Jovens da Terra Firme usam bom humor para conscientizar comunidade sobre a covid-19
Grupo produz e distribui conteúdo voltado para moradores da periferia de Belém
Desde o início da última semana, dezenas de jovens da periferia de Belém, que fazem parte do projeto Cine Club TF, atuam na elaboração, criação e divulgação nas redes sociais de vídeos curtos adaptados à realidade das periferias de Belém. A finalidade é, por meio do áudio visual, ajudar e reforçar as informações oficiais de prevenção e cuidados no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Para isso, como explica a professora Lilia Melo, foi criada a hastag #NãoTeFazDeLesa e o grupo atua em parceria com outras lideranças alimentando a hastag #CoronavirusNasPeriferias, que traz vários outros projetos voltados à periferia. Desde o dia 23, cinco vídeos foram lançados na #NãoTeFazDeLesa.
"Nós do Cine Club TF (#Cineclubtf) estamos tentando ajudar nossa quebrada de alguma forma. Então, lançamos a hastag #NãoTeFazDeLesa com a divulgação diária de um vídeo adaptado às periferias, combater e prevenir a contaminação da galera com o coronavírus. Um deles, por exemplo, ensina que é importante manter sempre um balde com água em casa para lavar as mãos com sabão. Pois, sabemos que muitos não têm sempre água nas torneiras, vão pegar na torneira mais baixa que há na redondeza, que muitas vezes estão perto de canais. Aí a gente leva pelo áudio visual a informação que sempre precisa ter o produto em casa para lavar as mãos e evitar a doença. Temos ainda odos os dias, às 19h, dicas e prevenções contra a pandemia", explica a professora Lília Melo, que coordena o projeto.
A professora afirma que o projeto tem como tema tema "Amor Preto: minha cria!, lançado em 2019", e é uma proposta de intervenção urbana com produções audiovisuais de jovens negras/os periféricas/os. "Funciona como uma ferramenta de diálogo entre as produções artísticas desses jovens, construindo um espaço de formação estética da arte cinematográfica que pretende atuar numa plataforma virtual e itinerante não somente em sua comunidade, mas em outras escolas situadas em outros bairros periféricos do Brasil".
O projeto conta hoje com a participação de alunos e não alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Brigadeiro Fontenelle, que fica no bairro da Terre Firme, classificado como “zona vermelha” por autoridades policiais. A iniciativa começa a se expandir e já está em rede para o bairro do Bengui, em Belém.
Indicação Internacional
O projeto levou a professora Lília Melo, da escola Brigadeiro Fontenelle, na Terra Firme, a ficar entre os 50 melhores educadores do mundo finalistas para o prêmio Top 10 do Global Teacher Prize, tido como "Nobel da Educação" mundial. O Prêmio Global para Professores, segundo consta na página do prêmio, serve para sublinhar a importância dos educadores e o fato de que, em todo o mundo, seus esforços merecem ser reconhecidos e comemorados.
O prêmio procura reconhecer os impactos dos melhores professores - não apenas em seus alunos, mas nas comunidades ao seu redor. O prêmio é de US $ 1 milhão apresentado anualmente a um professor excepcional que fez uma contribuição extraordinária à sua profissão. O evento ainda não tem data nem local confirmados.
Em dezembro de 2019, a professora recebeu uma medalha de honra ao mérito de Qualidade do Ensino Público pelas mão do então presidente Michel Temer devido ao trabalho desenvolvido no bairro.
Ela foi considerada a melhor professora de ensino médio do país pelo Ministério da Educação (MEC), em 2018, por meio do Prêmio Professores do Brasil 2018.Com o projeto "Terra Firme: Juventude Negra Periférica, do extermínio ao protagonismo", a professora leva esperança, aprendizagem e reconhecimento aos estudantes da escola Brigadeiro Fontenelle. A ideia surgiu em 2015, após a chacina de novembro de 2014, que teve entre as vítimas um estudante do colégio, como forma de promover nos alunos a conscientização sobre a importância da cultura, responsabilidade social e respeito.
Para conhecer mais sobre o projeto acesse:
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