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Novo Ensino Médio completa um ano e estudantes se adaptam às mudanças

Modelo de aprendizagem ainda apresenta disparidades entre o ensino público e privado

Camila Guimarães

Este ano, estudantes paraenses tiveram que enfrentar uma nova realidade em sala de aula com a implantação do Novo Ensino Médio, que passou a vigorar desde o primeiro semestre, aumentando o tempo do estudante na escola, além de definir uma nova organização curricular. Até então, apenas o primeiro ano teve de enfrentar a mudança. A partir de 2023, o novo modelo de aprendizagem também se estenderá aos alunos do segundo ano, até que, em 2024, todos os anos do ensino médio seguirão o novo modelo. Em escolas de Belém, estudantes soam otimistas ao fim do primeiro ano de adaptação, porém, disparidades no modo como o ensino público e o privado absorvem a novidade são perceptíveis.

Na Escola Estadual Visconde de Souza Franco, no bairro do Marco, em Belém, projetos integradores e multidisciplinares foram a principal estratégia para a adaptação ao Novo Ensino Médio. A estudante Júlia Bravin, de 15 anos, e Aisha Sargem, de 16, comentam que estavam apreensivas com a mudança, entre outras coisas, por saber que parte da nova diretriz inclui itinerários formativos, com projetos e disciplinas que se aprofundam em uma área do conhecimento já projetando uma carreira futura.

Quando nos falam para planejar o futuro, já bate aquele medo. Mas a gente tem contado com mais atenção dos professores e a ajuda de projetos que são um reforço pra gente. Na pandemia, a gente teve aulas online, o que, em muitas escolas, não foi bem aproveitado. Então essa assitência melhor está nos ajudando muito a pensar no futuro e no que a gente quer para nossa vida”, comenta Júlia.

image Estudantes superam transtornos da pandemia e se adaptam ao Novo Ensino Médio, com grandes expectativas para os próximos anos. (Thiago Gomes / O Liberal)

Letícia Veras, 16, por sua vez, fala que a mudança na carga horária tradicional foi o que mais assustou, no começo, uma vez que a nova diretriz da Educação aumentou o tempo de 800 para 1.000 horas anuais. Letícia, por exemplo, entra às 7h e sai às 17h todos os dias:

“É um pouco difícil porque a carga horária é maior. É mais matéria, mais assunto. Mas a gente está se adaptando. Por exemplo, em Matemática, quem saiu do ensino fundamental ainda com algumas dificuldades, os professores estão com um pouco mais de atenção por meio dos projetos. Eles ensinam tudo desde o comecinho e a gente consegue aprender”.

O coordenador pedagógico Gether Queiroz diz que as mudanças foram progressivas, mas que a escola já tinha a prática de trabalhar projetos integradores, o que ajudou na aplicação do novo ensino médio de maneira coerente. Ele conta que, ainda que os estudantes passem mais tempo na escola, há uma grande variedade de atividades além da sala de aula tradicional, o que tem integrado os conhecimentos.

“Eles continuam com 1.800 horas de disciplinas básicas, como Português, Matemática, Física e Química, mas, agora, tem também as 3.240 horas voltadas para a formação para o mundo do trabalho, com os projetos e disciplinas especiais, colocando conteúdos em outro formato, mas que não deixam de dialogar com a base”, comenta.

De modo geral, as estudantes afirmam que estão empolgadas com o próximo ano e acreditam que estarão preparadas até 2024, ano em que farão vestibular. Júlia conta que deseja cursar Direito. Letícia sonha em fazer Arquitetura e Astronomia. 

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image Novo Ensino Médio completa um ano, transformando o dia a dia de estudantes no Pará. (Thiago Gomes / O Liberal)


Ensino à distância integra a realidade na educação privada

No colégio Marista, instituição da rede privada em Belém, a implantação do Novo Ensino Médio também representou uma série de desafios, fazendo com que os gestores precisassem desenvolver estratégias especiais de adaptação. Uma delas foi a oferta das disciplinas eletivas de modo on-line, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). 

“A gente tem uma estrutura de rede que nos permitiu ter acesso a muitos materiais e estudos que facilitassem a compreensão legal e didática do novo ensino médio. Desenvolvemos um projeto que permitiu o aumento da carga horária sem que pesasse para o jovem. A PUCRS já era parceira nossa nas formações dos professores. Mas acreditamos que foi desafiador, principalmente para o jovem, que teve que exercitar esse autogerenciamento que o online exige. Mas acreditamos que as disciplinas que ofertamos foram um incentivo. É como se eles tivessem um gostinho do que é estar na faculdade”, comentou a vice-diretora educacional do Colégio Marista Nossa Senhora de Nazaré, Aynara Gaia.

image Estudantes têm oportunidade de cursar disciplinas eletivas na PUCRS dentro do Novo Ensino Médio. (Thiago Gomes / O Liberal)

Para Ana Clara Cafezaque, de 16 anos, a experiência deste primeiro ano no novo modelo de aprendizagem já deu indicações do caminho acadêmico e profissional que ela planeja seguir: “Eu me descobri na área de Matemática. É algo inovador e que eu quero levar para minha vida. Eu pretendo fazer Ciência da Computação ou alguma área afim. Mas também estou gostando de aprender disciplinas específicas, como de Marketing na PUCRS, que tem sido inovador”.

O estudante Matheus Brito, de 18 anos, destaca o senso de responsabilidade e comprometimento que aprendeu a desenvolver no novo modelo: “Porque era algo que a gente precisava fazer por nós mesmos, se gerenciar e ter uma responsabilidade maior. No segundo ano, a carga horária vai aumentar e a gente precisa ainda mais disso. A gente está se preparando. Creio que até 2024 a gente vai estar preparado para o vestibular. Eu penso em seguir área da Saúde ou fazer Astronomia”.

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