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Mesmo com queda para 800 mil passageiros, motoristas e cobradores sentem receio da covid-19

No pós-lockdown Semob analisa dinâmica para saber como se comporta a demanda

Cleide Magalhães e Thiago Gomes
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Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a covid-19, ainda não foi notificada nenhuma morte de motoristas e cobradores dos transportes públicos que circulam em Belém associada à covid-19. É o que afirma o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel). Embora não haja óbito oficial e existam várias regras de segurança, higiene e distanciamento social implementadas nos transportes, esses trabalhadores exercem as atividades com receio de serem contaminados, uma vez eles estão em contato próximo a centenas de passageiros, os quais também sentem medo do vírus.

Antes da pandemia o sistema de transportes em Belém era utilizado por um milhão de passageiros por dia. Antes do lockdown esta demanda chegou a cair 72% - 720 mil passageiros. Durante o lockdown atingiu a maior queda para 80% - 800 mil passageiros. Agora, ainda segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), será preciso analisar a dinâmica pós-lockdown para saber como essa demanda se comportará.

image Em Belém, o uso de máscaras passou a ser obrigatório, também, dentro dos coletivos (Thiago Gomes / O Liberal)

Mesmo com a diminuição no número de passageiros, Johnny Sarmento, 25 anos, cobrador há sete anos, tem receio de ser infectado e conta que a rotina de trabalho envolve vários cuidados, como uso de máscara, álcool em gel e outras coisas. "Tenho medo de levar essa doença para casa e tenho uma criança recente lá. Por enquanto, não tive problema com as pessoas e elas estão usando máscara. Ainda é calmo o fluxo de pessoas nos ônibus. Em casa faço toda a higienização de trocar roupas, tomar banho e lavar as mãos", conta o trabalhador.

A motorista de ônibus, há dez anos, Maria de Nazaré Palheta, 46 anos, afirma que trabalhar em tempos de covid-19 é complicado, pois alega que muitos passageiros não respeitam as regras. "Umas querem subir nos ônibus sem máscara, se a gente falar querem se alterar, falam em cima da gente, não querem sentar longe das outros passageiros, mesmo tendo espaço vazio. Ainda não tive nenhum sintoma e mantenho todos os cuidados: máscara, lavagem das mãos, uso de álcool em gel. O isolamento ainda não tá entrando na cabeça dos idosos e de muitas pessoas, que estão ainda bastante pelas ruas... ", reclama a motorista.

Nesse tempo da pandemia, a vendera autônoma Andreza Costa, 31 anos, diz que evita sair de casa. Mas, algumas situações, sente necessidade e precisa apanhar ônibus para fazer cobrança."Ando com medo sim, mas tenho que sobreviver. A gente não sabe quem tem e quem não tem a doença e levar pra dentro de casa para meu filho e meu marido, que tem problema crônico. O que posso fazer eu faço. Tenho precaução ao sentar no banco do ônibus e ficar longe das pessoas, na medida do possível. Já chamei atenção de um passageiro que baixou a máscara dele e espirrou em cima de mim".

 

Semob reduz frota para se adaptar à queda no número de passageiros

Desde o início da pandemia, ainda segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob), a frota vem sendo reduzida para se adaptar à queda significativa no número de passageiros. Antes do lockdown a frota chegou a reduzir em 50%. No lockdown baixou 40%.

"Com o fim do lockdown, a determinação da Semob foi para que as empresas voltassem a ter como base os 50% da frota para observar como se comporta a demanda, se para mais ou para menos, e fazer as adaptações necessárias", afirma a Semob.

A Semob cita que, na segunda-feira (25), por exemplo, primeiro dia pós-lockdown, essa frota de 50% ganhou incremento de 5% em determinados horários, para atender a demanda. "Então será preciso observar como a demanda se comportará ao longo dos próximos dias, mas a base se manterá em 50% com adequações".

 

30 multas foram aplicadas. A maioria delas por excesso de passageiros

Ainda segundo a Semob, a Superintendência mantém fiscalizações diárias nos mais de 100 finais de linha operados por 20 empresas em Belém. E em todas elas está mantida a determinação de higienizar os veículos ao início de cada viagem.

"É preciso manter a higienização no início de cada viagem nos finais de linha. Além disso, é obrigatório o uso de máscara no interior do coletivo, sempre que possível andar com todas as janelas abertas para garantir a circulação de ar e trafegar com a lotação na capacidade máxima determinada pelo órgão. A fiscalização é diária e constante", frisa a Semob".

A empresa que não cumpre uma das determinações recebe multa administrativa. Até a tarde desta terça-feira (26), foram aplicadas 30 multas, a maioria delas por excesso de passageiros.

 

Outras obrigatoriedades

A Semob esclarece que, além da determinação da higienização dos veículos no início de cada viagem, é obrigatório o uso obrigatório de máscaras no interior do coletivo e circulação com janelas abertas. "A Semob está garantindo uma viagem mais segura não só para os usuários do sistema, mas também para motoristas e cobradores. Além disso, exigiu que as empresas instalassem pias com água e sabão nos finais de linha, em especial para higiene desses colaboradores".

Desde o início da pandemia, a Superintendência destaca que também vem sendo feito uma ação educativa para conscientizar os usuários quanto à necessidade de se respeitar o distanciamento de segurança nos pontos de parada. Além disso, para que não se arrisquem ao subir em um veículo que já está com todos os assentos ocupados, para evitar aglomeração dentro do coletivo.

"É importante que o próprio usuário tenha consciência sobre as medida de segurança que deva adotar. Inclusive os motoristas estão autorizados pelo órgão a 'queimar' parada quando uma parada tiver demanda de usuário que irá ultrapassar o limite de segurança determinado para a lotação do coletivo", afirma o órgão municipal.

 

Setransbel

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) informa que "não foi notificado por nenhuma associada sobre a morte de colaboradores pela covid-19". Afirma também que, para reduzir o risco de contaminação no transporte público, "todos os motoristas e cobradores usam máscara e só é permitida a entrada de passageiros que, também, usem máscara".

Além disso, há a higienização nos coletivos ao final de cada viagem, nos 106 finais de linha," medida que se mostrou eficiente e continuará até o término da pandemia. A frota na Região Metropolitana é proporcional à demanda, e segue sendo monitorada e programada diariamente", enfatiza o sindicato.

A reportagem tentou diversas de contato com o Sindicato dos Rodoviários de Belém, mas não conseguiu.

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