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Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

Elis & Tom: Só Tinha que Ser com Você é uma experiência emocionante

Marco Antonio Moreira
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A carreira musical de Elis Regina é verdadeiramente brilhante. Sou admirador de seu trabalho desde a adolescência, quando fui cativado por sua voz sensível, poderosa e emocionante. Sua morte prematura aos 36 anos, em 1982, foi uma perda que entristeceu muitos de nós. Considero várias de suas obras musicais de maneira especial e única, mas sempre vi sua parceria com o mestre Tom Jobim, em 1974, como um dos pontos altos de sua carreira. Essa colaboração proporcionou momentos de pura genialidade musical, envolvendo a voz inigualável de Elis, as composições de Jobim, os arranjos magistrais e músicos talentosos como Tom Jobim, César Camargo Mariano, Hélio Delmiro, Luizão e Paulo Braga.

Essa obra tornou-se uma referência fundamental na história da música brasileira, e mesmo após todos esses anos, continua a influenciar e a inspirar apreciadores da música em todo o mundo. Felizmente, o empresário de Elis, Roberto de Oliveira, produziu filmagens dos bastidores das gravações realizadas em Los Angeles. Parte desse material foi exibido na televisão nas décadas seguintes. Quase 50 anos após sua realização, Oliveira decidiu disponibilizar várias horas dessas filmagens ao público, proporcionando a oportunidade de assistir a imagens históricas no documentário Elis & Tom: Só tinha que ser com você (dirigido por Oliveira com imagens de Jom Tob Azulay) que mostra Elis, Tom e os músicos, bem como o processo criativo que envolveu a criação de uma obra icônica da MPB.

Como em quase toda obra artística, o processo criativo de Elis e Tom enfrentou inicialmente desafios consideráveis, incluindo algumas diferenças em relação à direção das gravações. Jobim ficou surpreso com a presença do talentoso músico e arranjador César Camargo Mariano (esposo de Elis nos anos 1970). Algumas filmagens capturaram um clima tenso entre eles. Além disso, houve mal-entendidos devido a informações incompletas, já que o disco a ser gravado era originalmente de Elis com a participação de Jobim, detalhe que ele não estava totalmente ciente. Em um momento de tensão entre os artistas, Elis pensou em desistir do projeto e voltar ao Brasil.

No entanto, felizmente, após um começo tumultuado nas gravações, Elis e Tom encontraram um belo caminho artístico. O que presenciamos no documentário são momentos de talento, sensibilidade e genialidade, que superaram os obstáculos iniciais e resultaram em uma obra-prima da música brasileira.

Os momentos mais marcantes do documentário Elis & Tom: Só Tinha que Ser com Você apresentam Elis Regina interpretando de maneira sublime várias canções como O que Tinha de Ser e Água de Março (em parceria com Jobim). Vale ressaltar também as filmagens de momentos descontraídos dos artistas, incluindo a cena em que Elis, Tom e César demonstram alegria com o resultado final de uma gravação.

A inclusão de entrevistas com pessoas que participaram desse projeto musical, incluindo os músicos, bem como os depoimentos do produtor André Midani, do músico Roberto Menescal e do diretor do filme, Roberto de Oliveira, enriquecem consideravelmente o documentário. Além disso, as opiniões do jornalista Nelson Motta, do produtor João Marcelo Bôscoli (filho de Elis) e de Beth Jobim (filha de Tom Jobim) acrescentam profundidade e perspectivas valiosas à narrativa.

Elis & Tom: Só Tinha que Ser com Você é indiscutivelmente um dos documentários musicais mais notáveis do cinema brasileiro. Suas imagens e músicas nos relembram a importância da música brasileira que merece ainda mais conhecimento e reconhecimento em nosso país.

Assistir e ouvir Elis Regina e Tom Jobim juntos é uma experiência repleta de emoção!

Roda de Cinema

O Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) promoverá uma Roda de Cinema com o tema O Cinema na Graduação de Psicologia: Uma Perspectiva Analítica sob o Olhar dos autores Sigmund Freud e Carl Jung de Raphaela Pontes e Danielle Freitas no dia 27/09, às 18h30, na Casa das Artes.

Cineclubes

A palestra, com o título O Papel Vital dos Cineclubes na Educação do Público como Cidadãos e Admiradores do Cinema, incluindo minha apresentação, será realizada no Centro Universitário FIBRA no dia 28/09, às 19h, e a entrada é gratuita.

Dica de Semana

A General de Buster Keaton. Clássico do cinema silencioso. Apresentação musical ao vivo com Paulo José Campos de Melo (Cineclube SINDMEPA. Terça-feira, dia 26/09, às 19h. Entradas gratuita)

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