Pessoas em situação de vulnerabilidade são mais afetadas por desastres ambientais, diz especialista

Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas alerta para maior probabilidade de desastres ambientais

Eva Pires
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O dia 16 de março é marcado pelo Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, data instituída em 2011 pela lei nº 12.533. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Cláudio Fabian Szlafsztein, especialista em desastres ambientais e mudanças climáticas, alertou para os maiores riscos de desastres ambientais em Belém, sendo a situação de vulnerabilidade da população o principal entre eles.

Cláudio Fabian Szlafsztein é professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e especialista em em análise de riscos de desastres ambientais e adaptação às mudanças climáticas. Segundo o professor, entre os principais fatores de risco de desastres ambientais na capital paraense associados à natureza, estão chuvas, erosão, ventania forte e calor extremo, que são potencializados pelas mudanças climáticas.

No entanto, para o especialista, viver sob condições de vulnerabilidade é uma condição para que as ameaças ambientais se tornem riscos significativos.

“O risco de um desastre deriva de um processo perigoso, como chuva, vento forte ou maré alta. Para ter um risco, não é suficiente ter ameaças, você precisa de pessoas em condições de vulnerabilidade. A situação de pobreza; de moradia precária, como casas de madeira e telhas irregulares e a falta de recursos para se recuperar em caso de perdas materiais são as verdadeiras preocupações para a sociedade em relação aos desastres ambientais. A mesma chuva que cai no Umarizal, cai na Marambaia, a diferença não é a chuva e sim as condições da população”, declara.

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“O problema de Belém não está no céu e sim na terra”. De acordo com o professor, a capital paraense não emite gases poluentes em abundância. Sendo assim, os desastres como alagamentos e erosão causados pela chuva merecem maior atenção da população e das autoridades.

O especialista explica, ainda, como ocorrem os "processos perigosos" na cidade.

“Em Belém, as zonas onde ocorrem processos perigosos são conhecidas como baixadas, onde as águas da chuva e da maré se acumulam. Já as ventanias fortes são difíceis de serem mapeadas. Em relação aos processos erosivos, como os que acontecem em Mosqueiro por conta dos alagamentos, vale ressaltar que eles não estão associados à natureza e sim à precariedade de saneamento básico. A cidade se alaga não pela chuva, mas sim porque a água não tem para onde ir”, afirma.

Mudanças climáticas como desafios

O enfrentamento aos frequentes alagamentos em Belém, conforme o professor, encara desafios relacionados às mudanças climáticas. “Por um lado existe uma política do governo estadual e municipal de tentar melhorar o sistema de macro e microdrenagem, em uma cidade que ocupa, cada vez mais, novos territórios. Mas de contra a essa força, que deveria diminuir os alagamentos, há maiores quantidades de chuvas em decorrência de mudanças do clima”, explica.

Esforço coletivo

De acordo com o especialista, a responsabilidade para prevenir e diminuir impactos causados por desastres ambientais cabe a um esforço coletivo entre o poder público e os cidadãos. “Não posso exigir saneamento para que as águas das chuvas não se concentrem e, ao mesmo tempo, tapar a entrada do bueiro do lixo. Nada adianta plantar mais árvores na cidade para diminuir o calor extremo, se a construção de prédios ocorrer de modo desenfreado. A responsabilidade de cuidar do meio ambiente deve ser compartilhada”, conclui.

(Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo Atualidades)

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