Praça da República é refúgio de quem ficou em Belém no domingo de carnaval
Famílias aproveitaram para passear e ouvir música sem muita badalação na manhã de hoje (27)

Se as ruas de Belém estavam vazios neste domingo de carnaval (27), a realidade era bem diferente na Praça da República, em Belém, com muitas crianças correndo, músicos de rua tocando Caetano Veloso e cadeiras de praia cujos donos tomavam uma cerveja na sombra curtindo um carnaval na sombra, com menos folia e mais conversa entre amigos. Rodrigo Moraes foi com o filho e vários amigos após decidir ficar na capital paraense por se sentir sem clima para festejar diante de um mundo que anda carecendo de notícias positivas.
"É porque estamos vendo todos esses ocorridos ainda com a questão da pandemia e agora está tendo até guerra no mundo. Então não estou muito animado para fazer festa de carnaval, ficar viajando", conta o militar. Ele pretende fazer uma mini farra com amigos no feriadão, mas sem muita badalação, nas palavras dele. Antes da covid-19 surgir, a diversão de Moraes era embarcar rumo aos interiores do Pará.
"Pra mim é o melhor carnaval, como Bragança e Cametá. Tem desde o carnaval agitado mesmo até o lance mais família. Nunca gostei desse negócio de sair do Pará para curtir o Carnaval. Sou meio suspeito para falar porque a família do meu pai é em Bragança. Gosto muito do carnaval de lá, sempre fui. Ainda não fui em muitos, por exemplo, não fui em Vigia, que é muito famoso. Dá saudade da farra porque a gente não vive mais o carnaval como era. Meu filho é adolescente e tem dois anos que não tem carnaval. Ele já podia estar brincando e ainda não conseguiu fazer isso, coisa que a gente já fez muito", lamenta ele enquanto o filho olha algumas camisas de banda de heavy metal.
Já Dulcelino Farias não estava tão saudoso assim da agitação, pois prefere carnavais mais tranquilos, sem tantas festas. Ele estava na Praça da República com duas filhas, um sobrinho e esposa brincando e aproveitando o clima ameno que perdurou durante as primeiras horas da manhã.
"Quero mais curtir com a família esse ano mesmo. Na realidade não gosto muito de viajar. Gosto de carnaval, mas esse transtorno de trânsito de ir e voltar eu pulo. Nosso carnaval quando a gente sai é mais para balneário mesmo, curtir uma beira de praia. Esse é o nosso carnaval. Mas devido ao transtorno para voltar pode ser um bocado ruim também, então a gente preferiu ficar em Belém, curtir um espaço para as crianças brincarem mesmo. A gente gosta muito de ir aqui na estrada do Mosqueiro em um balneário chamado Lagoinha, com espaço para crianças, adultos, bebida, comida, hospedagem. Quem sabe a gente não passa lá. É um período bacana", conta o motorista de aplicativo, que afirma que diversos amigos viajaram para Mosqueiro, Salinópolis, Soure e Salvaterra no feriadão.
Os professores Jadson e Rebeca Cardoso vieram com a filha de um ano para Belém, além de um casal de tios. Eles querem aproveitar o feriado para passear pela cidade, entre praças, museus e shoppings.
A rotina pesada da profissão do casal faz eles gostarem da calmaria, coisa que não é muito fácil de achar no município natal deles, Abaetetuba, nesta época do ano. Apesar da prefeitura da cidade ter suspendido o carnaval de rua, não faltam festas privadas para animar a cidade.
Eles afirmam que concordaram com a medida, pois estavam receosos com o aumento no número de casos de covid-19 e também da gripe comum.
"A gente até vem em Belém com certa frequência, mas depois que a minha filha nasceu paramos um pouco. O carnaval em Abaeté é muita onda, um dos mais famosos do Pará, com muito bloco e muita festa. Muita gente vai para lá, lota a cidade. É tudo misturado, bloco, trio, festa. Vai até cantores nacionais, muito famosos. A gente vai embora depois do almoço e vamos passar lá os outros dois dias, mas ainda estamos pensando o que iremos fazer. Tem a praia de Beja lá e como temos casas estamos vendo se vamos para descansar lá no resto dos dois dias. Abaeté está cheia de festas fechadas", conta ele. A filha de Rebeca estava agitada enquanto a mãe a alimentava, com ajuda da música que estava tocando na praça. "Somos péssimos de folia e bons de descansar. Agora com a bebê queremos mais viajar para lugares mais calmos até para não acostumar ela nessa folia toda", brinca a mãe.
Ian Rabelo vai fazer uma folia na casa da namorada com os parentes e vizinhos dela. Apesar de feliz, ele admite que o gosto desse carnaval é agridoce. "É a primeira vez que vamos comemorar o carnaval depois de dois anos de pandemia. Por um lado é muito bom porque vamos estar reunidos em família, com vizinhos, gente que a gente gosta. Por outro lado bate aquela saudade de ter muita gente reunida em um só local, aquela aglomeração muito grande. Mas ainda não pode, então fazer o que? É muito diferente", afirma.
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