Diretora e professoras de creche viram rés por maus-tratos contra criança com paralisia cerebral
Denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro

O juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta, titular da 41ª Vara Criminal, aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra uma diretora e duas professoras acusadas de supostos maus-tratos contra uma criança com paralisia cerebral. A decisão foi tomada no último dia 30 de maio e, com isso, as educadoras se tornam rés no processo. Elas negam as acusações. As informações são do G1 Rio de Janeiro.
Conforme a ação apresentada pelo MP, o menino Dante, que completou quatro ano do último domingo, era mantido preso em uma cadeira adaptada por várias horas, sem ser mudado de posição nem interagir com outras crianças. Ele também recebia pouca água, o que levou a um caso de infecção urinária.
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O caso teria ocorrido na creche-escola Tempo de Construir, pertencente à pedagoga e diretora Danieli Alves Baptista Bonel, uma das investigadas. As outras duas suspeitas são Samantha Carla Alves Cavalcanti e Vitória Barros da Silva Rosa.
Elas negaram os maus-tratos à polícia e em entrevistas para o G1. Segundo as três, o menino tinha dificuldades para ingerir líquido e era mantido na cadeira postural para que não tombasse.
Suspeitas
Os pais de Dante desconfiaram que seu filho estava sendo negligenciado após uma denúncia anônima, que dizia que a criança ficava presa por horas em uma cadeira. Policial militar, a mãe do menino, Flávia Louzada, levou o caso à 21ª DP (Bonsucesso), e conseguiu as imagens das câmeras da creche.
"Primeiro eu me culpei muito, porque vi o meu filho se debatendo, chorando na cadeira. Ele ficava horas ininterruptas. Tem cenas em que ele se debate, estende o braço em direção ao funcionário, e a funcionária ignora", conta. O menino tem paralisia cerebral grau 4, que só afeta a parte motora da criança. "A parte cognitiva dele é perfeita, o que torna isso tudo ainda mais cruel. Ele tinha noção de tudo. Quando entrava na rua da escola, ele começava a chorar muito, desesperadamente", relatou a mãe.
Ela diz ainda que o menino não tinha a alimentação adequada. “Tinha dias o dia inteiro sem água, por isso foi hospitalizado com infecção urinária. Quando ele chegava da escola, ele vivia com sede. As meninas da escola diziam que ele 'se acabava' de brincar no parquinho. Elas mantinham ele preso o tempo todo".
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De acordo com o magistrado que aceitou a denúncia, Dante "permaneceu sentado e contido em sua cadeira por horas, até mesmo no momento da chamada 'soneca', sendo privado de seu sono, além de não haver oferta de líquidos durante todo período que permaneceu na creche".
O juiz diz ainda que o menino recebeu "refeição distinta da oferecida aos demais alunos e com pouca higienização no tocante à troca temporária de fraldas, ficando por horas preso em sua cadeira na mesma posição, sem ser levado para atividades ao chão e sem interação com as demais crianças".
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