Homem pinta gravuras rupestres de cerca de 2.000 anos em Manaus e revolta arqueólogos

Localizadas às margens do rio Negro, gravuras foram feitas por indígenas pré-coloniais e reapareceram nesse período de seca

O Liberal
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O historiador Otoni Moreira de Mesquista, de 70 anos, causou polêmica nas redes sociais e irritou arqueólogos ao pintar gravuras rupestres feitas pré-coloniais, que ficam no sítio arqueológico de Lajes, às margens do rio Negro, em Manaus. As gravuras pintadas foram feitas pelos indígenas que habitaram a Amazônia entre 1.000 e 2.000 anos atrás. Após a repercussão do caso, Otoni Mesquita justificou o motivo de ter tomado essa atitude e pediu desculpas pelo ocorrido.

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Pesquisadores da área e o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmam que a pintura foi feita sem autorização e sem uso de técnica adequada. As gravuras reapareceram neste ano após a mais intensa já registrada na história do rio Negro e o local tem sido visitado constantemente.

“Considerando a raridade do fato histórico, e antevendo que se trate de uma oportunidade rara, procurei recursos técnicos para realizar o registro. Ciente de que se tratava de um procedimento que não causaria risco ou dano, nem se constituiria uma agressão ao bem artístico e cultural, eu tinha, portanto, a pretensão de ressaltar os atributos da obra primitiva. Por isso, procurei utilizar um método que evidenciasse o contraste das incisões que definem a face gravada no sentido parietal”, justificou o historiador, sobre a pintura.

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Ele afirma ter utilizado um pincel de pelo, aplicando caulim, que é um uma argila natural de coloração branca, e que não poderia "intervir e agredir a obra”. “Esse é um método que era bastante aplicado em intervenções arqueológicas para ressaltar traços de incisões, quando os pesquisadores fazem registro de sítios com incisões rupestres”, continuou Otoni Mesquita.

O historiador pediu que as pessoas tentem compreende a sua atitude “a partir do ponto de vista do interesse acadêmico”. Otoni argumenta que o registro pode contribuir com futuras interpretações e afirma que não pretendia agredir a obra, ou ferir “a memória de nossa ancestralidade”.

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“Peço minhas sinceras desculpas àqueles que, por alguma razão, se sentiram ofendidos com a adoção do meu método de investigação, que está dentro dos pressupostos de formação acadêmica”, completou.

Em entrevista ao portal UOL, a doutora em arqueologia pela USP, Helena Pinto Lima, que é pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, explicou que ações sem acompanhamento de especialistas, “mesmo que desprovidas de má intenção, podem afetar ou até mesmo comprometer futuros estudos”.

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Helena Lima afirma que desconhece o método usado pelo historiador Otoni Mesquita. “Essas gravuras estiveram submersas em ambiente estável por milhares de anos, e só o fato de estarem agora expostas já pode alterar seu estado de conservação. A reação do pigmento utilizado, mesmo que seja natural, é desconhecida e pode sim acelerar a deterioração das gravuras”, avaliou.

De acordo com o Iphan, pesquisas com intervenção em sítio arqueológico sem permissão do órgão é ilegal e passível de punição, por crime contra o patrimônio natural e cultural. As penas, nesses casos, podem variar de 1 a 3 anos de prisão e multa.

O órgão informou que acionou outras autoridades competentes "para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos". A Polícia Federal, o Batalhão de Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Segurança Pública devem ajudar com patrulhamento. 

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