Estudos buscam prevenir queda de árvores em Belém, que preocupa moradores nos bairros
Nesta segunda (6), completa um mês da queda da samaumeira da Praça Santuário
Com a previsão de tempo bastante chuvoso em Belém durante este mês de março, aumenta a preocupação dos moradores com relação à queda de árvores. Sobretudo, a partir da queda parcial da samaumeira na Praça Santuário de Nazaré, no centro da cidade, que completa um mês nesta segunda-feira (6). Com 120 mil árvores em Belém, pesquisadores apontam falta de manutenção e riscos de acidentes. Técnicos da Prefeitura de Belém buscam prevenir acidentes com os vegetais, inclusive, usando tecnologia de ponta e aproveitando a parceria com instituições, como é o caso da Universidade Federal Rural do Pará (Ufra).
Em fevereiro, além da samaumeira da Praça Santuário, outras árvores tombaram e assustaram os belenenses. O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) instaurou Procedimento Administrativo para acompanhamento da implantação do Plano de Arborização do Município de Belém, quer que a Prefeitura explique como é feita a análise preventiva das árvores e informe acerca da efetivação do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém.
Samaumeira de Nazaré é monitorada
Levantamento da Semma indica que, em 2023, até agora, três árvores sofreram queda no espaço urbano de Belém. A Secretaria considera que a samaumeira não caiu, pois o tronco continua de pé. Segundo o órgão, “em 2021, foram 24 árvores que sofreram queda em Belém e nos distritos de Icoaraci e Outeiro; em 2022, esse número caiu para 11 vegetais, e este ano até este momento apenas 3”. A Semma mobilizou especialistas para analisar o estado dessa samaumeira e que o prazo de 30 dias para esse trabalho terminará no dia 13 próximo.
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Técnicos da Semma vêm utilizando o equipamento penetrógrafo no monitoramento das árvores em espaço público em Belém. Esse é um equipamento de tecnologia não destrutiva que possibilita a avaliação do interior da árvore, sem causar dano ao vegetal. “Ele nos mostra como está no interior do tronco, porque muitas vezes a avaliação das árvores é feita de forma visual pela parte aérea, e o penetrógrafo indica se o tronco está denso, se tem resistência, se o tecido está, digamos, mais mole, e assim a gente consegue ter uma avaliação mais precisa sobre a saúde do vegetal”, destaca Kayan Rossy, diretor do Departamento de Áreas Verdes da Semma. Em parceria com uma empresa, o equipamento e utiilzado desde abril de 2022.
Na avaliação de Kayan Rossy, a principal causa de queda de árvore são espécies inadequadas em locais inadequados. “Nós estamos sofrendo pela arborização equivocada feita por Antônio Lemos (ex-intendente de Belém) no final dos anos 1800 e início dos anos 1900”. Como na época não havia tecnologia para fazer estudos, fez-se um estudo de copa e, por exemplo, como a mangueira tem boa sombra adotou-se essa árvore, Mas, hoje se sabe que a mangueira, samaumeira não são adequadas para perímetro urbano. Porém, como são patrimônio, não podem ser retiradas do lugar, mas, sim, reduzir seus danos, como assinala Kayan. Jogar lixo e urinar nas árvores, cortar raízes e até cobri-las com cimento e a pode clandestina são ações que condenam os vegetais à morte. Agressões assim podem ser denunciadas à Semma: https://semma.belem.pa.gov.br/.
Projeto estuda árvores em 5 bairros de Belém
Na parceria Semma-Ufra, é feito um levantamento de árvores por bairros em Belém, para dar maior embasamento aos dados disponíveis pela gestão municipal. A estimativa oficial da PMB é de que sejam 120 mil árvores em espaços públicos Belém, incluindo 12 mil mangueiras e 15 samaumeiras (além de 2 em áreas particulares perto de vias públicas). Esse projeto é coordenado pelos professores Cândido Oliveira Neto, Joze Melisa Freitas e Antônio Moreira, e tem 8 alunos envolvidos, e intitula-se “Caracterização da Arborização Urbana do Município de Belém - Semente do Amanhã, Belém mais verde”, prestes a completar dois anos em junho. Foi concluido nos bairros do Marco e Fátima; começou em Nazaré e, depois, vai para a Terra Firme e Jurunas.
No Marco, foram avaliadas 3.883 árvores, e ,no bairro de Fátima,188 árvores. Dezoito árvores tiveram sugestão de substituição em ambos os bairros, por risco de queda e danos sofridos. “Nós começamos o terceiro bairro, Nazaré, no dia 14 de janeiro, e diferentemente do Marco e Fátima com árvores novas, Nazaré reúne mangueiras bem antigas”, pontua Cândido Neto.
“Observamos que 60% das árvores no Marco e Fátima precisam de poda, e no de Fátima 30% delas precisam ser substituídas, por injúrias, pragas e doenças, como, por exemplo, a colocação de lixo na base delas”, atesta a professora Joze Freitas. Um mapa interativo sobre as condições dos vegetais é confeccionado para que a população possa consultá-lo.
Chuvas e ventos fortes são riscos para árvores e pessoas
A necessidade desse monitoramento mais abrangente é atestada por outra pesquisa na Ufra, intitulada “Dinâmica de Florestas Urbanas e seu efeito no planejamento de ecossistemas antropizados de Belém”, iniciada em 2018 e com previsão de terminar este ano. O foco é saber como as áreas desse tipo de floresta estão sendo alteradas - quantas espécies, ritmo de crescimento das árvores, a influência econômica que exercem sobre imóveis e ainda aspectos de saúde da floresta (mortalidade). Para isso, funciona um centro experimental de um hectare na Ufra, e o projeto tem fundamentado trabalhos acadêmicos.
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com foco na mortalidade de árvores em florestas urbanas, feito por Jéssica Costa e Deisiane Cruz, engenheiras florestais e pós-graduandas em Ciências Florestais, sobre padrão de mortalidade na área experimental de mata fechada da Ufra, indicou que a tendência de morte de vegetais na direção do norte e noroeste; de 61 árvores pesquisadas, 37 foram identificadas como mortas, caídas no local, por força do vento e chuvas. “Imagina em um espaço urbano aberto, imagina os danos que iria causar”, destaca Jéssica Costa.
O projeto é coordenado pelos professores Fabiano Emmert e Rodrigo Nascimento, de Engenharia Florestal. “Existem árvores mortas nas florestas urbanas, naturalmente; o que a gente está estudando é como elas estão morrendo e que esses são sinais que podem revelar a questão de mudança do clima e outros aspectos”, ressalta Fabiano Emmert, durante os trabalhos sediados no Laboratório de Mensuração e Manejo dos Recursos Florestais (Labfor), na Ufra.
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