua paixão pelo samba e a sua consagração na MPB.

Com delicadeza, trata também da vida pessoal dessa mulher incomum, tão à frente do seu tempo. Mas o autor vai além: a partir da trajetória de Clara, faz um retrato do Brasil nos anos de chumbo da ditadura militar e na campanha da anistia pela abertura democrática.

Para escrever a obra, Vagner Fernandes esmiuçou uma ampla bibliografia e entrevistou mais de 300 pessoas, reunindo cerca de 400 horas de depoimentos. Debruçou-se sobre a vida e a carreira da intérprete, percorrendo os lugares trilhados por ela - de Caetanópolis (MG), sua terra natal, ao popular bairro de Oswaldo Cruz (RJ), onde foi fundada a Portela.

Quando chegou às livrarias, em 2007, a obra foi a primeira a revelar (após 25 anos de arquivamento da sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) informações confidenciais, até então inéditas, sobre a morte da artista. A possibilidade de erro médico, a cruel onda de boatos, a comoção popular e o velório na quadra da Portela, por onde passaram 50 mil pessoas, são os temas dos últimos capítulos da biografia.

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Cultura
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