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“Porco da Moto”: sofrimento pela perda de pets é tão sério quanto o luto por pessoas

Psicóloga afirma que essa tristeza não pode ser ignorada, correndo risco de desenvolver outros problemas de saúde

Camila Guimarães / Especial para O Liberal
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Na última sexta-feira (18), todos que acompanharam a história do “Porco da moto” lamentaram o falecimento do bichinho, devido a complicações no seu quadro de saúde. Com sua partida, o porquinho Lula deixou enlutados os tutores e sua companheira suína, a porquinha Dilma. O que, para alguns, é apenas a morte de um animal, para outros é a perda de um ente querido e o sofrimento emocional e psicológico podem ser bem intensos.

A psicóloga Suellen Saraiva explica que, com o tempo, as configurações familiares mudaram muito e, hoje, é cada vez mais comum que animais de estimação façam parte da família, por isso, a dor da perda de um pet pode equivaler à perda de uma pessoa. “Algumas pessoas desenvolvem um vínculo afetivo com o pet na mesma profundidade de um vínculo familiar e, em caso de perda, essa dor não pode ser desconsiderada”, afirma.

Segundo a especialista, ter essa dor negada ou ridicularizada por terceiros é um problema sério, que pode piorar o quadro de quem já está sofrendo. Além disso, fazer afirmações como “vai passar”, não ajuda a diminuir o problema. “Toda dor precisa ser acolhida e a gente precisa entender que a relação tutor-pet é subjetiva. Mas existem pessoas que não vão entender isso, e digo de forma geral, porque tem gente que não sabe lidar com o sofrimento alheio mesmo”.

 

Sofrer pela morte de um animal de estimação não é coisa apenas de criança

A psicóloga comenta sobre como a dor pela perda de um animal de estimação costuma ser infantilizada, como se fosse algo compreensível para uma criança, mas não para um adulto sentir. Entretanto, ela alerta: negar essa dor, ou reprimir essa tristeza, pode desdobrar, inclusive, alguns problemas de saúde física:

“Os adultos normalmente tendem a querer negar a dor, seja por vergonha ou por haver uma criança envolvida e ele achar que tem que ser ‘forte’. Mas, na verdade, qualquer sentimento que a gente reprime, principalmente o sofrimento, pode provocar uma série de problemas, inclusive doenças psicossomáticas, como as psoríases e as doenças reumáticas. Muitas alergias de pele, por exemplo, têm causas emocionais e não orgânicas”, explica.

Quando se trata de animais de estimação, é comum que pessoas pensem que a adoção de um novo pet vai resolver o problema, mas Sullen garante que não é assim que funciona: “a gente vê muito isso com crianças. Geralmente a perda de um pet é a primeira experiência de luto delas, mas ganhar outro animal não resolve. É o tempo de elaboração desse luto que vai fazer com que ela consiga criar um espaço emocional para acolher outro pet. O mesmo vale para adultos”, garante.

 

O luto precisa ser vivido, mas alguns sinais podem indicar adoecimento psicoemocional

Sobre isso, a psicóloga explica que o luto é um processo. Mesmo se tratando da morte de um animal, a pessoa que sofre pode passar por todos os estágios do luto, como a negação, a raiva, a barganha e a aceitação. Por isso, a psicóloga orienta qual a melhor forma de lidar com o sofrimento nesses casos: “É preciso acolher, aceitar e falar sobre a dor. Negar, fingir que ela não existe, só vai piorar a situação”.

Suellen afirma ainda que não existe um tempo predeterminado para o começo e o fim da experiência do luto, mas alerta sobre quando é preciso se preocupar e buscar ajuda profissional: “Algumas literaturas apontam que o luto pode durar por 2 ou 3 anos, mas hoje em dia, a gente discute muito isso, porque o sofrimento é muito subjetivo. A gente só tem que ficar atento se esse sofrimento está afetando o dia a dia da pessoa. Se ela ficou completamente apática, perdeu o interesse por coisas que gostava, perdeu o apetite ou o sono. Nesse caso, é possível que a gente esteja falando de um adoecimento”.

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