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Moradores dizem que não aguentam mais conviver com Aterro Sanitário de Marituba

“É sério que o aterro vai ser prorrogado por mais 15 meses? A população de Marituba não suporta mais. O aterro é um vizinho indesejado”, diz Herbert Nascimento, integrante do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba

Dilson Pimentel
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Os moradores do município dizem que não aguentam mais conviver com os problemas causados pelo Aterro Sanitário de Marituba. E, caso o empreendimento funcione por mais 15 meses, como pretende a Prefeitura de Belém, eles podem fazer protestos no município. A indignação dos moradores foi externada, nesta quarta-feira (29), por Herbert Nascimento, integrante do Fórum Permanente Fora Lixão de Marituba.

Ele deu entrevista à Redação Integrada logo após saber que a Prefeitura de Belém havia apresentado, na manhã desta quarta-feira (29), ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará, um pedido para que seja prorrogado o funcionamento do Aterro Sanitário de Marituba por mais 15 meses - ou seja, até 28 de fevereiro de 2025.

Nesta quinta-feira (30), será o último dia para o prazo de recebimento de resíduos no Aterro Sanitário de Marituba. Por decisão judicial, o espaço não poderá mais receber resíduos de Belém, Ananindeua e Marituba a partir do dia 1° de dezembro.

“É sério que o aterro vai ser prorrogado por mais 15 meses? Estamos sendo pegos de surpresa. É uma decisão lamentável da prefeitura. A população de Marituba não suporta mais. O aterro é um vizinho indesejado”, disse. “Isso mostra que a vida das pessoas não vale nada. Os danos (causados pelo aterro) são irreparáveis para Marituba e para a vida dos moradores também”, afirmou. “Se o empreendimento continuar funcionando será um colapso ambiental, que vai prejudicar não só a vida dos moradores, mas toda a fauna que existe em todo do aterro sanitário”, completou.

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image A dona de casa Patrícia do Socorro Barroso Miranda, 51 anos, mora perto do Aterro Sanitário de Marituba (Igor Mota/O Liberal)

Herbert disse que a população estava esperançosa com o fim do funcionamento do aterro, o que, até então, estava previsto para ocorrer nesta quinta-feira (30). “A população vai receber essa notícia com indignação e repúdio. Não tem outro sentimento, porque nada disso vai justificar mais 15 meses. As pessoas estão saturadas", contou.

"São nove anos nesse enfrentamento aos problemas do aterro e essa decisão, se vier, vai inflamar ainda mais e acarretar problemas entre a população e o poder público. Acredito que o confronto entre a população e essas decisões arbitrárias vai acontecer”, afirmou.

Ao ser perguntado se isso pode resultar em novos protestos, ele disse: “Com certeza. A única forma mais justa da população de conseguir seus direitos é através do protesto mesmo. Há muito tempo a população vem mostrando a sua insatisfação. Essa vontade de ir para as ruas e fazer uma tomada de decisão por conta própria e não ficar muito esperando pelo poder público”.

Herbert disse que o empreendimento funciona desde junho de 2015 e falou dos impactos causados, desde então, aos moradores do Uriboca, Campina Verde, Albatroz, Santa Lúcia, Santa Clara, áreas que ficam no entorno do aterro. "As pessoas sempre fazem as mesmas reclamações: o odor, pois as pessoas não conseguem comer, fazer uma refeição digna, problemas respiratórios nas crianças", afirmou.

image Vigilante Isaac Sam, 42 anos, precisa usar desinfetante em sua casa para amenizar o odor oriundo do lixão (Igor Mota/O Liberal)

“A gente não pode respirar o ar direito”, diz morador 

Morando na rua do Uriboca Velha, e perto do aterro, a dona de casa Patrícia do Socorro Barroso Miranda, 51 anos, disse que o aterro causou muitos problemas de saúde. “Problemas de pele, coceira”, disse. “Sem contar que o odor é demais. Ninguém pode abrir a porta e janela pela manhã. Na verdade, é o dia todo. E piora quando chove”, afirmou ela, que mora no local há 30 anos. “Queremos que acabe. Feche de uma vez. Vai fechar, vai fechar e nunca fecha. Não aguentamos mais esse odor”, afirmou.

A autônoma Ana Maria Nogueira de Carvalho, 40 anos, mora há dois anos na rua 4 de Janeiro, no bairro Campina Verde. Ela disse que o odor prejudica as refeições e também causa problemas nas crianças. “É um fedor podre. Tenho um dia de dois anos que prejudica muito ela. Há muito tempo era pra ter saído esse lixão daqui”, disse.

O vigilante Isaac Sam, 42 anos, contou que precisa usar desinfetante em sua casa para amenizar o odor oriundo do lixão. Morando no bairro Campina Verde há 15 anos, cita os muitos problemas respiratórios causados aos moradores. “A gente não pode respirar o ar direito. A gente almoça com aquele odor”, contou. Ele citou, ainda, a desvalorização dos imóveis e a discriminação com as pessoas que são impactadas pelas atividades do aterro. “As pessoas que têm a discriminação lá fora, porque a gente mora próximo do lixão”, afirmou.

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