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Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

O Último Azul é o grande destaque da semana

Marco Antonio Moreira

O Último Azul (foto) de Gabriel Mascaro, foi lançado recentemente nos cinemas em um momento propício para o cinema brasileiro, especialmente pelo reconhecimento internacional provocado pelos prêmios de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Estamos em um período de celebração do cinema feito no Brasil, após anos de questionamento e distanciamento do público das grandes produções nacionais. Por isso, é mais do que necessário prestar atenção nos filmes brasileiros.

Premiado no Festival de Berlim, O Último Azul desponta novamente o talento do cineasta Gabriel Mascaro, um artista que tem demonstrado intenso interesse em contar histórias diversas, de modos diversos, sempre vinculados, de alguma maneira, ao Brasil do passado, presente e futuro. Mascaro dirigiu filmes marcantes nos últimos anos, como Divino Amor (2019), Boi Neon (2015) e Ventos de Agosto (2014). Sua obra transita entre o documentário e a ficção, com personagens em diferentes contextos, em diálogo com mundos inventados ou reais, que revelam múltiplas personalidades por meio do olhar sensível do diretor. Por isso, seus filmes merecem ser observados como um meio de reflexão e questionamento sobre a sociedade contemporânea brasileira.

Em O Último Azul, a história se passa em um Brasil distópico que adota uma política de exílio forçado em relação aos idosos, com o objetivo de permitir que os jovens produzam mais sem se preocupar com os mais velhos. O governo implementa uma política de exclusão que envia os idosos para colônias habitacionais, onde devem viver a fase final de suas vidas. Mas uma mulher, Tereza, de 77 anos, moradora de uma cidade na Amazônia, se opõe a essa imposição e decide abandonar sua casa para realizar seus últimos desejos antes de ser expulsa de seu lar e enviada para a colônia. Assim, ela embarca em uma viagem pelos rios e afluentes da região e se depara com outros mundos e pessoas que transformarão sua forma de viver.

Com uma visão poética e realista das possíveis realidades em um país distópico, Mascaro criou um filme que leva o espectador a refletir sobre interpretações do nosso presente, do Brasil de hoje, que oscila entre compreender questões expressivas vinculadas à sociedade em seus aspectos humanos, pessoais, coletivos e de sobrevivência diária, enquanto se busca a felicidade — que pode ou não estar na esquina de uma rua ou na curva de um rio. A personagem Tereza, em busca de sua possível liberdade e felicidade, longe de um sistema político que exclui idosos e sua vida futura, redescobre, em sua necessária jornada, um outro mundo — interno e externo — com o qual precisa lidar, de algum modo, para ser feliz. Os encontros de Tereza, na sua jornada, de algum modo, são encontros com novos modos de viver.

Apesar de alguns problemas no roteiro, especialmente na elaboração de certos personagens, Mascaro conseguiu ampliar o alcance de sua obra ao reafirmar seu estilo singular de fazer cinema, explorando histórias e personagens em busca de diferentes realidades, difíceis de encontrar — seja em um Brasil real, distópico ou (re)inventado.

Assista ao filme e participe dos debates sobre esta obra relevante para o cinema brasileiro moderno. O Último Azul é destaque na programação do Cine Líbero Luxardo.

Roda de Cinema

O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) realizará, no dia 17 de setembro de 2025, às 18h30, na Casa das Artes, uma Roda de Cinema em homenagem ao cineasta Silvio Tendler, que faleceu recentemente. A entrada é gratuita e haverá emissão de certificado de participação (4 horas). A proposta da atividade é homenagear, refletir e contextualizar a obra e o pensamento cinematográfico de Tendler, cujo trabalho tem profundo vínculo com a história e a memória do Brasil.

A Roda de Cinema em homenagem a Silvio Tendler terá minha apresentação, que incluirá a filmografia comentada de Tendler, entrevistas com o diretor e a relação de sua obra com um cinema vinculado à memória e à história do Brasil. Entre suas obras mais marcantes estão: Jango (1984), Glauber – O Labirinto do Brasil (2003) e Utopia e Barbárie (2009).

A Roda de Cinema é uma ação cultural mensal do CEC, com o objetivo de fomentar o estudo e a pesquisa de temas contemporâneos do audiovisual. Desde maio de 2025, o projeto é uma ação de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA), vinculado ao curso de Cinema e Audiovisual.

Sessão CCBEU

O Cine CCBEU exibirá, nesta semana, o clássico do cinema americano Perdidos na Noite de John Schlesinger com Dustin Hoffman e Jon Voight em grandes atuações. O filme foi premiado com diversos Oscars, incluindo o de Melhor Filme, em 1969. A sessão especial deste grande clássico acontecerá como parte da programação comemorativa dos 70 anos do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos. Perdidos na Noite será exibido no dia 16/9, às 19h. Entrada gratuita.

Dicas da semana

Mostra Ingmar Bergman. Homenagem a um dos maiores diretores da história do cinema.

  • Dia 16/9 - O Rosto (1955). Com Max Von Sydow.
  • Dia 23/9 - Sonata de Outono (1978). Com Liv Ullman, Ingrid Bergman (Cineclube SINDMEPA. Horário: 19h. Entrada gratuita)
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