Banda de metal experimental do final dos anos 90 traz ao público pela primeira vez seu único álbum

O lançamento será nesta quinta (5), nas principais plataformas digitais e o selo paraense "Braças Discos"

Bruna Lima
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A banda de metal “Paiakan” lança o primeiro álbum da carreira, o "Zerinho de Kombi no Campão", com o selo paraense Braçal Discos. O lançamento será nesta quinta (5), nas principais plataformas digitais e apresenta ao público 11 faixas. O link para fazer o pré-save do álbum já está disponível no link.

Essa insistência em aprimorar as composições da banda levou o Paiakan a compor as 11 faixas de "Zerinho de Kombi no Campão" com um nível de inventividade e de ousadia para os padrões musicais. Músicas às vezes longas, com mais de seis minutos, alternando partes de barulho extremo com trechos mais macios e groovados, tentando construir harmonias inusitadas e buscando expandir as fronteiras da exploração timbrística.

Mas também há, entre o material do álbum, vinhetas de humor, música concreta adolescente e, claro, punk rock. Conceitualmente, o Paiakan também buscava construir uma proposta à altura da sua ambição musical. As letras da banda buscavam transmitir o sentimento de uma juventude do fim dos anos 90 atordoada com a derrocada dos anos de ouro do capitalismo, confusa diante da emergência de um pós-modernismo que, embora negasse as utopias e as perspectivas de futuro, de certa forma encorajou as pessoas a fazerem por si mesmas a sua história. 

O próprio nome da banda, eventualmente questionado à época em que o Paiakan esteve em atividade, era uma referência ao cacique kayapó Paulinho Paiakan. A banda se considera modesta em seu alcance e até ingênua no sentido de se constituir como um produto do mercado musical, mas ousou o quanto pôde naquilo que se dedicou a fazer.

Por essa razão, e a fim de buscar cobrir uma verdadeira lacuna que até o presente momento ainda existia na história da música de subúrbio brasileira, é que o selo Braçal Discos, sediado o na cidade de Belém do Pará, vem publicamente a anunciar a chegada da versão remasterizada e definitiva de "Zerinho de Kombi no Campão", mais de duas décadas após sua gravação. Masterizado pelo produtor musical Giancarlo Frabetti (a.k.a. Xepah) a partir dos arquivos de áudio originais, o álbum traz pela primeira vez uma qualidade de áudio que busca tirar o máximo da potência do material gravado pela banda.

Foi nesse cenário que um grupo de oito jovens com seus mais ou menos vinte anos, vindos de outros projetos musicais, formaram o Paiakan. A proposta estética da banda era a de criar uma música que soasse chocante e desconcertante, mas buscando executar caos sonoro com o máximo de apuro técnico que lhes fosse possível alcançar. 

As influências são basicamente pelo trabalho de bandas como o Mr. Bungle, mas também outras menos radicais, como o próprio Sepultur. Mas, na necessidade de às vezes ter que explicar em poucas palavras o tipo de música que o Paiakan fazia, classificava-se o som da banda como jazzy death metal.

O fato é que, na época em que finalmente conseguiu autoproduzir seu primeiro e único álbum, o Paiakan já estava se desfazendo enquanto projeto coletivo. Não apenas pela circunstância de que aos poucos foram aparecendo novas inclinações musicais entre os membros da banda, mas, talvez, sobretudo, por que as necessidades materiais da vida obrigaram vários de seus membros a se dedicar cada vez mais a atividades profissionais distintas da música. 

Na verdade, nos seus aproximadamente seis anos de existência, o Paiakan fez pouquíssimas apresentações ao vivo, embora tenha se esforçado intensamente em ensaiar e arranjar suas composições. Embora evidentemente sonhassem com a consolidação profissional da banda, seus membros tinham uma motivação de criar e de tocar que era alimentada simplesmente pela amizade entre jovens socialmente que, por acaso, eram músicos e residiam no mesmo bairro da cidade.

 

 

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